Se o interesse pela escola já não era muito, pandemia prejudicou ainda mais
Atualizado em 07/10/21 - 18:30
Mas essa evasão escolar pode ser ainda maior, segundo a juiza auxiliar da Vara da Infância e Juventude de Praia Grande, Natália Cristina Torres Antônio. Como a pergunta do IPAT sobre estar ou não estudando foi feita de forma espontânea, ou seja, os jovens respondiam livremente, a juiza acredita que muitos podem não ter sido sinceros. “Alguns entendem que o fato de estarem matriculados significa que estão estudando. Eu acho pouco provável que a maioria estivesse na escola, ainda mais na pandemia”, diz a juiza, para quem a maioria não tem wi-fi em casa ou celular adequado para acompanhar as atividades remotas da escola.
Atualmente, do total de internos, 64,2% estão no ensino fundamental e 35,2% no ensino médio. Em 2017 eram 77% no ensino fundamental, 20,9% no ensino médio e 0,7% inscritos na Educação de Jovens e Adolescentes (EJA). Este ano, 96,3% afirmaram saber ler e escrever, contra 92,6% na pesquisa de 2017. (veja mais no gráfico)
Busca ativa
Secretária de Educação de Santos, Cristina Barletta foi diretora da Escola Municipal Avelino da Paz Vieira, na Vila Nova, a única da rede pública de ensino que atende alunos provenientes da Fundação Casa para as turmas do 6º ao 9º anos. “Sempre tivemos a busca ativa, em razão da preocupação com a evasão escolar. A comunicação é feita todos os dias, através do controle via supervisor de ensino e escola. Acompanhamos a percentagem, por período, aluno e modalidade de ensino”, diz Barletta.
A secretária destaca também o Sistema Integrado de Gestão Escolar (Siges) e procedimentos internos da secretaria para minimizar a evasão. “Seguimos a resolução 384 do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (CMDCA), com um sistema de acompanhamento do aluno infrequente. Quando o professor comunica a falta do aluno no período de três dias seguidos ou cinco dias alternados, a gente realiza uma busca por meio de grupos de mães no Whatsapp e conta com a ajuda de órgãos como o Creas e o Cras, da Secretaria de Assistência Social”.
No dia 1º de setembro, 512 alunos, de um total de 27.300 estudantes de 86 escolas da rede municipal, estavam registrados no sistema. A maioria, segundo a secretária, era do curso de Educação de Jovens e Adultos (EJA). Para diminuir a evasão escolar, a Prefeitura enviou à Câmara Municipal, no último dia 17 de setembro, um projeto de lei que institui a busca ativa domiciliar como política pública.
O programa foi testado pela primeira vez em Santos em 2015, tendo sequência a partir de junho de 2018, por meio do Projeto Colibri, em parceria com o CMDCA.
“Nosso grande desafio é a motivação, fazer o aluno entender a importância que a escola tem na busca da escolha profissional. Quem tem estudo, tem oportunidade. Se a gente quer mudar uma sociedade, a escola tem que contar com esses alunos, precisa tê-los para esse conhecimento impactar na mudança do projeto de vida deles. A gente tem hoje a tecnologia para usar nesse processo e gerar uma motivação a mais para o aluno ir à escola”, defende Barletta.
São Vicente
Em nota, a Secretaria de Educação (Seduc) de São Vicente informou que ao verificar a situação de evasão escolar, as escolas promovem a busca ativa, acionando os responsáveis para que a criança retome as atividades escolares, inclusive com a parceria do Conselho Tutelar.
Desde o início da suspensão das aulas presenciais, em março de 2020, a Seduc identificou uma evasão escolar de 53 alunos por abandono, além de uma baixa participação de aproximadamente 1.500 estudantes. Em 2020, o total de matrículas no Ensino Fundamental (1º a 9º ano) foi de 26.997 alunos. Em 2021, a Seduc realizou 27.014 matrículas no Ensino Fundamental. Incluindo a Educação Infantil, a Cidade possui mais de 38 mil alunos em 118 unidades municipais.
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