Giovanna Silva, de 24 anos, foi assaltada em Praia Grande, no litoral de São Paulo, enquanto aguardava um ônibus para Santos, onde prestaria concurso público. Ela passou o dia na delegacia, perdeu a prova e foi eliminada.
Por Brenda Bento, g1 Santos
Uma pedagoga de 24 anos perdeu a prova de um concurso público para o cargo de professor alfabetizador após ter o celular roubado por um criminoso que foi agredido por populares, no bairro Vila Sônia, em Praia Grande, no litoral de São Paulo. Imagens obtidas pelo g1 nesta segunda-feira (6) mostram o momento em que o homem apanha de populares que o detiveram (veja o vídeo acima).
Ao g1, a jovem recém-formada Giovanna Silva disse morar no bairro Caiçara e ter ido até o bairro Tude Bastos encontrar com uma amiga. Elas estavam na rodoviária e aguardavam pelo ônibus para a cidade de Santos, onde ocorreu a prova, no último domingo (5), às 9h. A amiga seguiu viagem, mas a vítima precisou prestar depoimento na delegacia e foi eliminada do concurso por não ter comparecido.
"Estava com o aplicativo do ônibus aberto [no celular] em cima da minha perna aguardando o transporte, que chegaria 7h30. Foi quando esse rapaz chegou e perguntou como fazia para chegar no Canal 2, também em Santos. Respondi e ele falou que estava de carro", afirmou.
Segundo Giovanna, um ônibus encostou perto da guia onde estava e bloqueou a visão de quem estava do outro lado. Naquele momento, o homem levantou a blusa, mostrou uma arma e pediu o celular dela. "Eu entreguei e ele saiu correndo. Passou pela frente do ônibus, entrou no carro de aplicativo e jogou meu celular para baixo do banco".
Giovanna foi assaltada em Praia Grande (SP) e perdeu a prova de um concurso público em Santos (SP) — Foto: Arquivo pessoal/Reprodução
Ela contou que o motorista de aplicativo desceu do veículo, pediu para que ele descesse também e aí começaram a agredi-lo. "Ele tinha pedido para [outra mulher] comprar pão de queijo e para uma senhora pedir o motorista por aplicativo para ele. Quando o carro chegou planejou toda a cena e roubou o celular".
Giovanna conseguiu recuperar o aparelho roubado, mas perdeu a prova do concurso, pois precisou ir à delegacia acompanhar o registro do flagrante. "A ficha ainda não caiu, sabe?".
Ela contou ter saído da delegacia às 10h e pedido para a amiga perguntar se ela poderia fazer a prova à tarde. Mesmo apresentando o Boletim de Ocorrência (BO) disseram que não. A resposta segundo Giovanna foi: "Ela poderia fazer o BO em até dois dias".
"Penso que não houve uma empatia e solidariedade. Simplesmente que se dane quem não conseguiu ir e que espere os próximos concursos. Mesmo se fosse o caso apenas de roubo, não teria raciocínio para realizar a prova após um assalto", disse.
A pedagoga contou que está desempregada há um mês e que a inscrição da prova custou R$ 60. "Vou atrás de trabalhar em outras áreas enquanto não volto para a pedagogia. Em determinadas situações existe pouco caso da empresa contratada pela prefeitura, então nem irei atrás para tentar realizar em outro momento para não me frustrar com a derrota".
Segundo o BO, a GCM foi acionada na Avenida dos Trabalhadores, no bairro Vila Sônia, próximo ao Terminal Tudes Bastos, onde encontraram o homem detido por populares. Ele estava com uma arma falsa e, como foi agredido, precisou passar pela Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Quietude para ser medicado e depois conduzido à delegacia.
O indiciado alegou ser usuário de drogas e que roubou para sustentar o vício. Ele foi preso e permanece à disposição da Justiça. O caso foi registrado como roubo na Central de Polícia Judiciária (CPJ) de Praia Grande.
Respostas
Em nota, a Prefeitura de Praia Grande informou que a GCM foi acionada para atendimento da ocorrência de roubo no Terminal Tude Bastos. Segundo a administração municipal, o celular foi devolvido à vítima e o criminoso encaminhado à delegacia.
Questionada, a Prefeitura de Santos, por meio da Secretaria de Gestão, informou que não há a possibilidade de realizar concurso em outra data e horário pois poderia trazer benefício ilegal diante da possibilidade de conhecer o teor da prova já aplicada.
O g1 entrou em contato com a Polícia Militar mas não obteve retorno até a última atualização desta reportagem
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