sábado, 23 de dezembro de 2023

Fórum Brasileiro de Segurança Pública denuncia punição de agente que cobrou promoção de direitos humanos na PRF

 

Fabrício Silva Rosa foi indiciado por conta do artigo intitulado "Lição de Tortura" O post Fórum Brasileiro de Segurança Pública denuncia punição de agente que cobrou promoção de direitos humanos na PRF apareceu primeiro em AlmaPreta.

23 dez2023- 08h20
O agente federal e defensor dos direitos humanos Fabrício Silva Rosa posa para a fotografia em primeiro plano. Ao fundo, cerca de dez pessoas estão sentados, assistindo a um locutor palestrar.
O agente federal e defensor dos direitos humanos Fabrício Silva Rosa posa para a fotografia em primeiro plano. Ao fundo, cerca de dez pessoas estão sentados, assistindo a um locutor palestrar.
Foto: Alma Preta

O Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) cobrou, na quinta-feira (22), um posicionamento público do Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) e da Polícia Rodoviária Federal (PRF) acerca das razões do indiciamento do policial rodoviário federal Fabrício Silva Rosa.

Segundo o órgão, o agente associado da entidade foi indiciado por conta do artigo intitulado "Lição de Tortura", no qual analisa, ao lado dos autores Samira Bueno e Renato Sérgio de Lima, a ausência de disciplinas voltadas à promoção de direitos humanos nas formações da instituição. A publicação ocorreu na Revista Piauí, em 27 de maio de 2022.PUBLICIDADE

O artigo observa as ações da corporação no caso envolvendo a morte por asfixia de Genivaldo de Jesus Santos, em uma viatura da corporação, em maio de 2022; e no episódio que culminou na morte dos policiais rodoviários Márcio Hélio Almeida de Souza e Raimundo Bonifácio do Nascimento Filho. Este último aconteceu em Fortaleza, dez dias antes da publicação. 

Segundo o texto, os dois casos coincidem com alterações recentes na matriz curricular de formação dos policiais rodoviários e com a extinção das comissões regionais de direitos humanos no âmbito da instituição. 

A publicação também aponta que "praticamente desapareceram da formação oficial desses policiais disciplinas que permitiriam aos profissionais lidarem com situações como a que vitimou Santos ou os policiais rodoviários".

A garantia de direitos humanos deve reger as instituições públicasPUBLICIDADE

Em nota, o FBSP lamentou o indiciamento por entender que "em nenhum momento o artigo e/ou entrevistas por ele concedidas na ocasião, incluíra informações sigilosas ou secretas sobre a corporação". A instituição declarou ainda que "a menção à ausência dessas disciplinas na grade curricular despertou o interesse público diante dos fatos ocorridos à época".

"Também causa profundo estranhamento a tentativa de cerceamento da liberdade de expressão e de pensamento do associado Fabrício Silva Rosa, atentando contra a defesa do trabalho técnico policial com qualidade e baseado no respeito aos direitos humanos, premissa basilar do Estado de Direito", pontuou o órgão. 

Para a FBSP, o MJSP e a PRF devem explicações sobre a suposta quebra de sigilo sobre o conteúdo da grade curricular da corporação e sobre qual foi a exata conduta que justifica o indiciamento do agente, para que não pairem dúvidas sobre o trabalho desenvolvido pelas instituições e "sobre o compromisso ético e político com a liberdade de expressão e com a premissa inviolável da garantia de direitos humanos que deve reger as instituições públicas". 

Segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, "essa manifestação torna-se ainda mais necessária depois dos atos cometidos contra nossa democracia no 8 de janeiro e que esses, sim, atentaram contra as instituições brasileiras". PUBLICIDADE

Mudanças na grade curricular da PRF

O artigo publicado pelo agente Fabrício Silva Rosa e seus coautores aponta que a disciplina de direitos humanos e integridade foi completamente eliminada do currículo do curso de formação em 2022.

Conforme o texto, a ementa deveria incluir matérias cruciais, tais como: PRF como promotora de direitos humanos, grupos vulneráveis, violência contra a mulher, crime análogo à escravidão, tráfico de pessoas e abordagem policial a grupos vulneráveis. No entanto, "essa disciplina tem hoje zero horas. Isso mesmo, zero horas. Nenhuma", ressalta a publicação.

Por outro lado, o artigo destaca que a disciplina "uso diferenciado da força (UDF)", cuja ementa trata de temas como os modelos de uso da força das instituições policiais e a doutrina para situações de contaminação por gás lacrimogêneo, entre outras, possui um total de quatro horas-aula presenciais e oito horas no ensino à distância. "Para se ter uma ideia, a disciplina armamento, munição e tiro acumula 66 horas no módulo presencial e dez horas em EAD", registram os autores.

Em 18 de dezembro, o MJSP determinou a alteração da grade curricular da Polícia Rodoviária Federal após casos de abordagens violentas que resultaram em mortes.

PUBLICIDADEO documento intitulado "Os fundamentos de formação da PRF" foi elaborado por uma comissão da PRF e contou também com a participação de especialistas de outras áreas do governo e da sociedade civil.

"Em uma democracia, cabe às polícias a manutenção da ordem pública e a defesa e promoção de direitos da população. [...] O Brasil vive um momento de radicalização político-ideológica das polícias e é preciso interromper esse movimento urgentemente", concluem os autores em "Lição de tortura". 

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