domingo, 30 de setembro de 2018

Registro de armas cresceu mais de dez vezes desde Estatuto do Desarmamento

Registro de armas cresceu mais de dez vezes desde Estatuto do Desarmamento

Carlos Madeiro
Colaboração para o UOL, em Maceió 

Istock
O número de registros de armas de fogo de pessoas físicas disparou nos últimos anos no Brasil. Desde 2004, primeiro ano do Estatuto do Desarmamento, os números já vinham mostrando um aumento praticamente ano após ano. Os dados são da PF (Polícia Federal) e foram repassados ao UOL após pedido feito via Lei de Acesso à Informação.
O total de armas registradas saltou de 3.055, em 2004, para 33.031 no ano passado --981% a mais. Os números mostram ainda que o número de registros de armas cresceu constantemente até 2015, quando atingiu o pico desde o estatuto: 36.807 --1.104% a mais em relação ao primeiro ano de desarmamento. Nos últimos três anos, foram registradas mais de 90 novas armas por dia em média.
Até a promulgação do estatuto, no dia 22 de dezembro de 2003, pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o registro de armas era feito pelos estados. A partir de 2004, o sistema de registro passou a ser controlado exclusivamente pela PF, a quem cabe autorizar a posse e porte de armas no país para autodefesa. Por isso, os dados nacionais antes desse ano são considerados pouco confiáveis.
No país há também um outro tipo de registro de armas específico para caçadores, atiradores e colecionadores --e que também quadruplicou em apenas dois anos, como revelou o UOL no ano passado

Armado para proteção

Foi após passar por um assalto a mão armada junto com a namorada que o administrador de empresas Raphael Ferreira Carnaúba, 33, adquiriu uma pistola 380 em novembro de 2014. O administrador mora em Maceió e, nesse ano, Alagoas era o estado mais violento do Brasil, com taxa de mortalidade de 62,8 homicídios a cada 100 mil habitantes (a média no Brasil foi de 29,8 em 2014).
Arquivo pessoal
Raphael Ferreira Carnaúba, 33, comprou arma para defesa pessoal e da família
"Adquiri para defesa pessoal, da minha casa e de minha família", conta, lembrando que para ter a arma em casa fez testes e um curso prático de manuseio --ambos exigidos pela PF. "Acabei percebendo a necessidade de um maior aprimoramento quanto ao uso do armamento e hoje sou filiado ao Clube Alagoano de Tiro Olímpico para um maior aprendizado de como manusear a arma na hora da necessidade --que se Deus permitir não acontecerá", relata.
Carnaúba diz que está fazendo testes para ter também o porte da arma (que é o direito de andar na rua com ela). "O cidadão, desde que bem treinado e com bons antecedentes, deve ter o direito de adquirir armas de fogo para sua legítima defesa."

A favor do desarmamento

O armamento civil sempre foi controverso e alvo de argumentos favoráveis e contrários de estudiosos do tema. Entre os candidatos à Presidência, o tema também está longe de uma unanimidade: há quem defenda o desarmamento completo, há quem defenda maior facilidade na posse e porte de armas aos cidadãos.
O sociólogo e professor da Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais, Julio Jacobo Waiselfisz, avalia que flexibilizar o estatuto seria um erro, já que o cumprimento efetivo dele nunca foi implementado.
"O estatuto previu uma série de medidas de controle das armas e da munição --que deveria ter códigos--, mas nada disso praticamente se cumpriu. Não há um controle de contrabandos de armas de fogo. Diante dessa falência do sistema de segurança é natural as pessoas quererem ter armas para se defender, isso acontece em toda parte do mundo em que o Estado não é eficaz", afirma.
Por mais de 30 anos, ele pesquisou dados e foi responsável pela produção anual do Mapa da Violência. Ele assegura que a ideia de liberar mais a venda de armas apenas aumentaria a violência. "Com mais armas há mais violência homicida, há um maior número de acidentes. Aqui não se precisa promulgar novas leis; nós temos leis boas para tudo, que são até referência internacional, mas a aplicação é falha. E a lei pela lei é morta", pontua.
Para o pesquisador e coordenador do Obvio (Observatório de Violência Letal Intencional), Ivenio Hermes, o debate sobre a defesa do armamento civil é um "engodo do marketing armamentista." Para ele, o aumento na busca pelas armas não teve qualquer impacto positivo nos dados de homicídios.
"Há um contrassenso maior no discurso de quanto mais armas menos violência. De 2004 para cara houve esse aumento de registros. Isso reduziu a violência? Não é o que os dados da violência dizem. Armar o cidadão é apenas uma desculpa para investir menos no que importa", defende.
Segundo dados do Atlas da Violência do IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), o número de mortes por arma de fogo saltou de 34.187, em 2004, para 44.475 em 2016 (último ano com dados disponíveis).
"O que se percebe nesse argumento é a redução da responsabilidade do Estado em promover e prover segurança pública, ordem e paz social. Nesse intuito, vale tudo, até dizer que as armas estarão nas mãos de todo cidadão de bem, quando se sabe claramente que a maioria da população brasileira não terá acesso ao armamento devido às suas baixas condições de renda, que nunca permitirão o acesso", diz.

