A Justiça de São Paulo abriu processo contra 17 pessoas acusadas fraudar licitações. Promotores afirmam que o esquema envolvia 18 cidades da Região Metropolitana de São Paulo, da Baixada Santista e do interior.
Por Jornal Nacional
Integrantes do PCC subornavam funcionários de prefeituras de SP para mudar texto de editais e vencer licitações, diz MP
O Ministério Público de São Paulo descobriu que o PCC pagava propina a funcionários de prefeituras paulistas e eles chegavam a escrever os editais para que os bandidos ganhassem licitações.
Promotores encontraram um documento no celular de um dos investigados ligados ao PCC: é a elaboração de um edital para contratar uma empresa especializada no fornecimento e gerenciamento de mão de obra para prestação de serviços em escolas e creches da prefeitura de Ferraz de Vasconcelos, na Grande São Paulo.
Mas, segundo o Ministério Público, algumas regras contrariavam os interesses dos criminosos. Eles, então, exigiram a retirada de alguns itens e ainda pediram que uma planilha favorável ao grupo fosse incluída no edital.
Em uma mensagem de texto, sobre uma licitação da prefeitura de Mogi das Cruzes, também na Grande São Paulo, o suspeito deixa explícito que o objetivo era manipular os editais:
"Se não tivermos a oportunidade de redigirmos o edital não venceremos nunca".
Os promotores afirmam que o esquema de fraude em licitações envolvia 18 cidades da Região Metropolitana de São Paulo, da Baixada Santista e do interior. Os contratos assinados nos últimos anos somam mais de R$ 200 milhões.
Na semana passada, policiais e promotores cumpriram 15 mandados de prisão; três vereadores estão presos.
O empresário Vagner Borges Dias, que está foragido, é apontado como o chefe desse esquema criminoso. Os promotores afirmam que ele gerenciava várias empresas, em nome de laranjas, que simulavam uma concorrência para ganhar contratos milionários com o poder público.
No celular de Vagner, os investigadores encontraram fotos e vídeos de armas e munições; o dinheiro ficava escondido em cofres e dentro do carro.
Ao analisar o quadro societário das empresas ligadas a Vagner, os promotores descobriram os nomes de integrantes do PCC, entre eles, Márcio Zeca da Silva.
Em 2021, ele foi flagrado com 200 porções de cocaína escondidas no fundo falso de um carro de luxo. Dois anos depois, em 2023, a Justiça condenou Márcio, um ex-vereador e outras seis pessoas por organização criminosa. O grupo era acusado de usar uma cooperativa de vans que atuava no transporte público de Suzano, na Grande São Paulo, para lavar dinheiro do PCC.
A denúncia da Operação Munditia ainda traz os nomes de funcionários públicos das prefeituras que recebiam propina para favorecer as empresas de Vagner. Todos estão sendo investigados.
Em um das mensagens de texto obtidas pelo Ministério Público, uma servidora da prefeitura de Cubatão, no litoral paulista, pede dinheiro ao empresário:
"Não esquece de mim".
Vagner responde: "Manda o PIX". Os promotores afirmam que os dois tratavam sobre o pagamento de propina.
A prefeitura de Cubatão disse que exonerou a servidora e tem colaborado com o Ministério Público.
A administração de Ferraz de Vasconcelos afirmou que está colaborando com as investigações.
A prefeitura de Mogi das Cruzes disse que adota critérios rigorosos em seus atos administrativos e está à disposição para dar esclarecimentos.
Os advogados de Vagner Borges Dias afirmaram que o cliente é inocente e que recorreram do pedido de prisão temporária.
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