BRASÍLIA - O governo avalia prorrogar em 2021 o programa que permitiu a suspensão de contratos e redução de jornada neste ano. A informação foi dada nesta quarta-feira pelo secretário especial de Previdência e Trabalho, Bruno Bianco.

— A prorrogação do programa ainda passará por uma análise do ministro, em última análise do presidente. Nós daremos ao presidente da República todos os subsídios técnicos e estamos avaliando de maneira criteriosa se ainda há necessidade, se os setores ainda estão usando o benefício emergencial e se entendemos que  precisaria de uma prorrogação — disse Bianco, durante a divulgação dos dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).

PUBLICIDADE

O chamado Benefício Emergencial (BEm) foi criado em 1º de abril para conter as demissões no mercado formal de trabalho e termina no dia 31 de dezembro.

Efeito pandemia: Desemprego  sobe a recorde de 14 milhões de desempregados em novembro

O mecanismo permite que empregadores e empregados firmem acordos para reduzir ou suspender a jornada de trabalho. Trabalhadores afetados pela medida têm parte dos salários compensada por repasses do governo.

A União reservou R$ 51 bilhões para a execução do programa e gastou R$ 32,6 bilhões com a medida. Apesar da sobra de recursos, o programa está restrito ao período de vigência do decreto de calamidade pública editado por causa da pandemia, que só vale até o fim do ano.

Segundo Bianco, a renovação exigiria novamente que regras fiscais fossem flexibilizadas, como ocorreu ao longo de 2020.

— Tudo isso precisaria de um Orçamento extraordinário — disse o secretário.

Com pandemia: Trabalho temporário vira prática nas empresas para repor vagas

De acordo com dados divulgados nesta quarta, 9,8 milhões de trabalhadores firmaram acordos de redução de jornada ou de suspensão de contratos até o dia 18 de dezembro. O número de negociações ultrapassa 20 milhões, porque um empregado por firmar mais de um acordo com diferentes empregadores.

Parte dos recursos já autorizados para este ano ainda impactarão o Orçamento de 2021. A expectativa da equipe econômica é que sejam desembolsados R$ 7,7 bilhões em janeiro para cumprir compromissos referentes a dezembro. O valor, no entanto, ainda não significa uma prorrogação do programa.

Bomba fiscal:Projetos no Congresso para ajudar estados e municípios podem custar R$ 589 bi à União

A criação do Benefício Emergencial é indicada por analistas como um dos motivos por trás dos números positivos do mercado de trabalho formal em 2020. Embora a compensação da União não tenha sido suficiente para repor todas as perdas salariais, a medida permitiu que os contratos fosse mantidos