segunda-feira, 12 de abril de 2021

Pastoral do Menor e Fundação Casa: 14 anos de histórias

 


A Pastoral do Menor deve encerrar os trabalhos na Fundação Casa de Franca, no dia 31 de outubro. Funcionários lamentam o final do vínculo. Eles contam os trabalhos realizados e os ensinamentos que levam. Fica a preocupação daqueles que saem sobre o trabalho que será realizado durante a gestão plena do Governo do Estado de São Paulo.

Franca 6 horas atrás
  
Pedro Baccelli
da Redação
 
Imagem da faixada da Fundação Casa de Franca 
Arquivo/GCN
Em janeiro de 2008, há 13 anos, Sílvia Helena Gonçalves, de 60 anos, iniciou um trabalho de valorização na Fundação Casa. Ao final do ano, quando sair, ela deixará um legado de vidas transformadas. “Durante o trabalho desenvolvido na Fundação Casa procuramos sempre valorizar os jovens e suas famílias tratando com respeito e carinho”. 
 
Inúmeros jovens chegaram sem perspectiva de futuro. “Sempre tentamos incutir na cabeça destes jovens que o futuro depende das escolhas que eles fazem hoje. Assim, procuramos mostrar que é possível a construção de um futuro longe do meio ilícito”. 
 
Casada e mãe de uma filha. Este sentimento materno instiga a moradora do bairro São Joaquim a querer acompanhar o retorno dos seus “filhos adotivos” a sociedade. “O futuro a Deus pertence. Mas gostaria de continuar acompanhando estes jovens em seu retorno ao convívio social”.
 
Lindsay Lemos Ferreira, de 34 anos, atuou como assistente social durante dez anos. Hoje, como gerente administrativa, ela olha o trabalho já realizado na Fundação Casa e descreve como uma experiência muito rica. “É uma experiência que contribuiu muito para a minha prática profissional. A minha formação em serviço social. É algo que me faz aprender todos os dias, com as histórias de vidas dos adolescentes e famílias”.
 
A moradora do Jardim Piratininga encara como uma regressão a saída da Pastoral. “A gente consegue conhecer cada um deles, com a sua individualidade. A Pastoral do Menor saindo acredito que vai cair muito a qualidade do trabalho. Por que a gente tem a equipe sempre completa de profissionais. Conseguimos oferecer um trabalho de qualidade”. 
 
Casada e mãe de um casal, Lindsay cogita a possibilidade de continuar trabalhando na área de ação social pós-Fundação Casa. “Estou concluindo mestrado na Unesp (Universidade Estadual Paulista). Acredito ser que siga nesta área (assistência social). Mas ainda não tenho nada em vista”.
 
Renata Oliveira Pimenta, de 30 anos, enxerga os adolescentes além de seus erros. A psicóloga explica que os jovens precisam ser estimulados. “O adolescente não é só o ato infracional ou a rebeldia normalmente apontada no período de evolução da adolescência. É um ser que necessita ser acolhido, escutado e estimulado nas diversas temáticas”.
 
Há um ano e seis meses no trabalho, Renata, junto à equipe da Pastoral, deixa um “legado de humanidade, acolhimento e escuta inenarrável”, segundo definiu. A moradora da Colina do Espraiado explica que todos os adolescentes foram tratados com dignidade. “Todos os adolescentes foram tratados com dignidade e quando era percebido o contrário, as medidas cabíveis eram acionadas”. 
 
Renata espera que o Estado esteja preparado para assumir o serviço após a não renovação da gestão compartilhada com a Pastoral. Para o futuro profissional, segue o desejo de atender o público infanto-juvenil. “Mas espero continuar trilhando o caminho no atendimento à criança e adolescente”.
 
Despedida
Patrícia Aparecida Carloni, de 30 anos, começou a trabalhar na Fundação Casa em 2014. Diferente das demais, ela deixou o local no início deste ano. A moradora do Jardim Paulistano leva a vivência com diferentes realidades como aprendizado. “Foi um período enriquecedor. Nós vivemos muitas realidades, que às vezes estavam distantes e, agora, estão próximas. É um amadurecimento como ser humano”. 
 
Patrícia é auxiliar administrativa. Ela encara como uma perda o final do vínculo com a casa socioeducativa. “Acho que é uma grande perda, porque todos os agentes que estão lá veem aquilo como uma missão, não só um trabalho. Todos se dedicam muito, acreditam na melhora do adolescente que está lá. E acreditar faz toda diferença no desenvolver do trabalho”.
 
Casada e mãe de um filho. Patrícia diz “não ter palavras” para definir o final desta trajetória. 

2 comentários:

  1. Ja tava na hora Bay bay

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  2. Fico triste pelos profissionais que iram deixa o serviço mas sou a favor da saida da ONG

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