quarta-feira, 13 de fevereiro de 2019

Marcola e mais 21 integrantes do PCC são levados para presídios federais




Marcola e mais 21 integrantes do PCC são levados para presídios federais
Sergio Lima/Folhapress - 21.ago.2001
Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, apontado como líder do PCC
Imagem: Sergio Lima/Folhapress - 21.ago.2001

Luís Adorno

Do UOL, em São Paulo

13/02/2019 08h55
Atualizada em 13/02/2019 11h32
O líder máximo do PCC (Primeiro Comando da Capital), Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, e outras 21 pessoas acusadas de terem ligação com a facção estão sendo transferidos na manhã de hoje para presídios federais. A informação foi confirmada ao UOL, sob anonimato, por dois promotores de Justiça.

Preso desde julho de 1999 e apontado como líder do PCC desde 2001, esta é a primeira vez que Marcola ficará em um presídio federal. Os 22 detentos devem permanecer no local por, pelo menos, dois anos.


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No final do ano passado, uma investigação apontou que havia um plano para tentar resgatá-lo do PCC da prisão. Essa ação resultou no pedido da Promotoria para que ocorresse a transferência. Em nota, a defesa reclamou não haver sido informada sobre a transferência (ver abaixo).

Dos 22, 15 são considerados da alta cúpula da facção e estavam no presídio de Presidente Venceslau, incluindo Marcola. Outros sete, que tinham determinação da Justiça de SP para serem transferidos desde novembro do ano passado, estavam no RDD (Regime Disciplinar Diferenciado), em Presidente Prudente.

Em nota, o Ministério da Justiça afirmou que "o isolamento de lideranças é estratégia necessária para o enfrentamento e o desmantelamento de organizações criminosas".


Movimentação na região de Presidente Prudente durante a transferência

UOL Notícias
PARA ONDE MARCOLA SERÁ LEVADO?
Segundo um promotor, por volta das 11h, os presos estavam no aeroporto de Presidente Prudente para serem transferidos. A previsão é de que sejam levados para Mossoró (RN), Porto Velho (RO) e Brasília, com o argumento de que a distância pode prejudicar a comunicação entre eles.

Decreto publicado pelo presidente Jair Bolsonaro no Diário Oficial da União de hoje autoriza o emprego das Forças Armadas para GLO (Garantia da Lei e da Ordem), no Rio Grande do Norte e em Rondônia, "para a proteção do perímetro de segurança das penitenciárias federais em Mossoró e em Porto Velho, em um raio de dez quilômetros, considerado a partir do muro externo da unidade prisional". A permissão será até o dia 27 de fevereiro.

O Depen (Departamento Penitenciário Nacional) informou que não pode citar, de forma oficial, o destino deles sob argumento de que seria uma informação perigosa, caso torne-se pública. O Brasil tem cinco presídios federais, administrados pelo Depen: Caranduvas (PR), Campo Grande (MS), Porto Velho (RO), Mossoró (RN) e Brasília (DF). No último, inaugurado em 2018, houve um estudo de viabilidade, do ano passado, que analisou se era possível colocar todos os membros do PCC ali.

Procurado, o governo do estado de São Paulo não confirmou a informação sobre a transferência.

Lalo de Almeida/Folhapress
Membros da cúpula do PCC estão presos na Penitenciaria 2 de Presidente Venceslau (SP)
Imagem: Lalo de Almeida/Folhapress
POLÍCIA EM ALERTA POR RETALIAÇÃO
Para a transferência, foi preparada uma operação com policiais do estado e da União. A reportagem obteve a informação de que há policiais civis e militares paulistas aquartelados e de sobreaviso para participar da operação. A transferência do líder do PCC e a realização de outras operações deixaram a polícia paulista em estado de alerta.

"Considerando sua periculosidade e a possibilidade de ações em retaliação, solicito aos senhores que repassem às suas unidades operacionais e de inteligência que nos passem de imediato qualquer informação relevante que possa surgir a respeito de movimentação em presídios, ações criminosas coordenadas ou qualquer tipo de ação de retaliação", escreveu ao UOL um dos comandantes da PM na manhã de hoje.

Um policial federal relatou à reportagem que existe a preocupação de que haja novos ataques violentos no estado, nos moldes de maio de 2006, quando mais de 500 pessoas foram assassinadas naquele mês. "Vamos redobrar os cuidados. A última vez que mexeram com o Marcola, em 2006, houve uma série de ataques nas ruas", disse.

O QUE DIZ A DEFESA DE MARCOLA?
Em nota, a defesa de Marcola reclamou de não ter sido informada sobre a transferência. "Questão de segurança do Estado. Nós advogados somos os primeiros suspeitos e os últimos a saber. Foi o tempo em que se confiava na advocacia", diz o texto.

Condenado a 232 anos e 11 meses de prisão por formação de quadrilha, roubo, tráfico de drogas e homicídio, Marcola estava preso na Penitenciária 2 de Presidente Venceslau, a 600 quilômetros da capital paulista.


Plano de resgate teria motivado pedido para transferência de Marcola

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