domingo, 21 de março de 2021

Privatização dos Correios: Tudo o que você precisa saber

 


 

Recentemente, o governo anunciou uma lista com uma série de empresas que devem ser privatizadas… e os Correios estão no topo dessa lista. Nesse artigo, vou te mostrar qual é o impacto dessa iniciativa no Ecommerce e tudo o que precisa saber sobre a privatização dos Correios.

No vídeo abaixo, Bruno de Oliveira, fundador do Ecommerce na Prática, conta a opinião dele no assunto. Confira.

Correios Hoje

Se você trabalha com envio de mercadorias, com certeza já foi impactado pelos Correios pelo menos uma vez na vida. 

Sumiços, extravios, atrasos… Esses são só alguns dos problemas que lojistas costumam reclamar com relação ao serviço dos Correios. 

E não tem nada pior para a credibilidade de um Ecommerce do que problemas assim.

É muito frustrante para o empreendedor quando ele não tem controle sobre o acontecimento e tem que lidar com o cliente insatisfeito. Independentemente de quem é a “culpa”, ela sempre recai sobre a marca, causando uma impressão negativa.

Todos esses problemas têm uma explicação: gestão e investimento.

Verdade seja dita: o que os Correios fazem hoje no Brasil é uma façanha. É sério. Menos da metade das cidades dão retorno financeiro para a operação, então as outras “bancam” o serviço inteiro. Ainda assim, eles têm uma operação que entrega em cada canto do país, sem restrição, em prazos razoáveis.

Embora os Correios ainda sejam o principal meio de entregas do país, vêm acumulando prejuízos que já ultrapassaram a casa dos bilhões. A empresa vem tentando se reerguer e já provou que é possível fechar a conta no azul, mas tem a necessidade de um investimento alto e vive com uma margem de lucro apertada.

Correios geram prejuízo

Para você ter uma ideia, a margem de lucro em 2018 foi de menos de 1%.

Corrupção nos Correios

Além disso, a empresa ainda é vista como burocrática e com muitas brechas para desvios. Foi pelos Correios que o escândalo do Mensalão começou, em 2005. Em 2016, a Polícia Federal fez uma investigação sobre fraude de postagens.

Corrupção

Por fim, você com certeza já viu algumas vezes nos noticiários matérias sobre greves de funcionários dos Correios. Isso atrasa entregas e prejudica muito quem necessita desse serviço para tocar um negócio.

Portanto, a solução encontrada para a empresa continuar foi por meio da privatização. Desta forma, além de economizar dinheiro do governo que pode ser utilizado para outros projetos, a privatização dos Correios pode movimentar mais a economia e os Correios devem melhorar o serviço e – finalmente – dar lucro real.

Ou será que não vai funcionar bem assim? Vou falar mais sobre isso adiante…

Como vai funcionar a privatização dos Correios

Das 17 empresas listadas para privatização, os Correios têm a prioridade. Entre as justificativas para a ação, estão a ineficiência, brechas para corrupção e greves constantes.

Contudo, esse deve ser um longo processo, que deve durar de 2 à 3 anos. 

A razão disso é por não ser possível desestatizar os Correios através de uma simples venda para a iniciativa privada.

Os Correios têm o monopólio do serviço postal e do correio aéreo nacional (serviço postal militar) assegurado pela Constituição. Ou seja, sua privatização passa, obrigatoriamente, pelo Congresso, através da aprovação de uma Proposta de Emenda Constitucional (PEC). 

Esse tipo de processo não costuma ser concluído rapidamente.

Segundo Salim Mattar, secretário especial de Desestatização, Desenvolvimento e Mercados do Ministério da Economia, o modelo escolhido para a privatização dos Correios deve ficar mais claro no início de 2020.

A empresa deve primeiro ser incluída no Programa de Parcerias de Investimento (PPI), para que o caso seja passado ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que será o responsável pelos estudos e por apresentar as opções viáveis.

O Problema da privatização dos Correios

Como já disse antes, os Correios vêm acumulando muitos prejuízos nos últimos anos. Isso se deve, principalmente, por ele estar presente em 5.570 municípios do Brasil. 

Desses, apenas 324 geram lucro para a empresa.

Daí vem a importante reflexão que deve ser feita: Os Correios devem existir para dar lucro ou para cumprir função social?

Para uma empresa privada, que tem como objetivo primário o lucro, não faz sentido atuar em lugares onde se gera apenas prejuízo.

Para que esses locais se tornem lucrativos, é necessário um investimento pesado em infraestrutura. Isso passa tanto pelas mãos do poder público quanto da iniciativa privada.

Outro ponto que deve ser levado em consideração é o preço. Quem utiliza os Correios sabe que eles cobram um preço extremamente baixo, principalmente quando falamos de contratos corporativos.

Com a privatização, os preços tendem a aumentar consideravelmente.

Como a privatização dos Correios pode dar certo no Brasil

Uma das maiores justificativas para a privatização é a ineficiência, segundo o próprio governo federal.

Os Correios têm dois serviços distintos: um monopolista, de entrega de cartas, e o de entrega de pacotes, no qual ele precisa ser ágil o suficiente para competir com as grandes transportadoras do ramo. 

Como sabemos, essa agilidade está longe de ser real nos Correios.

O monopólio da carta, que fazia a diferença para a existência dos Correios, é um serviço que praticamente não existe mais.

Hoje, os Correios não têm compromisso com resultados. Eles ainda geram prejuízos à sociedade com atrasos e extravios de entrega e com a isenção de tributos federais, estaduais e municipais.

Para solucionar esse problema, a desestatização deve ser seguida de uma profissionalização dos funcionários, somada a independência de gestão para começar esse negócio.

Privatização dos correios precisa vir com profissionalização

Além disso, a abertura de capital na bolsa pode atrair investidores a injetarem dinheiro na empresa.

Esse foi o modelo usado, anos atrás, para a privatização do Banco do Brasil. Hoje, os resultados mostram que esse foi o caminho correto.

Alguns especialistas ainda sugerem a concessão da atividade por regiões ou a imposição de limites para a participação no leilão baseada no market share (porção de mercado) das empresas privadas.

Dessa forma, o modelo de privatização priorizará o aumento da concorrência, em vez da monopolização privada do setor.

Sabemos como a concorrência é importante para o aumento da qualidade dos produtos ou serviços.

Se uma empresa tem o monopólio de algum serviço, não tem porque investir na qualidade dele. Afinal, não há ninguém que ameace o seu domínio no mercado.

Prepare seu negócio para o futuro

A privatização dos Correios vai mesmo acontecer, quando a isso não há mais discussão. Mesmo que ainda demore alguns anos para de fato sair do papel, é importante estar preparado para as mudanças que ela acarretará.

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