Nº 2 do PCC pede para sair de presídio federal por "violação da dignidade"
Luís Adorno
Do UOL, em São Paulo
21/05/2019 15h35Atualizada em 21/05/2019 16h13
RESUMO DA NOTÍCIA
- Em presídios federais desde 2016, prazo de Vida Loka no sistema expiraria em 12/6
- Defesa pediu retorno a SP com reclamação de excesso de isolamento do preso
- Justiça e ministério apontam periculosidade e Vida Loka deve ficar sob tutela federal
- Ele nega ser do PCC, mas é considerado nº 2 e "general" da facção criminosa
Abel Pacheco de Andrade, o Vida Loka, apontado como o nº 2 da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital), está há quase 3 anos no sistema penitenciário federal. No próximo dia 12, de acordo com processo consultado pelo UOL, ele deveria ser transferido ao estado de São Paulo, onde já esteve detido. Porém a Justiça paulista já se manifestou contrária à decisão e não quer o criminoso em seu território.
A defesa de Vida Loka sustentou judicialmente sobre a necessidade de tirá-lo do sistema federal, alegando que o constante isolamento a que o preso é submetido "viola a dignidade humana". A advogada dele nega ainda que ele seja líder do PCC.
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"A permanência em regime extremo de prisão federal perpetuamente é medida ilegal e atentatória à dignidade da pessoa humana, uma vez que se assemelha a um RDD (Regime Disciplinar Diferenciado) permanente", escreveu a defesa.
Com base em investigações do MP (Ministério Público) contra Vida Loka, a Justiça de São Paulo requereu ao Depen (Departamento Penitenciário Federal) a permanência do criminoso sob poder da União. O pedido foi recebido na tarde de ontem (20) e deve ser aceito, uma vez que o Ministério da Justiça já se posicionou favoravelmente à permanência dele sob tutela federal.
Número dois do partido do crime
Vida Loka tem outros codinomes no mundo do crime: Tico, Zagueiro, Capitú, Abelardo, Bebel, Japa e Japonês. Mas a Justiça já o chamou de "general" do PCC.
Ele é apontado por investigações como um dos integrantes mais perigosos do grupo. No início das investigações sobre a facção, ele era tido como o número 2 do grupo, abaixo apenas do líder Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, se mantendo assim até os dias atuais.
Com ficha criminal desde 7 de novembro de 1996, Vida Loka tem em seu histórico crimes como homicídios, roubos, tráfico de drogas entre outros.
"Figurava como liderança negativa dentro do sistema prisional de origem, causando instabilidade na segurança", aponta documento do Ministério da Justiça, datado no último dia 17 de maio, obtido pelo UOL.
Em 22 de março de 2019, o número um da organização criminosa, Marcola, se juntou ao número dois, Vida Loka. Ambos permanecem na penitenciária federal de Brasília, que abriga a maior parte da cúpula do PCC: ao todo, 10 homens. Essa prisão foi inaugurada em 2018.
Assassinatos, roubos e tráfico
A Justiça paulista sustentou na negativa à defesa de Vida Loka que "soma-se à grave ocorrência, o histórico carcerário do agravante, indivíduo condenado a mais de 20 anos de prisão". Destacam-se ainda três faltas disciplinares de natureza grave e inserção em RDD por quatro vezes, totalizando 1.260 dias de isolamento.
Segundo avaliação do sistema penitenciário federal, a conduta de Vida Loka dentro do presídio é considerada "boa". Mas o Ministério da Justiça aponta que isso "indica tão somente que está obedecendo aos procedimentos do sistema penitenciário, obrigação de comportamento próprio dos habitantes daquele cárcere".
Vida Loka nega ser do PCC
Em depoimentos à polícia e à Promotoria, obtidos pelo UOL, Vida Loka afirma que nunca pertenceu ao PCC, que é um "preso comum", que desconhece os motivos que o relacionam à facção e que nunca exerceu nenhum poder dentro do crime organizado. Em pedidos de habeas corpus, sempre negados pela Justiça paulista, a defesa argumenta que "em momento algum ficou comprovado que o requerente faz parte de organização criminosa PCC
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