sexta-feira, 27 de março de 2020

Adolescentes em grupos de risco não vão cumprir medidas socioeducativas até 30 de abril


centros de internação
Centro de Atendimento Socioeducativo (Case) do Vera Cruz I, em Goiânia, durante vistoria da Defensoria Pública no ano passado (Foto: Eduardo Ferreira/DPEGO)
Redação O POPULAR

Redação O POPULAR

Com informações do TJ-GO
Adolescentes inseridos em grupos de risco estão suspensos de cumprirem medidas socioeducativas de semiliberdade. Esta foi uma das formas encontradas pelo Tribunal de Justiça de Goiás para prevenir infecção do novo coronavírus (COVID-19). Conforme o ato, assinado nesta quarta-feira (25) pelo presidente do TJGO, desembargador Walter Carlos Lemes, “ficam suspensas no Estado de Goiás, durante o período de 17 de março a 30 de abril, a execução das medidas socioeducativas de semiliberdade; liberdade assistida e prestação de serviços à comunidade; internação-sanção; e internação provisória ou definitiva dos socioeducandos”.
O documento também suspende a internação provisória ou definitiva decretadas em razão de cometimento de ato infracional sem violência ou grave ameaça à pessoa, e antecipação das reavaliações de socioeducandos em cumprimento de medidas de internação. Por último, o decreto recomenda aos magistrados das comarcas que não possuem unidade socioeducativa, que se abstenham de aplicar medida socioeducativa de internação (provisória e definitiva), face à pandemia do COVID-19.
Ao assinar o expediente, Walter Carlos Lemes considerou que a medida de semiliberdade obriga que o adolescente participe de atividades como escolarização e profissionalização, sendo que estas estão suspensas em razão das medidas adotadas pelo Governo do Estado de Goiás e Secretaria de Estado e Educação, “o que por si só inviabiliza a execução das medidas socioeducativas de semiliberdade".
Além disso, a intenção é “evitar que os socioeducandos, ao retornarem para a unidade, possam ser vetores de transmissão tanto em relação aos demais, quanto em relação aos servidores públicos que trabalham no local”. O presidente do TJ também reforça que o mero confinamento dos socioeducandos nas unidades de semiliberdades viola o princípio da individualização da medida socioeducativa aplicada, bem como o caráter progressivo e pedagógico pretendido.
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Governador Ronaldo Caiado durante coletiva em Goiás (Foto: Lucas Diener)

Cristiane Lima

Atualização do decreto do governo estadual sobre as regras para funcionamento das empresas foi publicado na noite desta quinta-feira (26). Foi acrescentado que, a partir de agora, borracharias, oficinas, restaurantes e lanchonetes em rodovias podem voltar a funcionar. As oficinas mecânicas e borracharias funcionarão em regime de revezamento a ser estabelecido pelos municípios do Estado.
Também foi acrescido no decreto que está permitido o funcionamento de pousadas e hotéis para atender exclusivamente aqueles que atuem na prestação de serviços públicos ou atividades privadas consideradas essenciais. O primeiro decreto foi publicado no dia 19 de março e de lá para cá passou por algumas alterações. Segundo o governador, o isolamento social está mantido no Estado para evitar o aumento de casos de coronavírus em Goiás. 
No dia 20 de março, outra alteração no decreto definiu a limitação de passageiros nos ônibus do transporte coletivo. Neste decreto existe a lista dos empreendimentos que podem ou não abrir
Desde o dia 20, também existem restrições para a indústrias por 15 dias. O texto deixou as orientações mais claras, com ressalva apenas atividades econômicas essenciais para a manutenção da "segurança alimentar, hospitalar e pública". O texto já era complementar aos decretos anteriores e proíbe, desde então, o trabalho presencial em empresas privadas de toda a cadeia produtiva, estabelecendo exceções.
Podem funcionar aquelas que produzem medicamentos, materiais hospitalares, alimentos, produtos de higiene e limpeza, gás de cozinha, combustíveis, rações animais, produtos agropecuários, sistema bancário e financeiro, portarias e vigilância patrimonial, transporte (público, táxi e aplicativos), lavanderias hospitalares, hospitais, laboratórios de exames clínicos e imagem, dentistas para atendimentos de urgência.
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Cristiane Lima

