Portanova explica que a “aposentadoria aos 65 anos” nada mais é do que o Benefício de Prestação Continuada (BPC/Loas), concedido a idosos acima de 65 anos e pessoas com deficiência, mas que exige a comprovação de baixa renda (a divisão da renda mensal total deve ser inferior a 25% do salário mínimo nacional — R$ 275 — por cada integrante da família). Portanto, não se aplica a todos.
Na maior parte dos casos, diz o advogado Guilherme Portanova, a pessoa acredita no anúncio e dá toda a documentação aos fraudadores.
— Eles realmente acreditam que têm direito ao benefício. Algumas pessoas, inclusive, pagam algum adiantamento (em dinheiro) pelas aposentadorias que nunca vão receber — diz o advogado.
— Eles conseguem informações por meio de técnicas de persuasão. Conseguem que a vítima forneça seus dados. E os fraudadores ficam cada vez melhores — diz o educador financeiro, William Ribeiro, do canal Dinheiro com você.
Pedir revisão somente nos canais oficiais
As revisões que o INSS faz em alguns benefícios também têm sido usadas por golpistas como chamariz para obter dados pessoais de beneficiários. As abordagens podem ocorrer por carta, e-mail, telefone ou mensagem de celular. Segundo o instituto, em caso de tentativa de golpe, é preciso denunciar o fato pelo site https://falabr.cgu.gov.br/ ou pela central telefônica 135.
Na revisão administrativa, o INSS notifica os beneficiários apenas por carta enviada para os endereços cadastrados em seus sistemas. Se a pessoa não for localizada, a notificação ocorre por publicação no Diário Oficial da União. Quem for convocado a apresentar documentos para regularizar um benefício deve usar os canais oficiais de atendimento: Meu INSS (site ou aplicativo) ou agência da Previdência Social (nesse caso, sempre mediante agendamento prévio via Meu INSS ou telefone 135).
Um novo pente-fino em benefícios por incapacidade temporária do INSS (antigos auxílios-doença) vai começar em agosto deste ano. As convocações poderão chegar por carta, notificação do banco pagador, e-mail ou publicação no Diário Oficial da União. Em todos os casos, o beneficiário sempre deverá agendar a perícia médica revisional por um dos canais oficiais de atendimento.
O órgão também faz avaliações administrativas nos Benefícios de Prestação Continuada (BPC/Loas) desde 2019. Neste caso, é analisado se a pessoa que recebe o BPC tem outras fontes de renda oficiais que a tornem inelegível ao pagamento. Quando um caso de renda incompatível com o benefício é identificado, inicia-se um processo de averiguação junto ao segurado, que ganha um prazo para defesa. Se após a análise o pagamento for cessado, o segurado ainda terá direito a recurso. Também é necessário agendamento.
No celular: ‘Alô, aqui é do INSS’. Mas não é
Uma aposentadoria “magrinha” e um desconto de 30% tiraram o sono de uma professora aposentada por alguns bons meses. Vítima da “engenharia social”, uma espécie de golpe que convence a pessoa a passar informações confidenciais, a octagenária diz que tomou um susto ao pegar o extrato de benefício e ver o desconto de um empréstimo consignado que nunca havia pedido.
O golpe do qual ela foi vítima, infelizmente, é comum: o celular toca e, do outro lado da linha, uma voz simpática, normalmente carregada com um sotaque diferente, diz ser do INSS e pede a confirmação de alguns dados “por questão de segurança”. Normalmente, são solicitados números de identidade, CPF, benefício previdenciário e até endereço.
De posse dessas informações, os golpistas fazem empréstimos consignados, compram bens e deixam o aposentado sem saber como o nome foi parar em transações financeiras.
Tia Cida, como é conhecida, conseguiu com a ajuda dos netos bloquear o desconto e ter o dinheiro devolvido depois de provar que não fez a solicitação de empréstimo.
Procurado, o INSS informou que se o segurado já caiu em um golpe precisa registrar uma queixa na delegacia policial e comunicar o fato aos órgãos envolvidos (o próprio instituto e o banco em que recebe o benefício, se for o caso
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