Sete internos fugiram da unidade do litoral de SP após render funcionários; um suspeito de 17 anos foi apreendido pela polícia
Um agente socioeducativo de 45 anos foi morto após ser tido como refém junto a outro funcionário durante a fuga de sete adolescentes no Centro de Internação Provisória da Fundação Casa de Guarujá, litoral de São Paulo. A rebelião dos internos aconteceu por volta das 22h deste domingo, 11. Um suspeito de 17 anos foi apreendido pela Polícia Civil na manhã desta segunda-feira, 12.
A morte do agente foi confirmada pela Corregedoria Geral da Fundação Casa, que instaurou uma sindicância para apurar o caso. Em nota, a instituição também prestou solidariedade aos familiares do servidor e ressaltou que a fuga dos jovens foi notificada ao Judiciário e às suas respectivas famílias.PUBLICIDADE
De acordo com a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP), a Polícia Civil de Guarujá apreendeu um adolescente de 17 anos suspeito de participar da morte do agente rendido. O caso foi registrado pela Delegacia de Guarujá como ato infracional de evasão mediante violência, homicídio e lesão corporal.
Após o tumulto, representantes do Sitsesp, sindicato dos funcionários da Fundação Casa, foram à unidade. Em entrevista ao Terra, a diretora de benefícios Josilda Conceição, que esteve no local e conversou com pessoas que presenciaram o ato, contou que o agente morto estava de folga, mas que trabalhou na noite para cobrir o plantão de um colega de serviço.
Testemunhas informaram a ela que o funcionário foi enforcado com um "mata-leão", o que teria causado sua morte. "Estava amarrado como se fosse um porco, com os pés e mãos presos", diz Josilda, relembrando as declarações. A causa de seu óbito segue sendo investigada.
O outro agente, de 39 anos, que também foi agredido e rendido pelos mesmos sete adolescentes, saiu da situação com vida e ficou com o rosto machucado. Ele foi encaminhado a um hospital da região após atendimento do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) na unidade.PUBLICIDADE
Recorrência
Antes das fugas, a Fundação Casa de Guarujá contava com 52 jovens detidos - tendo capacidade para 60. De acordo com o sindicato, no Centro de Internação Provisório (CIP), onde aconteceu a tragédia, estavam concentrados 10 adolescentes apreendidos por cometerem atos infracionais que, até nova decisão, poderiam permanecer no local por até 45 dias. Três deles, que não se envolveram no caso, seguem no espaço.
Para os 52 adolescentes da unidade, segundo informações do Sinase (Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo), deveria haver 10 agentes socioeducativos escalados para os turnos noturnos. Contrariando o esperado, o sindicato afirma que apenas 8 funcionários e um coordenador trabalhavam na unidade de Guarujá na noite do ocorrido.
Especificamente no CIP, onde a morte e as fugas foram registradas, deveriam ter três funcionários, mas apenas dois estavam escalados. Procurada pelo Terra, a assessoria da Fundação Casa não informou a quantidade de servidores da unidade alegando ser uma questão de segurança. A reportagem também questionou sobre a suposta folga do agente que morreu nas dependências da Fundação, mas a assessoria afirmou que deve ser aguardado o término das investigações.
Para o sindicato que responde pelos agentes da instituição, um dos fatores que justifica a crescente de tumultos é a redução de funcionários. “Antes, tínhamos 40% dos efetivos do dia trabalhando nos plantões noturnos. Desde que reduziram para 30% tem acontecido diversos tumultos em unidades da fundação”, desabafa Josilda Conceição, em nome do Sitsesp.PUBLICIDADE
Em maio deste ano, outro agente foi morto após ser espancado por internos na Fundação Casa do Complexo Raposo Tavares, na região metropolitana de São Paulo. Ele faleceu aos 63 anos e trabalhava há 22 na instituição. De acordo com a Fundação, oito jovens que participaram da ocorrência receberam as sanções determinadas pelo Estatuto do Adolescente e da Criança (ECA). Quatro deles, maiores de idade, foram encaminhados ao Centro de Detenção Provisória (CDP). Os outros quatro adolescentes respondem por mais um ato infracional.
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