Goiana Andréia Costa, 26 anos, está na Tailândia e pede ajuda ao governo para voltar ao Brasil após crise do coronavírus. Essa foto foi tirada quando estava na Indonésia (Foto: Reprodução/Arquivo pessoal)
A analista de projetos Andréia Costa, de 26 anos, está na Tailândia e precisa de ajuda para voltar ao Brasil. Desde que a pandemia de coronavírus motivou diversas medidas para contenção do avanço da doença, ela e outros 364 brasileiros espalhados pelo sudeste asiático estão sem condição de voltar para casa. Andréia diz que muitas pessoas já não têm mais dinheiro para se manter e pedem ajuda para alimentação e moradia. “Como estamos sem recursos e sem ter como voltar para casa. Precisamos de ajuda do governo”, diz.
Andréia saiu de Aparecida de Goiânia, onde mora, para passar pelo menos quatro meses em viagem pela região. Ela chegou à Indonésia em 18 de fevereiro, onde permaneceu por cerca de um mês. “Quando cheguei ainda estava tudo normal, tranquilo para turistas. Não havia a preocupação com uso das máscaras e álcool gel, por exemplo.” Ela acrescenta que no dia de sua viagem para o Camboja, sua segunda cidade na lista da viagem, tudo mudou. “Foi quando os países começaram a tomar medidas para conter o vírus e fecharam as cidades”, diz.
A viajante teria que fazer uma escala na Malásia, que havia acabado de anunciar a proibição de entrada de turistas, inclusive em escalas. “Minha preocupação era não conseguir desembarcar, mas cheguei no dia em que as regras passariam a valer. Desde então minha vida mudou aqui. A gente não consegue comprar passagem de volta para casa por alguns motivos, como o preço muito alto e porque muitos voos foram cancelados”, explica. Ela acrescenta que as empresas aéreas não estão ressarcindo os clientes. “Eles apenas remarcam”, diz.
Depois de conversar com as pessoas da cidade, ela disse que decidiu seguir para a Tailândia, que ainda tinha permissão de acesso, onde chegou no sábado. “Comprei passagem para o Brasil para o dia 27, mas ontem (terça) nos disseram que os voos que partiriam daqui também estão cancelados. Desde então eu e outros brasileiros não sabemos mais o que fazer”, ressalta. Ela acrescenta que procurou a Embaixada brasileira em Bangcoc, capital da Tailândia, para pedir ajuda. “Nos informaram que existem 365 brasileiros aqui”, disse.
Entre as sugestões da Embaixada está a repatriação e o fretamento de voo entre Bangcoc e São Paulo. “Mas essa opção está inviável para quem está aqui. O valor ficou em R$ 10 mil. Tem gente aqui pedindo ajuda, moedas, nos aeroportos. Vivendo de doação porque gastaram tudo em passagens para voltar para casa e que não serão ressarcidas, apenas remarcadas sabe-se lá para quando. Então estamos na expectativa de conseguir com que o governo brasileiro tenha condição de vir nos buscar. Estamos muito ansiosos”, relata.
Os brasileiros que estão no sudeste asiático se reuniram em grupos de mensagens instantâneas para buscarem ajuda juntos. “A insegurança nos deixa ainda mais temerosos. Muitas cidades também estão ameaçando fechar acessos e isso implicaria na repatriação de muitas pessoas que estão em cidades do interior, por exemplo. A gente ainda não sabe se vai conseguir sair daqui e por isso precisamos de ajuda”, ressalta a analista de projetos.
Banner que está sendo divulgado por brasileiros no sudeste asiático pedindo ajuda para voltar ao Brasil (Foto: Reprodução / Arquivo pessoal)
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Vandré Abreu

