Apesar da queda nos casos de fuga, o número de rebeliões dispara 200% na Fundação Casa, entidade responsável pela internação de menores infratores no Estado de São Paulo.
Os motins passaram de dois para seis entre 2016 e 2017, de acordo com dados obtidos com exclusividade pelo repórter Pablo Fernandez, da BandNews FM.
Entre janeiro e outubro, 190 adolescentes escaparam de unidades mantidas pela instituição, sendo que apenas 45 deles voltaram a ser apreendidos. Em 2016, foram 302 fugitivos, com 85 recapturados.
Na última quarta-feira (29), a BandNews FM mostrou que a Fundação Casa gasta mais de 10 mil reais por mês com cada menor infrator. Para o promotor da Infância e Juventude de São Paulo Thales Cesar de Oliveira, o Estado falha na recuperação dos adolescentes.

“A reincidência vem aumentando e justamente porque quando o adolescente sai da Fundação Casa ele vai encontrar a mesma realidade que ele tinha antes de ser internado. O Estado falha ao querer tratar apenas o adolescente infrator”, afirmou.
A mesma opinião é compartilhada pelo próprio presidente da Fundação Casa, o secretário estadual de Justiça e Cidadania, Márcio Elias Rosa.
“Mesmo que ele fique um ano, dois anos, se ele sair e encontrar a mesma situação social, econômica e familiar, provavelmente ele volta. É injusto com a Fundação é porque o tempo que ele está lá dentro pode ser espetacular, mas precisaria ter continuidade”, ressaltou.
Sem recuperação, muitos menores acabando voltando para o mundo do crime. Como o adolescente que matou o marido de uma mulher – que não quis se identificar – na Avenida Almirante Delamare, na região do Heliópolis. O crime foi em maio de 2014 e o menor – prestes a completar 18 anos – acabou sendo libertado em dezembro.
“A gente tem muito medo. A minha família tem medo. Quando nós soubemos que a pessoa está solta e nossos nomes constam nisso. Na época, na delegacia, no depoimento dele, ele disse que não queria atirar na cabeça, queria atirar na perna”, afirmou a viúva.
Atualmente, duas propostas tramitam no Congresso. Uma delas prevê reduzir a maioridade penal para 16 anos e a outra eleva de 3 para 10 anos o tempo máximo de internação do menor infrator.