sexta-feira, 20 de outubro de 2017

Adolescentes fogem de saída cultural de centro socioeducativo, e ainda postam fotos

Levadas a evento na UnB, jovens infratoras escapam durante ida ao banheiro e ainda postam foto

    

João Paulo Mariano
redacao@grupojbr.com.br
Durante uma saída autorizada pela Justiça, duas jovens infratoras, internas do sistema socioeducativo do DF, fugiram. Elas estavam apreendidas na Unidade de Internação de Santa Maria (UISM) e, até o fechamento desta edição, ainda não haviam sido encontradas. A conduta dos agentes, inclusive do diretor da instituição, será investigada.

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A fuga ocorreu na terça-feira passada, durante palestra sobre gênero no sistema socioeducativo, na Universidade de Brasília. As jovens, que faziam parte de um grupo de oito meninas, teriam aproveitado uma ida ao banheiro para escapar. No dia seguinte, foi publicada uma foto no Facebook em que as duas fugitivas aparecem. O evento na UnB discutiu as dificuldades da vivência em instituições corretivas e a necessidade de ressocialização.
Fotografia foi postada no Facebook no dia seguinte à fuga. Foto: Reprodução/Facebook
Fotografia foi postada no Facebook no dia seguinte à fuga. Foto: Reprodução/Facebook
Uma das jovens, de 19 anos, têm passagens por roubo e fuga durante saidão. A outra tem 18 anos e também histórico de roubos.
A Secretaria de Políticas para Crianças, Adolescentes e Juventude informou que, por motivos de segurança, não poderia divulgar a quantidade de agentes no evento, nem mesmo quantos existem em cada unidade. Contudo, segundo o presidente do Sindicato dos Servidores da Carreira Socioeducativa (Sindsse-DF), Walter Marques, só havia três servidores – um deles era o diretor da UISM –, para cuidar do grupo de oito garotas.
“O ideal seria que houvesse nove agentes no espaço, um para cada interna e outro para atividades administrativas. São muitos menores para poucos servidores”, ressalta Marques. Ele lembra que atividades externas desse porte deveriam ser conduzidas pela equipe especializada nesse tipo de situação, o que não teria ocorrido.
Problemas em torno da falta de servidores
O presidente do sindicato dos agentes socioeducativos, Walter Marques, é enfático quanto ao culpado desses problemas: o déficit de pessoal. Para ele, a quantidade de profissionais é completamente insuficiente. “Hoje, há dificuldade para fazer o mínimo de atividades. Muitas são prejudicadas porque não existem pessoas para cumpri- las”, afirma. O estudo dos internos, por exemplo, é realizado com revezamento para garantir que haja agentes suficientes para impedir fugas ou brigas.
Atualmente existem 1.787 servidores, entre agentes e especialistas. A secretaria responsável pelo sistema informou que em todas as sete unidades existem 851 internos. Desses, 28 são meninas, contando com as duas foragidas, e cumprem decisão judicial em Santa Maria.
Marques lembra que o governo promoveu a descentralização dos centros ao abrir novas unidades, mas “se importou apenas com a parte física”. “A falta de efetivo compromete a medida socioeducativa e o trabalho pedagógico”, conclui

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