vandre.abreu@opopular.com.br
Desde o último final de semana, pelo menos seis prefeituras de cidades goianas já editaram decretos ou iniciaram ações para restringir a entrada de pessoas em seus perímetros urbanos. As medidas usam como base o decreto estadual 9.639, do dia 20 deste mês, que impôs limites nos transportes públicos e privados interestaduais e intermunicipais como necessários de contenção da proliferação do coronavírus (Covid-19) em Goiás. No entanto, as restrições ao ir e vir das pessoas é considerada ilegal pelo Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO), e os promotores devem recomendar a revogação das medidas aos prefeitos.
Em Caçu, na Região Sudoeste, três das seis entradas do município estão com restrições. Em duas delas, blocos de concreto foram instalados para impedir completamente a chegada de viajantes. Na outra, a prefeitura impôs o que se chamou de barreira sanitária, em que servidores da saúde municipal ficam na rodovia de acesso ao perímetro urbano, onde param os veículos e informam aos ocupantes sobre a necessidade do isolamento social neste momento de pandemia, realizam exames de temperatura e verificam a presença de sintomas da Covid-19 e também fazem o cadastro das pessoas que chegam.
A barreira sanitária funciona entre as 7h e 19h. De acordo com o secretário de Administração de Caçu, André Luiz Oliveira Camargos, caso alguma pessoa apresente sintomas da doença durante a abordagem dos profissionais de saúde, torna-se obrigatório o isolamento em alguma unidade municipal ou mesmo domiciliar. “Se tiver alguma indicação, vai para a quarentena. Os que não tiverem são informados que estão proibidas as aglomerações na cidade”, conta o secretário, ao dizer que na segunda-feira (23) houve o primeiro caso suspeito em Caçu, sendo um morador do município, cujo exame de confirmação ainda não teve resultado.
Camargos explica que a decisão da prefeita Ana Cláudia Lemos Oliveira (MDB) se deu porque, desde o início do isolamento social nas cidades maiores do Estado, como região metropolitana de Goiânia, Anápolis e Rio Verde, com casos confirmados da Covid-19, o movimento de pessoas para Caçu aumentou. “É uma cidade que tem muitos ranchos e chácaras e tem vindo muitos grupos para cá, fazendo festas e aglomerações. Queremos que as pessoas entendam que não é hora disso, é para entender o risco da doença”, diz. Até então, há fiscalização no perímetro urbano, mas há determinação da prefeita para que uma equipe fique responsável pela região das chácaras.
Para o secretário, no entanto, as medidas adotadas em Caçu não impedem o ir e vir das pessoas. “Não fechamos totalmente a cidade, só estamos controlando o acesso para saber quem está chegando. Caso tenha um caso, saberemos quem é e podemos colocar em isolamento.” Camargos afirma que outros três acessos ao município, sendo dois a partir da zona rural, permanecem abertos e que foram escolhidos os acessos com maior fluxo de veículos justamente para prevenir. “É a única maneira de a gente poder controlar e saber onde estão os casos e monitorar o que as pessoas estão fazendo aqui.”
Já em Silvânia, na Região Central, a prefeitura implantou barreiras e impediu o acesso de pessoas que não são moradores do município. Visitantes devem comprovar a necessidade do deslocamento. Em Itumbiara, na Região Sul, houve o fechamento da ponte Affonso Pena, uma das ligações com o Estado de Minas Gerais.
Turistas
A primeira cidade goiana a adotar medidas de restrição para a entrada no perímetro urbano foi Pirenópolis, na Região Central, ao impedir que qualquer turista chegue no município. A preocupação se deu em razão da grande quantidade de visitantes de cidades que já têm casos confirmados, como Goiânia, Anápolis e Brasília. Agora, apenas moradores locais, com a comprovação de endereço, podem acessar a cidade. O decreto afirma que “só poderão ingressar no município de Pirenópolis as pessoas pertencentes ao mesmo núcleo familiar, compreendido como tais os cônjuges e parentes em linha reta, a exemplo de pais, filhos, avós e netos das pessoas” que comprovarem a residência na cidade.
A mesma medida foi feita em Caldas Novas, outra cidade turística do Estado. Em ambos os locais é permitido o acesso também de veículos de cargas com suprimentos aos municípios. Em Caldas Novas, na Região Sul, só está permitido passar pelo bloqueio, além dos moradores e veículos de cargas, os viajantes que comprovarem que estão fazendo negócio no município ou que terão como destino outra cidade, utilizando o município apenas como passagem. Também sob a justificativa da chegada de turistas se deu o bloqueio e restrições para Niquelândia, na Região Norte, em que os moradores devem comprovar a residência no município para conseguir entrar na cidade, e a exceção também se refere aos veículos com suprimentos essenciais.
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Com o surgimento do novo coronavírus, pela internet as pessoas espalham questionamentos e comparações com a dengue, doença que atinge o Brasil e faz milhares de vítimas todos os anos. M...

