sábado, 14 de março de 2020

Polícia investiga ação do PCC nas mortes de dois agentes penitenciários em SP


Suspeita é de que os assassinatos de dois agentes em quatro dias, na Grande SP, sejam uma retaliação às denúncias de maus tratos contra a cúpula da facção em Brasília; em SP e Brasília, presos fazem greve

Polícia na rua onde agente Alexandre foi assassinado, em Taboão da Serra (Grande SP)| Foto: Arquivo pessoal
Dois agentes penitenciários foram assassinados em quatro dias na Grande São Paulo. A Polícia Civil investiga se as mortes são uma retaliação do PCC (Primeiro Comando da Capital) por conta das denúncias de maus-tratos aos líderes da facção presos na Penitenciária Federal de Brasília.
Na noite desta quinta-feira (12/3), o agente penitenciário Alexandre Roberto de Souza foi executado com 15 tiros no Jardim das Oliveiras, em Taboão da Serra (Grande SP). A vítima trabalhava no Centro de Detenção Provisória de Itapecerica da Serra, também na região metropolitana. Segundo a Polícia Militar, os assassinos fugiram em um veículo Fiat Toro vermelho.
Documento de Alexandre Roberto de Souza, assassinado em 12/3 | Foto: Arquivo pessoal
Na tarde de segunda (9/3), Samuel Correia Lima, funcionário do CDP de Mauá, também na Grande SP, foi assassinado com sete tiros em um depósito de material de construção no vizinho município de Santo André. Amigos de Lima afirmaram à Ponte que o servidor trabalhava na enfermaria da unidade prisional e que sempre tratou bem tantos os presos quanto os colegas de trabalho.
Os assassinatos dos agentes  deixaram a categoria em alerta. O presidente do Sindicato dos Funcionários do Sistema Prisional do Estado de São Paulo, Fábio Jabá, enviou uma mensagem de áudio na noite de quinta-feira (12/3) pedindo cautela aos trabalhadores. “Vamos nos defender e se possível também atacar”, afirma.
“Não devemos esperar 2006 para saber o que está ocorrendo”, afirma Fábio Jabá na mensagem. Ele orienta a categoria a ter o máximo cuidado dentro e fora dos presídios para que não se repitam as cenas registradas em  maio de 2006, quando o PCC comandou rebelião simultânea em 74 prisões e atacou as forças de segurança, matando 59 pessoas, entre agentes e policiais. “Vamos nos defender e se possível também atacar”, afirma.
Polícia na rua onde agente Alexandre foi assassinado, em Taboão da Serra (Grande SP)| Foto: Arquivo pessoal
A megarrebelião de 2006 foi em protesto contra o isolamento de 765 presos da facção na Penitenciária 2 de Presidente Venceslau, na véspera do Dia das Mães, data sagrada para a população carcerária. Em resposta aos ataques do PCC, policiais mataram 505 pessoas em São Paulo.

“Greve branca”

Parentes de presos disseram que os detentos da Penitenciária Federal de Brasília iniciaram greve de fome como forma de protesto. Eles se queixam da qualidade da alimentação, da falta de atendimento médico e de revistas vexatórias impostas às visitantes, que seriam obrigadas a ficaram nuas na frente de funcionários.
No Estado de São Paulo, centenas de detentos manifestaram solidariedade aos presos do PCC de Brasília e se recusaram em sair das celas para audiências em fóruns. A manifestação é chamada de “greve branca”.

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