Gabriela Samadello Monteiro de Barros, agredida pelo procurador durante o expediente na Prefeitura de Registro (SP), em 20 de junho deste ano, comentou o fato dele ter quebrado a porta da cela e se recusar a ficar preso. Demétrius está na Penitenciária de Tremembé, no interior de SP.
Por g1 Santos
A procuradora-geral Gabriela Samadello Monteiro de Barros, de 39 anos, agredida pelo colega de trabalho dentro da Prefeitura de Registro, no interior de São Paulo, publicou um vídeo nas redes sociais dizendo que está acompanhando as atitudes de Demétrius Oliveira Macedo, de 34, na Penitenciária de Tremembé (SP), e afirmou que ele é de alta periculosidade.
Na última terça-feira (15), Demétrius usou o estrado da cama para quebrar o vidro instalado na porta da cela, que é usado para a vigilância dos detentos. Em 10 de novembro, ele já havia se recusado a ficar na cela e pedido para ir ao 'castigo' [lugar isolado].
Gabriela ressaltou que Demétrius não pode ficar solto porque é um perigo não apenas para ela, mas à sociedade (veja o vídeo acima). "Isso demonstra que é uma pessoa de alta periculosidade, que se acha acima das leis, que não deve se submeter as leis como todas as outras pessoas e que não pode ser contrariado. Não aceita ser contrariado".
Ela afirmou, ainda, que está aguardando o desfecho do processo com confiança de que ele continuará preso. "Não tem condições, ele demonstra alta periculosidade. De fato, uma pessoa que não tem a menor condição de viver em sociedade".
Procuradora agredida, em Registro, afirma que Demétrius é de alta periculosidade e espera que ele continue preso — Foto: Reprodução
Processo Administrativo Disciplinar
Em nota, a Prefeitura de Registro informou que, na sexta-feira (18), a Comissão responsável por elaborar o relatório do Processo Administrativo Disciplinar (PAD) referente à agressão, liberou o documento ao prefeito da cidade, que terá 10 dias para se posicionar se Demétrius será ou não exonerado do cargo.
Segundo a administração municipal, o documento foi elaborado em 120 dias, tempo usado para o levantamentos de instrução processual e análises técnicas.
Com a apresentação, o relatório será avaliado pelo prefeito que, a partir disso, terá 10 dias para tomar a decisão.
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Tentativa de transferência de Demétrius
A defesa de Gabriela e o Ministério Público do Estado de São Paulo (MP-SP) tentam evitar que Demétrius seja transferido para uma sala separada.
Segundo apurado pelo g1, a solicitação para que Demétrius ficasse em uma sala de estado maior ocorreu em 28 de junho, junto com o pedido de revogação da prisão preventiva.
O advogado Marcos Modesto solicitou que, caso a revogação da prisão não fosse deferida, que garantissem a prisão em sala de estado maior ou, se não estivesse à disposição, que cumprisse prisão domiciliar.
O Supremo Tribunal Federal (STF) entende como sala de estado maior qualquer sala – e não cela, ou seja, sem grades ou portas fechadas pelo lado de fora – nas dependências de qualquer unidade, que ofereça condições adequadas de higiene e segurança. Um advogado possui esse direito, em se tratando de prisão provisória, antes do trânsito em julgado da sentença.
A Comissão de Direitos e Prerrogativas da OAB-SP reivindicou a transferência de Demétrius para que ele deixe a Penitenciária em Tremembé e vá para uma sala junto à brigada da Polícia Militar – uma sala de estado maior, sem grades e portas trancadas por fora.
No pedido ao juiz, a OAB-SP disse que Demétrius está inscrito no quadro de advogados desde 28 de janeiro de 2011. A entidade informou que, embora ele tenha sido punido e impedido de exercer a profissão, a punição foi temporária e terminou em 25 de outubro.
Após a manifestação da OAB-SP, a procuradora-geral afirmou ao g1 que ficou surpresa e que considera o pedido incoerente. "Fiquei muito revoltada, muito indignada, na verdade. A sociedade não aceita mais esse tipo de privilégio para determinadas pessoas."
A procuradora alega que a regra para a transferência para uma sala de estado maior só é justificada naqueles casos em que o advogado sofre alguma acusação. "Alguma represália no exercício da profissão dele. É para resguardar o exercício profissional e não para conceder privilégio para criminoso comum, como é o caso dele", disse ela.
Agressor de procuradora foi notificado sobre abertura de processo administrativo — Foto: Reprodução
MAIS SOBRE O CASO:
Procuradora foi agredida por diversas vezes no rosto por colega de prefeitura — Foto: Arquivo pessoal
Relembre o caso
A procuradora-geral do município de Registro, no interior de São Paulo, foi agredida pelo colega dentro da prefeitura, onde os dois trabalhavam. Gabriela Samadello Monteiro de Barro ficou com o rosto ensanguentado após levar socos e pontapés.
A ação foi filmada por outra funcionária do setor. As imagens mostram o também procurador Demétrius Oliveira Macedo espancando a vítima. Ele foi preso dias depois, na manhã de 23 de junho, em São Paulo. A Justiça havia determinado a detenção dele no dia anterior.
Durante o ato criminoso, ele a xinga diversas vezes e, inclusive, empurra demais profissionais que tentam impedir os golpes (veja o vídeo abaixo).
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