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Arquivo fotográfico do século 20 mostra armazém convertido em espaço para pessoas em quarentena durante a gripe espanhola nos Estados Unidos. Problema abalou o mundo à época (Foto: Universal History Archive)

Carol Almeida

carol.almeida@opopular.com.br
Em quarentena, com sintomas de uma doença cuja origem era desconhecida e submetidos a pouco ou nenhum tratamento, os moradores das ainda pequenas cidades de Goiás enfrentaram, entre os anos de 1918 e 1919, a gripe espanhola. A epidemia da doença é considerada a mais mortal do século 20 e alcançou cinco continentes. Ainda hoje, a quantidade de vítimas é incerta, mas os estudos mais conservadores falam em ao menos 20 milhões no mundo. A pandemia do novo coronavírus, causador da infecção conhecida como Covid-19, trouxe à tona paralelos entre as duas doenças, que, subestimadas e comparadas com gripes menos graves, viram seu enfrentamento ser prejudicado ou enfraquecido em alguns momentos da história.
No Estado, o número de pessoas mortas pela doença naqueles anos é desconhecido, devido à falta de registros consistentes de atendimentos ou óbitos, mas o impacto da doença foi recuperado por pesquisadores, por meio de relatos de memórias, telegramas, documentos oficiais e jornais da época. Há informações, contudo, de que 80 pessoas morreram em um curto período de tempo na antiga Vila Boa, atual cidade de Goiás, capital do Estado que possuía menos de 10 mil habitantes à época.
Cidades foram atingidas, inicialmente, nas proximidades da estrada de ferro que vinha de Minas Gerais. Depois, a doença se alastrou e, segundo pesquisadores, atingiu praticamente todo o Estado. A gravidade, no entanto, não se compara à vista no município de São Paulo, por exemplo, onde valas comuns foram utilizadas para enterrar os mortos. Contudo, havia pouca ou nenhuma estrutura capaz de atender aos doentes. Na cidade de Goiás, um hospital de campanha foi criado no Colégio Sant’Anna e as enfermarias do Hospital de Caridade São Pedro de Alcântara receberam pacientes.
“Não havia nenhum tipo de tecnologia como temos atualmente. Mas era uma forma de atender as pessoas que não tinham condições de se medicar e nem podiam contar com os parentes. Era uma forma de promover o isolamento daquele que não podia estar no seio da família. As enfermarias eram uma tentativa de evitar a proliferação das doenças, mas muitos iam para elas para morrer também”, diz o doutor em História Leandro Carvalho Damacena, pesquisador da História da Saúde e das Doenças em Goiás.
À época, segundo o pesquisador, faltava saneamento básico, não havia políticas de prevenção e as medidas ainda eram baseadas em uma política sanitária higienista, voltada para o combate a focos epidêmicos e endêmicos. Diante da situação que se desenhava com o avanço da gripe espanhola, medidas foram adotadas pelas autoridades, como a suspensão das aulas, o estabelecimento de isolamento e a proibição de aglomerações públicas.
O medo da epidemia levou até mesmo à alteração dos rituais do Dia de Finados, em novembro de 1918. No País, houve a aprovação compulsória de todos os estudantes que estavam matriculados naquele ano. As ações têm paralelo com as adotadas durante a atual pandemia do novo coronavírus, principalmente pela indicação do isolamento como forma de controle da doença. Ao mesmo tempo, a confusão com os quadros sintomáticos de outras doenças, como a gripe comum, e a falta de conhecimento sobre o combate dificultavam a cura dos pacientes.
“Os surtos de gripe aconteciam sempre. À época, as pessoas podem ter pensado que era só mais um deles. Mas, aos poucos, começaram a ver que estava morrendo muita gente. Além disso, havia sintomas diferentes. Os pés ficavam pretos e as pessoas perdiam a capacidade de respirar. Eram sintomas mais agudos do que os de uma gripe comum, o que fazia as pessoas terem um sentimento de catástrofe”, explica o pesquisador Eliézer Cardoso de Oliveira, que estudou a ocorrência da gripe espanhola em Goiás durante o doutorado em Sociologia na Universidade de Brasília (UnB).

