Mudança nos valores será linear, atingindo todas as mensalidades e faixas etárias

Por  — Rio de Janeiro

 


Funcionalismo quer aumento de contrapartida do governo federal nos planos de saúde
Funcionalismo quer aumento de contrapartida do governo federal nos planos de saúde Arquivo

O Conselho de Administração da Grupo Executivo de Assistência Patronal (Geap) aprovou um reajuste de 8,9% nas mensalidades dos planos de saúde da operadora, com vigência a partir da próxima semana, ou seja, do início de fevereiro. A medida, que busca equalizar a tabela de custeio dos planos, foi detalhada na Resolução 789/2024 e inclui também o cancelamento do desconto judicial que seria concedido a servidores federais a partir de 2026.



Segundo o documento, ao qual o EXTRA teve acesso, a decisão tem como base análises técnicas e financeiras que indicam um índice de sinistralidade abaixo de 74%, o que, de acordo com a Geap, demonstra um cenário em que as receitas superam as despesas. Contudo, a medida gerou insatisfação entre os beneficiários, especialmente por afetar servidores com mais de 59 anos, faixa etária que já havia sido penalizada com reajuste superior no ano anterior.

Em maio do ano passado, o governo federal chegou a aplicar uma correção de 51% no preço do auxílio-saúde do funcionalismo. Na prática, a medida zerou o impacto que os reajustes teriam sobre os planos da Geap. Dependendo da faixa etária e da remuneração dos trabalhadores federais, as correções resultaram em custo zero para o servidor da União.

Contratos de planos de saúde geralmente estão sujeitos a reajustes anuais e correções por mudança de faixa etária. Operadoras de planos de saúde, a fim de contornar restrições do Estatuto do Idoso — que proibiu reajustes após os 60 anos de idade do beneficiário — passaram a aplicar aumentos substanciais nos planos aos 59 anos.

Em 2024, a Geap reduziu valores em 20 planos e aumentou a cobrança de 38 planos. Neste ano, o reajuste é linear. Ou seja, todas as faixas de idade dos 58 planos terão um incremento de 8,9% nos valores pagos.

Federação busca reversão de medida do grupo

A Federação Nacional dos Sindicatos dos Trabalhadores em Saúde, Trabalho, Previdência e Assistência Social (Fenasps) manifestou uma forte oposição à decisão.

Representantes da federação argumentaram que o governo federal, principal responsável pela gestão da Geap, não tem oferecido contrapartidas adequadas, mantendo o valor do per capita (por pessoa) patronal em patamares considerados insuficientes.

— É o governo quem, na prática, manda na Geap, utilizando o voto de qualidade no conselho para aprovar medidas que prejudicam os beneficiários. Os mais velhos continuam sendo duramente penalizados — disse Márcio Freitas de Paiva, diretor da Fenasps.

Funcionalismo quer aumento de contrapartida

A insatisfação do funcionalismo se intensifica quando comparado o reajuste dos planos com os aumentos salariais concedidos aos servidores federais.

Desde 2023, as correções salariais acumuladas somaram 27%, bem abaixo dos aumentos médios de custos de saúde suplementar no país, que chegaram a 13,2% no último trimestre de 2024, segundo a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).O Fórum de Entidades Nacionais dos Servidores Públicos Federais (Fonasefe) propôs um aumento de até 390% na contrapartida para planos de saúde.

A proposta é baseada em dados da ANS e foi calculada pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).

Diretor defende atualização de valores

O diretor-presidente da Geap, Douglas Figueredo, justificou o reajuste linear de 8,9% como uma medida necessária para a reestruturação econômica da operadora. Segundo ele, a Geap enfrentou quedas de receita e uma perda de capilaridade nos últimos anos, durante a gestão anterior. Figueredo explicou que, apesar de o reajuste ser linear, o mercado de planos de saúde já adotava essa prática, especialmente após um ano de ajustes diferenciados.

– A atualização dos valores é essencial para garantir o equilíbrio financeiro da operadora e permitir que possamos manter a qualidade dos nossos serviços. – afirmou – Quando assumimos, a Geap estava enfrentando seis anos de queda nas carteiras de beneficiários. Fizemos uma avaliação de que os planos eram considerados bons e baratos para a faixa etária acima de 59 anos, mas as faixas mais novas estavam com preços elevados.

Figueredo destacou que, além do reajuste, o Convênio 001/2024, celebrado com a União, prevê um aporte de R$ 120 milhões, o que ajudará a sustentar o aumento dos custos no setor e assegurar a sustentabilidade dos planos da Geap a longo prazo.– A sinistralidade atual está abaixo de 74%, o que demonstra que nossas receitas superam as despesas.

Previsão de 2025

O diretor-presidente detalhou o avanço na rede de atendimento, que, até poucos anos, estava limitada a 16% da cobertura necessária.

– Reformulamos nossa rede e, no ano passado, conseguimos expandir para atender a 65% da rede necessária. Hoje, atendemos adequadamente em todos os estados – explicou.

Figueredo também anunciou uma parceria estratégica com a Cassi, com a assinatura de um contrato que permitirá a expansão dos serviços em 2025, com foco no interior do país.

–A Cassi tem uma rede de saúde de excelência, e essa parceria vai melhorar ainda mais a entrega de atendimento aos nossos beneficiários – concluiu.

Crescimento recorde

Em 2024, a Geap alcançou um crescimento expressivo, com a adesão de 47 mil novos beneficiários, o que representa o maior aumento nos últimos 30 anos.

Figueredo afirmou que a empresa usou inteligência de mercado para ajustar preços e otimizar sua competitividade, resultando em preços mais acessíveis em todas as faixas etárias.

– Agora, estamos em um momento de otimismo, com preços mais competitivos e um portfólio de serviços ampliado – completou.Próxima