Campo Grande News teve acesso a relatório da inteligência da Polícia Civil e à carta da facção
Alvo de operação nesta sexta-feira em Mato Grosso do Sul a três dias do 27º aniversário de fundação, a facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital) ameaça “maior derramamento de sangue do País” por supostas arbitrariedades cometidas contra membros da facção em presídios brasileiros, especialmente do sistema carcerário federal.
Em carta escrita de próprio punho por liderança não identificada, o PCC afirma que membros da organização foram levados para ala de presos de facções inimigas propositadamente, “colocando a vida dos nossos irmãos em risco”.
O Campo Grande News apurou com fontes que a carta se refere a outro Estado brasileiro, mas a ameaça deixou a polícia sul-mato-grossense em alerta.
A reportagem teve acesso a relatório do DIP (Departamento de Inteligência Policial) sobre o caso. Assinado por delegado do departamento, o documento foi protocolado no dia 21 deste mês no gabinete da DGPC (Diretoria-Geral de Polícia Civil).
Na segunda-feira (24), o relatório foi encaminhado por outro delegado, da DGPC, a todos os departamentos da Polícia Civil de Mato Grosso do Sul.
“Informações do Subsistema Nacional de Inteligência destacam a existência de ‘salve’ circulando desde o dia 13 de agosto entre membros do Primeiro Comando da Capital através do aplicativo de mensagens WhatsApp, no qual informam possível atentado contra a vida de operadores de segurança pública”, afirma o relatório.
O documento assinado pelo delegado do DIP continua: “a motivação do ‘salve’ estaria relacionada ao fato de que detentos integrantes do PCC estariam sendo alocados em celas de facções criminosas distintas, colocando suas vidas em risco”.
A inteligência da Polícia Civil afirma que o “salve” teria como referência as recentes ações criminosas contra agentes penitenciários no Paraná, Rondônia e Ceará.
No submundo do crime, o “salve geral” é a ordem dada pela direção que deve ser cumprida por todos os membros da facção. Em maio de 2006, “salve geral” do PCC levou a pelo menos 200 ataques e 90 mortes no País.
O serviço de inteligência da Polícia Civil cita que o novo “salve” seria por suposto desrespeito aos direitos dos presos dentro dos presídios e reforça a ameaça da facção de “maior derramamento de sangue já visto em nosso País”.
No relatório, o DIP reproduz na íntegra a carta atribuída ao PCC e informa que o caso já tinha sido encaminhado à Delegacia Especializada de Combate ao Crime Organizado em Mato Grosso do Sul.
Veja a íntegra da carta atribuída ao PCC:
Em Mato Grosso do Sul, as unidades com maior número de membros do PCC são o Presídio de Segurança Máxima Jair Ferreira de Carvalho em Campo Grande e a PED (Penitenciária Estadual de Dourados). Na Capital são pelo menos 2.500 da facção e outros 900 no raio II da penitenciária de Dourados.
Através da assessoria de imprensa, a Agepen (Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário) informou que não comenta informações do serviço de inteligência.
Por meio da assessoria, o Depen (Departamento Penitenciário Nacional) informou que os presos custodiados no Sistema Penitenciário Federal têm assistência material que, dentre outros, prevê fornecimento de alimentação, vestuário e instalações higiênicas e ficam em celas individuais.
“No mesmo contexto, as regras mínimas para tratamento de presos preconizam que todo preso deve receber da administração em horas determinadas, uma alimentação de boa qualidade, bem preparada, com valor nutritivo adequado à saúde e à robustez física”, afirma a nota. (Matéria atualizada às 13h para acréscimo da manifestação do Depen)
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