Caridade marcou combate à doença
A caridade foi um dos traços marcantes do enfrentamento à doença, ao menos na cidade de Goiás, onde a ocorrência da gripe espanhola foi alvo de pesquisa feita por Leandro Carvalho Damacena durante o Mestrado em História na Universidade Federal de Goiás (UFG). De acordo com ele, registros feitos pela moradora Anna Joaquina Marques, reunidos em um memorial de lembranças, mostram a rotina de visitar a pessoas enfermas, no intuito de rezar por elas e para o oferecimento de outros cuidados de saúde.
“Ela e um grupo de irmãs que congregavam juntas iam às casas tentar prestar alguma ajuda aos enfermos. Mesmo com a orientação de permanecerem em quarentena, elas acharam importante e aquilo foi fundamental para o atendimento de algumas pessoas”, conta o pesquisador. “Elas saíam diariamente para ver o que as famílias estavam precisando. Não soube identificar se alguma delas adoeceu, mas esta ação foi importante para algumas pessoas que estavam precisando de alimentos ou atendimento”, completa ele.
A solidariedade também é traço marcante na lembrança de algumas famílias de Goiânia. É o caso dos Soares de Mello, que tiveram sua história registrada em livro por Flávia Soares Silva, hoje com 90 anos. O pai da autora, Vicente Leite, já falecido, atendeu pacientes da gripe espanhola nas casas do antigo Arraial dos Franciscos, que hoje é a cidade de Capitólio (MG). “Não havia um remédio específico. Então, meu pai fazia um remédio à base de um remédio da farmácia. Ele e a irmã dele, Augusta, visitavam os doentes. Segundo as memórias dos mais antigos, todos aqueles que ele visitou, se salvaram. Não se sabe quantos”, conta ela. 
Para o doutor em Sociologia Eliézer Cardoso de Oliveira, que estudou a gripe espanhola na pesquisa “As representações do medo e das catástrofes em Goiás”, a epidemia causou grande impacto psicológico na população interiorana. Como exemplo, ele menciona a simbologia dos sinos das igrejas, que tocavam incessantemente com a sequência de mortes. Ainda assim, pontua ele, o enfrentamento à doença despertou aspectos positivos das relações sociais. “É um momento em que o egoísmo humano fica evidente, mas o altruísmo também. Temos exemplos do médico que morreu tentando salvar a vida das pessoas em um cordão sanitário (em Areias) e também das freiras que visitavam os doentes. O pior e o melhor do ser humano aparece nestas situações”, diz o sociólogo.

