Com o maior índice de reincidência desde o fim da antiga Febem, a Fundação Casa gasta atualmente mais de R$ 10 mil com cada adolescente internado no Estado de São Paulo. O valor exato é de R$ 10.357 reais por mês.
O dado foi obtido com exclusividade pelo repórter Pablo Fernandez, da BandNews FM, e mostra um aumento de 70% no custo de cada menor desde 2013.
Só para efeito de comparação, um aluno do ensino médio custa pouco mais de R$ 1.000 por mês e de um detento no sistema prisional quase R$ 1.500. Atualmente, a Fundação Casa abriga mais de 9 mil adolescentes – a maioria com idades entre 15 e 17 anos. Entre os internos, 96% são do sexo masculino e 80% deles cumprem medidas socioeducativas por tráfico ou roubo. Os latrocínios – o roubo seguido de morte – e os homicídios somam pouco menos de 4%.
A proposta é que a Fundação Casa seja uma instituição para a recuperação de menores, mas quem trabalha nas unidades não esconde o medo.
“Sempre trabalhei em casas difíceis, de reincidentes graves. Eu tenho tenho vários acidentes de trabalho. Já quebrei pé, já quebrei clavícula, já tomei pedrada, já tomei estocada de faca. Eu mesmo já fui agredido na rua”, declarou.
Entre janeiro e outubro, 241 agentes foram feridos por menores. Outro funcionário revela que o clima em algumas unidades é o mesmo de uma prisão.
“Se assemelha a um presídio em relação ao comportamento dos internos. Há influência de facções criminosas. Isso dificulta muito o atendimento. O sonho dos adolescentes é se tornarem membros da facção”, afirmou.
“Se assemelha a um presídio em relação ao comportamento dos internos. Há influência de facções criminosas. Isso dificulta muito o atendimento. O sonho dos adolescentes é se tornarem membros da facção”, afirmou.
Atualmente, um em cada cinco adolescentes é reincidente.O índice está perto de 22% dos internos. Entre eles, 45% foram apreendidos por tráfico de drogas e 40% por roubo.
Um educador que trabalha na Fundação Casa contesta os dados oficiais e aponta que o índice de reincidência é maior.
“A gente vê o número de meninos que retornam. E essa reincidência passa de 50%, com certeza”, disse.
“A gente vê o número de meninos que retornam. E essa reincidência passa de 50%, com certeza”, disse.
O secretário de Justiça e Cidadania de São Paulo e presidente da Fundação Casa, Márcio Elias Rosa, descarta qualquer alteração nos números. Sobre o custo de um menor, ele diz que o cálculo é equivocado.
“Na medida em que o Estado chama para si essa responsabilidade, ele acaba assumindo o ônus de garantir a vida, a saúde, a educação e a contenção do adolescente. Isso já custa mais dinheiro do adolescente livre. Por isso não dá para fazer a comparação entre um adolescente que frequenta um escola e outro que cumpre medida socioeducativa. Um está num regime de normalidade e o outro, de excepcionalidade”, afirmou o secretário.
Pelas regras do Estatuto da Criança e do Adolescente, o menor que deixa a entidade socioeducativa e comete um crime depois de completar 18 não é considerado reincidente
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