Secretário Guilherme Derrite descartou que em Santos a Operação Escudo esteja em vigor. Ele disse se tratar do reforço da Operação Verão.

Por Matheus Müller, Thiago D'Almeida, g1 Santos

 


Secretário de Segurança de SP, Guilherme Derrite concedeu entrevista coletiva em Santos — Foto: Silvio Luiz/A Tribuna Jornal
Secretário de Segurança de SP, Guilherme Derrite concedeu entrevista coletiva em Santos — Foto: Silvio Luiz/A Tribuna Jornal

morte do cabo da PM José Silveira dos Santos, nesta quarta-feira (7), em Santos, no litoral de São Paulo, mobilizou a Secretaria de Segurança de São Paulo (SSP-SP) a montar um gabinete na cidade para coordenar a operação policial da região, onde confrontos entre policiais militares e criminosos já resultaram nas mortes de sete suspeitos e três agentes.

O titular da pasta, Guilherme Derrite, também anunciou uma recompensa de R$ 50 mil por informações sobre o assassino do PM da Rota Samuel Wesley Cosmo.

"A legislação permite que eu, como secretário de segurança pública, emita uma resolução e possa pagar até R$ 50 mil para qualquer pessoa física ou jurídica que tenha informação privilegiada". Ele ressaltou que denúncia deve ser relevante para ocasionar prisão.

Na coletiva, na sede do Comando de Policiamento do Interior Seis (CPI-6), em Santos, Derrite destacou que é a primeira vez que o gabinete será instalado na região, e que a medida visa auxiliar na supervisão da operação com a identificação e busca dos autores dos crimes contra PMs.

Um dos primeiros posicionamentos dele foi sobre o nome da operação em vigor. Ele corrigiu uma informação errada da pasta, que, após a morte do PM da Rota Samuel Cosmo, disse ter deflagrado uma nova Operação Escudo na região.

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Secretário de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP), Guilherme Derrite, falou com a imprensa durante coletiva em Santos (SP) — Foto: Silvio Luiz/Jornal A Tribuna
Secretário de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP), Guilherme Derrite, falou com a imprensa durante coletiva em Santos (SP) — Foto: Silvio Luiz/Jornal A Tribuna

O secretário apontou que o aumento do efetivo no litoral de São Paulo após o assassinato do policial se deve a um reforço na Operação Verão e que a instalação do gabinete da SSP-SP no CPI-6, na quinta-feira (8), representa a 3ª fase da ação.

"Não está acontecendo nenhuma Operação Escudo. É Operação Verão. Na primeira fase o PM Marcelo morreu, na segunda o PM da Rota (Samuel Cosmo) e, agora, é a implementação da terceira fase com a transferência do gabinete pra santos e o reforço do efetivo na região", disse Derrite, citando as fases da Operação Verão, antes informada como Operação Escudo.

Operações semelhantes

Sobre a operação deflagrada na Baixada Santista, que já foi chamada de escudo e agora de verão, o secretário citou que as ações são bem parecidas.

"As estratégias [entre o reforço da Operação Verão e a Operação Escudo] são muito semelhantes. Temos saturação de tropas especializadas [que possuem equipamentos diferenciados], aumento de efetivo, saturação de uma área para que, em paralelo, a Polícia Civil possa fazer um trabalho de investigação, identificação, qualificação e pedido de prisão", apontou Derrite.

Vale destacar que a própria SSP-SP já explicou em outras oportunidades que a Operação Escudo é uma ação adotada pelo estado sempre que um policial sofre um ataque. Essa questão ganhou bastante destaque após a morte do PM da Rota Patrick Reis, em 27 de julho de 2023 -- na ocasião a ação durou 40 dias e resultou em 28 mortes.

“No estado [de São Paulo] a Operação Escudo já teve mais de 43 fases ano passado. É uma operação desencadeada em virtude de qualquer hostilização de policiais. Aqui no litoral o que existe é o reforço da Operação Verão”, disse Derrite.