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Thalys Alcântara

thalys.alcantara@opopular.com.br
Em todas as sete unidades 24 horas de atendimento de urgência e emergência que a reportagem visitou na manhã da última quinta-feira (26) havia um movimento baixo de pacientes. Segundo o superintendente de Gestão de Redes de Atenção à Saúde da Secretaria Municipal de Saúde de Goiânia (SMS), Silvio José de Queiroz, a média de atendimento caiu de 230 pacientes por dia para cerca de 100.
Esta diminuição no fluxo pode ter relação com a migração destes pacientes para as 81 unidades básicas de saúde (UBS) da capital, avalia Queiroz. A recomendação das autoridades de Saúde é que o paciente com sintomas do novo coronavírus só procure as unidades 24 horas caso apresente falta de ar constante. Em casos de sintomas leves, a pessoa deve se recuperar em casa. O objetivo é evitar que a pessoa não contaminada acabe pegando o vírus na unidade de saúde, além de evitar aglomerações.
Apesar desta diminuição ser algo positivo no combate ao novo vírus, ainda há hábitos que precisam ser mudados. “Infelizmente, alguns pacientes têm levado dois acompanhantes. A gente tem orientado que o paciente permaneça na unidade sozinho e evite ao máximo o acompanhante. No caso de idosos, a orientação é que o acompanhante não fique dentro da unidade”, explica o superintendente.
Equipamentos
Queiroz reconhece que existe o temor da falta de equipamentos de proteção individual no decorrer da crise do coronavírus, mas garante que atualmente há EPIs no almoxarifado da SMS. Compras de novos materiais estão sendo feitas diariamente em pequena e média quantidade, já que há dificuldade de conseguir compras maiores. Os equipamentos estão em falta no mercado nacional.
“Temos dificuldade para aquisição? Temos. Temos medo de faltar? Muito, muito receio. Mas no momento ainda estamos servidos”, alerta o superintendente. Ele diz não saber exatamente para quantos dias a quantidade de EPIs vai durar, mas bate na tecla da importância de não desperdiçar estes equipamentos. Apenas profissionais de saúde e pessoas gripadas devem usar máscaras, por exemplo.
No Cais Cândida de Morais, por exemplo, a caixa com máscaras cirúrgicas fica na sala da diretora. Quando o profissional precisa, vai até ela. Segundo Queiroz, havia profissionais que por medo queriam usar duas máscaras de uma vez. Já as máscaras N95, que duram mais e protegem mais, são entregues apenas nos procedimentos necessários e o profissional assina o nome em uma tabela para controle.

Sindicato defende que agentes comunitários devem ir para a rua
O presidente do Sindicato dos Agentes Comunitários de Saúde e de Combate às Endemias do Estado de Goiás (Sindacse-GO), Paulo Gomes de Brito, defende que os profissionais continuem a trabalhar na rua mesmo que não tenham máscara cirúrgica. Ele defende a orientação do Conselho das Secretarias Municipais de Saúde do Estado de Goiás (Cosems), de que o agente não entre na casa e faça o atendimento na porta, preservando uma distância de dois metros do morador assistido. Parte dos agentes tem manifestado resistência em fazer trabalho de campo devido ao novo coronavírus (Covid-19).
“Eu entendo e vejo a necessidade (dos EPIs). O problema é que tem que ter bom senso. Estamos em uma verdadeira loucura. Mesmo se o Estado quiser comprar, não vai achar para comprar”, explica o sindicalista. Ele orienta que caso necessário adentrar na casa, como em casos de pacientes acamados, aí sim será obrigatório o uso de máscara. 
O trabalho dos agentes comunitários de saúde tem variado de cidade para cidade. No caso de Goiânia e Aparecida de Goiânia, eles continuam a trabalhar na rua, mantendo as precauções de distância. Os agentes de combate às endemias só devem ficar no quintal do morador, para procurar focos de dengue. Já em Anápolis, os agentes comunitários estão fazendo o trabalho por telefone, monitorando moradores com doenças.
“Os agentes são essenciais na informação, nos trabalhos com prevenção. Vamos para a rua, mas tomando todos os cuidados”, afirma Paulo Gomes. Além da distância, ele orienta que os agentes de saúde devem deixar de pedir para o morador assinar o papel em que são registradas as visitas, o objetivo é não compartilhar caneta e caderno, evitando contaminação.

No entanto, dois agentes ouvidos pela reportagem defendem que só deveriam ir para a rua se tivessem equipamentos de proteção. Segundo eles, sem a máscara, por exemplo, eles correm o risco de levar a contaminação de um morador para o outro, servindo como uma espécie de ponte para o vírus.