Contra o desarmamento

O consultor jurídico e professor de direito administrativo da PUC (Pontifícia Universidade Católica) de São Paulo, Adilson Dallari, defende o fim do desarmamento e afirma que a alta na procura por armas de fogo pela população tem duplo significado.
"Primeiro, fica muito claro o fracasso da segurança pública e o sentimento de insegurança das pessoas comuns, preocupadas com a defesa do domicílio e da família. Segundo, é altamente positiva a preocupação em ter uma arma legal, devidamente registrada. Nós defendemos o direito à legítima defesa, com os meios necessários para isso", diz o professor, que não defende o "armamento geral e irrestrito", mas diz que gostaria de ver o estatuto alterado.
"Quanto à posse de arma em domicílio, é preciso diminuir a burocracia e os custos. Quanto ao porte de arma, é preciso acabar com a subjetividade, que ofende o princípio constitucional da igualdade, propiciando a corrupção ou, no mínimo, o tráfico de influência. Em síntese, queremos regras claras e objetivas, e custos razoáveis", alega.
O jurista e presidente da ONG Movimento Viva Brasil, Bene Barbosa, diz que o aumento nas armas registradas é uma "resposta obvia" à insegurança. "As pessoas começam a perceber claramente que o estado não é capaz de proteger e buscam formas alternativas", avalia, criticando o Estatuto do Desarmamento.
"Quando a legislação foi aprovada, em 2003, tinha efeitos desconhecidos. Embora a gente sempre tenha afirmado que não surtiria efeito, muitas pessoas acreditavam --tanto que 600 mil pessoas entregaram suas armas. Mas, hoje, elas perceberam que a lei não foi capaz de reduzir a criminalidade e de coibir que os criminosos tivessem acesso às armas", alega.
O professor ainda diz que, apesar da alta, o número de armas registradas ainda é pequeno. "Se a gente levar em conta que temos um país com mais de 200 milhões [de habitantes], o número é irrisório. Sem contar que o número de pedidos feitos é muito maior. Eles não informam o número, dizem que não conseguem ter, mas creio que de 70 a 80% dos pedidos são negados", avalia.
A reportagem do UOL pediu, na última segunda e terça-feira (24 e 25), uma entrevista ou posicionamento da PF sobre os dados apresentados, sobre o aumento de registro de armas, mas o órgão não se pronunciou

Decretada prisão preventiva de PM que atirou em servidor público

Decretada prisão preventiva de PM que atirou em servidor público

O PM Eduardo da Luz Soares está preso no Comando Geral da Polícia Militar.
IMIRANTE.COM, COM INFORMAÇÕES DA POLÍCIA CIVIL30/09/2018 às 16h02
Decretada prisão preventiva de PM que atirou em servidor públicoPM Eduardo da Luz Soares e o funcionário público Anderson Pereira da Silva. ( Foto: Divulgação)
SÃO LUÍS – Foi decretada, na noite desse sábado (29), a prisão preventiva do soldado da Polícia Militar do Maranhão (PMMA), Eduardo da Luz Soares, antes lotado no Centro Tático Aéreo (CTA). A decisão foi do juiz Osmar Gomes, titular da 1ª Vara do Tribunal do Júri, respondendo pelo Plantão Criminal.
Leia também:
O soldado Eduardo da Luz Soares está preso no Comando Geral da Polícia Militar. O acusado será ouvido nesta segunda-feira (1º) pelo Delegado Carlos Damasceno.
De acordo com informações da polícia, o segundo agressor também já foi identificado, e deve prestar depoimento na delegacia nos próximos dias.
O funcionário público Anderson Pereira da Silva continua internado sem previsão de alta.
Relembre o caso:
Câmeras do circuito interno de uma loja de conveniência gravaram, na madrugada da segunda-feira (24), o PM Eduardo da Luz Soares agredindo e atirando no servidor público Anderson Pereira da Silva.
O PM Eduardo da Luz Soares foi desligado do Centro Tático Aéreo (CTA) assim que as imagens da agressão foram divulgadas.
Veja nota na íntegra do diretor do CTA, coronel Ismael de Sousa Fonseca:
O Centro Tático Aéreo do Maranhão - CTA, unidade diretamente subordinada ao Senhor Secretário de Segurança Pública do Estado, considerando o episódio ocorrido na madrugada do último dia 24, segunda-feira, nas dependências de uma loja de conveniências e de um posto de combustíveis no Conjunto Itapiracó, nesta cidade, envolvendo o Soldado PM Eduardo da Luz Soares, lotado nesta unidade, fato esse que, ressalte-se, chegou ao conhecimento desta Direção apenas na noite de hoje, vem a público esclarecer que as agressões praticadas pelo mencionado policial contra Anderson Pereira da Silva, agressões essas que vêm sendo divulgadas nas redes sociais através de vídeos gravados pelas câmeras existentes no local, em nada coadunam com os princípios profissionais, éticos e humanos que norteiam as atividades dos integrantes do CTA-MA, bem como do Sistema de Segurança Pública do nosso Estado, ressaltando-se que a postura adotada e os atos praticados pelo servidor em questão são inadmissíves e injustificáveis, motivo pelo qual o Soldado PM Eduardo da Luz Soares já foi desligado do Centro Tático Aéreo-MA e será apresentado ao Comando Geral da Polícia Militar para a adoção dos procedimentos penais e administrativos cabíveis.
Sempre buscando a excelência na prestação dos serviços à sociedade maranhense, a Direção deste Centro se coloca a disposição para quaisquer esclarecimentos que ainda se fizerem necessários

