quarta-feira, 3 de maio de 2017

Mortes de agentes na região podem ter ligação com PCC

Mortes de agentes na região podem ter ligação com PCC

03/05/2017 | 07:20 - Atualizado em 03/05/2017 - 09:42
EDUARDO VELOZO FUCCIA

Coincidência ou não, mortes de aluno-soldado e agente da Fundação Casa ocorreram em maio

Em maio de 2006, toque de recolher deixou ruas de Santos desertas (Foto: Patrícia Cruz)
Fontes da Polícia Militar cogitam que as mortes do aluno-soldado Edivaldo Pedro dos Santos, de 31 anos, e do agente socioeducativo da Fundação Casa, Waldek dos Santos Falcão, de 44 anos, podem ter sido ordenadas pelo Primeiro Comando da Capital (PCC). 

Coincidência ou não, os homicídios ocorreram no início de maio. Esse mês ficou marcado na história do Estado de São Paulo porque, em 2006, o PCC aterrorizou a população. Houve 564 assassinatos e 110 tentativas de homicídio. Os casos ficaram conhecidos como Crimes de Maio e boa parcela das vítimas foi de agentes públicos. As demais seriam acusados e inocentes eliminados em retaliação aos ataques orquestrados pela facção criminosa.
Delegado seccional de Santos, cuja área também abrange São Vicente, Praia Grande, Cubatão, Guarujá e Bertioga, Manoel Gatto Neto não quis estabelecer vínculo dos casos com eventual salve (ordem) do PCC, mas não afastou tal hipótese. “As investigações estão em curso e adiantadas. A gente não descarta nada, mas é prematura qualquer conclusão nesse sentido”.
O PCC detém a hegemonia do tráfico de drogas no Estado, sendo esse crime a principal fonte de receita da facção. Mesmo assim, por razões que ainda não estão esclarecidas, várias biqueiras (pontos de venda de entorpecentes) localizadas em áreas periféricas de São Vicente, Cubatão e Guarujá suspenderam as atividades, sem qualquer operação policial para reprimi-las.
Segundo as fontes da PM que atribuem a um provável salve do PCC os recentes assassinatos em Santos e São Vicente, a paralisação das atividades das biqueiras pode ser interpretada como um indício de que mais mortes podem ocorrer, sendo determinada pela facção a suspensão temporária do tráfico para evitar represálias como as verificadas em 2006.
Covardia
O aluno-soldado Edivaldo foi executado na Travessa do Parque, no Catiapoã, logo após sair de casa. À paisana, ele estava armado, mas não teve tempo de se proteger dos disparos que o atingiram no peito, na face e no pescoço. Parentes que estavam na casa ouviram nove tiros, saíram e se depararam com a vítima caída.
Nada foi levado de Edivaldo, sendo afastada a hipótese de roubo. Encaminhado ao Hospital Municipal de São Vicente, ele chegou a ser reanimado pelos médicos, mas faleceu logo em seguida. Um adolescente de 17 anos, filho de suposto líder do PCC no bairro, e um jovem da mesma área, que responde solto a processo por tráfico, são investigados como possíveis autores do homicídio.
Reincidência
Waldek dos Santos Falcão, de 44 anos, atuava como agente socioeducativo na Fundação Casa, em Guarujá. Ele foi morto a tiros ao sair de um culto evangélico na esquina da Rua Henrique Ablas com a Avenida Conselheiro Nébias, na Vila Mathias, no domingo à noite. O crime foi cometido na frente da mulher da vítima.
Atingido na cabeça, no peito e no braço, Waldek chegou a ser levado por fieis da igreja até a Santa Casa. O atirador fugiu pedalando uma bicicleta e estaria acompanhado de mais dois comparsas. O trio agiu como se a vítima já estivesse escalada para morrer. Ele também demonstrou ter ciência de que o agente da Fundação Casa estava no culto.
Na manhã de segunda-feira (1º), PMs prenderam Thauan Barreto de Souza, de 18 anos. O rapaz negou o homicídio, mas foi autuado em flagrante. Ex-interno da Fundação Casa, o acusado conheceu Waldek na instituição e com ele teria se desentendido. Com 14 anos, o jovem foi internado porque matou durante assalto a médico do Hospital Ana Costa, em Santos. 

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