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Finazzi observará elenco na semana de preparação para o clássico (Foto: Fábio Lima)

João Paulo Di Medeiros

Com calendário garantido para o segundo semestre com a disputa da Série D do Campeonato Brasileiro, o Goiânia terá de recalcular a rota para conseguir cumprir seus planos. Com a paralisação dos jogos, houve fuga de patrocinadores e a diretoria alvinegra refaz contas porque terá um orçamento mais modesto para quando a bola voltar a rolar.
Em dezembro de 2019, a estimativa do clube era gastar cerca de R$ 200 mil por mês ao longo de 2020. Esse número teve de ser revisado em decorrência de disputas políticas dentro do clube e a diretoria passou a trabalhar com orçamento de R$ 2 milhões ao ano (R$ 166 mil mensais). Agora, a projeção é de queda de 45% deste valor por causa da pandemia.
“A maioria dos nossos patrocinadores desistiu. Vamos ter de redesenhar nossos planos para o futuro”, explicou o presidente Alexandro Godói, que revelou que a diretoria alvinegra vai se reunir na quarta-feira (1º) para refazer contas.
Apesar deste cenário ainda nebuloso, o Galo não pensa em desistir de participar da Série D e espera competir em bom nível para lutar pelo acesso à 3ª Divisão nacional. “Estamos trabalhando para remontar o elenco e nem passa por nossas cabeças não participar da competição”, frisou o presidente Alexandre Godói.
Goianésia
Dono da quarta melhor campanha entre os 12 participantes do Campeonato Goiano, o Goianésia está de calculadora nas mãos para avaliar os prejuízos do clube com a paralisação do futebol. Apesar disso, o Azulão do Vale confirmou que vai disputar a Série D.
De acordo com o presidente do Goianésia, Marco Antônio Maia, o clube estima prejuízo na casa dos R$ 250 mil. No entanto, esse valor poderia ser ainda maior com a quantia que o clube deixa de arrecadar nas fases finais do Goianão.
“Está no nosso planejamento (disputar a Série D). Tínhamos montado um time para continuar após o Campeonato Goiano. Entre 80% e 90% do elenco iria continuar para a Série D. Agora, está incerto quando será disputada a competição. Mas não temos dúvidas que vamos disputar, talvez não com a mesma força, pois temos de montar um novo time.” Segundo o dirigente, o Azulão do Vale recebe apoio do poder público municipal, mas esse recurso representa menos de 15% do orçamento do clube.
O Crac, de Catalão, é o outro time goiano na Série D, mas a reportagem não conseguiu contato com a equipe.
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Improviso: caixas de papelão e fita zebrada são usadas por servidores para delimitar espaço no Ciams do Setor Urias Magalhães, na capital (Foto: Wildes Barbosa)