sábado, 29 de setembro de 2018

Bolsonaro recebe alta e deixa hospital em São Paulo

Bolsonaro recebe alta e deixa hospital em São Paulo

Candidato à presidência ficou 3 semanas internado no hospital Albert Einstein após sofrer uma facada do abdômen em MG.

Por G1 SP
 

Jair Bolsonaro (PSL) recebe alta e deixa hospital em SP
O candidato à presidência Jair Bolsonaro (PSL) recebeu alta às 10h deste sábado (29), segundo boletim médico divulgado às 14h. Ele estava internado no Hospital Israelita Albert Einstein, na Zona Sul de São Paulo, desde 7 de setembro, um dia após sofrer uma facada no abdômen durante ato de campanha e passar por cirurgia em Juiz de Fora (MG). Ele precisou passar por duas cirurgias desde então.
Segundo o presidente do PSL, Gustavo Bebbiano, Bolsonaro está "plenamente recuperado". De acordo com o presidente da sigla, ele surpreendeu a todos os médicos, mas não tem condições de fazer campanha nas ruas.
"Ainda há uma fragilidade física que pode causar um retrocesso nessa recuperação, não haverá corpo a corpo. Campanha de rua ele está impossibilitado de fazer", disse Bebbiano em frente ao hospital.
Presidente do PSL, Gustavo Bebbiano, fala sobre a alta de Bolsonaro em frente ao hospital — Foto: Reprodução/TV Globo
Presidente do PSL, Gustavo Bebbiano, fala sobre a alta de Bolsonaro em frente ao hospital — Foto: Reprodução/TV Globo
Pouco antes, Major Olímpio, candidato do PSL ao Senado, afirmou que no final da manhã, os médicos já haviam passado todas as prescrições médicas e que ele só aguardava o horário do voo, às 15h40 no Aeroporto de Congonhas, para o Rio de Janeiro. "Está eufórico, brincalhão, muito feliz de ir para casa", disse o major.
Bolsonaro teve o cateter usado para administrar medicação retirado na quarta-feira (28). No local havia pequeno foco de infecção bacteriana. Como precaução os médicos decidiram manter a medicação por antibiótico na veia por mais um ou dois dias.
Nesta sexta-feira (28), Bolsonaro postou uma foto em sua conta no Instagram fazendo a barba no banheiro do quarto onde está internado no hospital. "Me preparando para voltar à ativa", escreveu.
Neste sábado, o candidato escreveu no Twitter: "O Brasil está na lama por conta do sistema falido que coloca o povo a serviço do Estado e faz acordos corruptos visando a própria sobrevivência. Liderando a corrida sem se curvar a este modelo, afirmo com segurança: nunca estivemos tão próximos de finalmente mudar esta realidade".

Redes sociais

Bolsonaro fez postagens nesta sexta-feira (28) sobre 'ataques de parte da mídia'. A revista 'Veja' trouxe uma reportagem sobre o processo de separação com Ana Cristina Siqueira Valle em 2008, em que ela o acusa de agressividade, de furto de cofre e que ele tinha renda superior ao que recebia como deputado federal e militar da reserva.