Morte de policiais

Policiais militares Marcelo Augusto da Silva, Samuel Wesley Cosmo e José Silveira dos Santos, mortos na Baixada Santista (SP) — Foto: Reprodução/Redes Sociais e g1 Santos
Policiais militares Marcelo Augusto da Silva, Samuel Wesley Cosmo e José Silveira dos Santos, mortos na Baixada Santista (SP) — Foto: Reprodução/Redes Sociais e g1 Santos

No dia 26 de janeiro, o policial militar Marcelo Augusto da Silva foi morto na rodovia dos Imigrantes, na altura de Cubatão. Ele foi baleado enquanto voltava para casa de moto na rodovia. Uma grande quantidade de munições estava espalhada na rodovia. O armamento de Marcelo, no entanto, não foi encontrado.

Segundo a Polícia Civil, Marcelo foi atingido por um disparo na cabeça e dois no abdômen. Ele integrava o 38º Batalhão de Polícia Militar Metropolitano (BPM/M) de São Paulo, mas fazia parte do reforço da Operação Verão em Praia Grande (SP).

No dia 2 de fevereiro, o policial das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota) Samuel Wesley Cosmo morreu durante patrulhamento de rotina na Praça José Lamacchia, no bairro Bom Retiro. O agente chegou a ser socorrido para a Santa Casa de Santos (SP), mas morreu na unidade.

Vídeo mostra o PM da Rota sendo baleado no rosto em viela no litoral de SP

No dia 7 de fevereiro, o cabo PM José Silveira dos Santos, do 2⁰ Batalhão de Ações Especiais de Polícia (BAEP), morreu após ser baleado durante patrulhamento no bairro Jardim São Manoel, em Santos. Segundo a Polícia Civil, durante a ação, um suspeito pulou do quarto andar de um prédio e morreu. Outro policial militar e um outro suspeito também foram baleados e estão internados.

Sete mortes

Com a morte dos policiais, uma nova fase da Operação Escudo começou na Baixada Santista. As ações policiais na região tem o objetivo de localizar e prender os envolvidos pela morte dos policiais. Segundo a Secretaria de Segurança Pública, sete pessoas morreram em confrontos com a polícia.

Cinco pessoas foram presas. O g1 entrou em contato com a Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo (SSP-SP) para questionar sobre atualizações da Operação Escudo, mas ainda não obteve retorno.

Defensoria pública

A Defensoria Pública de São Paulo anunciou que vai prestar atendimento e coletar relatos de vítimas e testemunhas de violência policial durante a nova Operação Escudo, estabelecida no litoral paulista.

Segundo o órgão, o atendimento será prestado enquanto a operação durar. Não há um prazo divulgado oficialmente sobre o final das ações policiais na região.

O atendimento será oferecido de segunda a sexta-feira nas unidades locais da Defensoria e pelo Núcleo Especializado de Cidadania de Direitos Humanos (NCDH).

O atendimento será oferecido de segunda a sexta-feira nas unidades locais da Defensoria e pelo Núcleo Especializado de Cidadania de Direitos Humanos (NCDH).

Confira abaixo os endereços e contatos para atendimento:

  • Unidade Guarujá
    Av. Adhemar de Barros, 1327, Jardim Helena Maria, Guarujá-SP
    Das 10h às 17h
    (13) 2101-9000
    unidade.guaruja@defensoria.sp.def.br
  • Unidade Praia Grande
    Rua Apolônio Dias da Silva, 51, Vila Mirim, Praia Grande-SP
    Das 10h às 17h
    (13) 2102-1100
    unidade.praiagrande@defensoria.sp.def.br
  • Unidade São Vicente
    Rua Jacob Emmerich, 944, Centro, São Vicente-SP
    Das 8h às 15h
    (13) 2102-3929 / 2102-3930
    unidade.saovicente@defensoria.sp.def.br
  • Unidade Santos
    Rua João Pessoa, 241, Centro, Santos-SP
    Das 10h às 17h
    (13) 2102-2450
    unidade.santos@defensoria.sp.def.br

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