Thalys Alcântara

thalys.alcantara@opopular.com.br
Uma mulher chega com uma aparente dificuldade de respirar no Centro de Atenção Integrada à Saúde (Cais) do Setor Vila Nova, em Goiânia. As poucas pessoas que estão na sala de espera, algumas de máscara cirúrgica, param de conversar entre si e ficam em silêncio olhando para a paciente que passa mal em uma cadeira. O clima é tenso. Uma técnica em enfermagem surge de dentro da unidade e leva a mulher para a sala de triagem antes mesmo de fazer o cadastro dela.
A situação descrita, que aconteceu na manhã da última quinta-feira (26), faz parte da atmosfera de dúvida, medo e solidariedade que tem predominado em unidades de urgência e emergência da capital diante da pandemia do novo coronavírus (Covid-19). No caso específico, a paciente sentia dores crônicas e não tinha sintomas do vírus, mas a manifestação de desconforto foi o suficiente para gerar tensão em quem estava perto.
A reportagem do POPULAR percorreu sete unidades de saúde municipais em Goiânia para ver o que mudou na rotina dos profissionais e pacientes diante da nova doença. As medidas adotadas para evitar a disseminação do Covid-19 variam de local para local. Alguns adotaram critérios mais rígidos, com distanciamento entre cadeiras da recepção e plástico que isola funcionários; outras estão mais desprotegidas, sem sabonete, papel toalha e com possibilidade de mais contato entre pacientes e recepcionistas. Todas as unidades estão mais vazias e registraram diminuição na quantidade de pacientes na urgência e emergência.
Rumores de uma possível falta de equipamentos de proteção individual, os EPIs, nas próximas semanas, têm preocupado os profissionais. No Cais Vila Nova, duas técnicas em enfermagem discutiam os modos de fazer máscaras em casa, seguindo orientações que uma delas viu na internet. Por precaução, alguns médicos e enfermeiros têm comprado máscaras N95, mais protegidas e duradouras.
Quem entra no Centro Integrado de Atenção Médico Sanitária (Ciams) do Setor Urias Magalhães já percebe a diferença logo na sala de espera. Uma geringonça feita com caixas de papelão e muito plástico transparente insulfilm, isola os servidores que realizam o cadastro de quem chega na unidade. Além disso, uma fita zebrada, mantém o servidor a cerca de 2 metros do paciente. Nos bancos da recepção, a mesma fita interdita assentos intercalados, impedindo que duas pessoas se sentem próximas uma da outra. No Cais Finsocial um barbante separa os funcionários e na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Noroeste, um banco de ferro serve como limite de distância.
Já nos Cais dos bairros Vila Nova e Novo Mundo, quem chega e encosta no balcão para ser atendido pelas recepcionistas desobedece a orientação da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), que prevê um espaçamento de dois metros. Nestas duas unidades, os funcionários da recepção recebem uma máscara cirúrgica por dia, o que acaba não adiantando muita coisa, já que elas perdem o efeito de proteção com a umidade e devem ser trocadas a cada duas horas.
A orientação da SMS é que esses funcionários não precisam de máscaras ou luvas e devem apenas ficar de uma distância segura do paciente. A restrição é para evitar o desperdício de equipamentos de proteção individual que estão em falta no mercado. No entanto, funcionários não estão aceitando a orientação, se sentem desprotegidos e ameaçam deixar de ir trabalhar se não tiverem o EPI. Por isso, muitos coordenadores acabam liberando que eles usem as máscaras para evitar o pânico e que se sintam inseguros.

“Apesar do medo, tenho visto muita solidariedade”
A pandemia do novo coronavírus (Covid-19) também mudou a rotina das unidades do Programa Saúde da Família, que atuam na atenção básica. A quantidade de trabalho aumentou bastante, conta a técnica em enfermagem Marlene Soares, de 55 anos, que trabalha no Posto de Saúde da Família Ville de France. 
“Para se ter uma noção, no dia 23, só eu, vacinei 300 pessoas, das 9 horas até 17 horas”, relata a mulher, que tem 26 anos de profissão. Ela descreve que há uma mistura de medo, mas ao mesmo tempo de determinação, nos servidores que estão na linha de frente no combate ao novo vírus. “A gente tem medo porque não sabe quem tem (o vírus) e quem não tem. Mesmo assim, apesar do medo, tenho visto muita solidariedade. Entre os colegas inclusive”, conta. Nos dias de vacinação, duas dentista têm auxiliado na triagem dos pacientes. O esposo de uma profissional doou máscaras N95, que protegem mais, para a unidade. 
A saudade aperta, segundo Marlene, quando pensa na família. Ela está isolada dos três filhos e seis netos. Além de trabalhar no posto, também atua em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Neonatal. Por isso, para evitar contaminação, prefere ficar sozinha no apartamento em que mora. “Saudade, né? A gente sente muito. Mas é igual eu falei para a minha filha: quando eu me formei, eu jurei que eu ia salvar vidas.”
Os cuidados com proteção também foram redobrados na unidade, que diariamente recebe pacientes com sintomas de gripe e pessoas pedindo informação. Pacientes que ficam na recepção estão usando máscara e luva, quem faz triagem está utilizando até protetor facial, que é semelhante a um capacete. 

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O Atlético-GO, por enquanto, na visão de seus principais dirigentes, “está sob controle”. Em avaliação cotidiana do quadro econômico e à espera de definições sobre os rumos do País e do Estado, a diretoria deve planejar mais detalhadamente, a partir da próxima semana, os rumos da gestão. A contenção de gastos será tema de análise e a direção deve procurar o elenco pra fa...

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