segunda-feira, 3 de setembro de 2018

Servidores do Estado têm de encarar fila para agendar exames

Servidores do Estado têm de encarar fila para agendar exames

Centenas de funcionários públicos estaduais tiveram de madrugar e enfrentar fila quilométrica para tentar marcar exames na Santa Casa pelo Iamspe; antes, agendamentos eram feitos pelo telefone


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Funcionários públicos em fila do lado de fora da Santa Casa(Fotos: Tatiana Pires 20/2/2018)
Centenas de funcionários públicos do Estado de São Paulo tiveram que enfrentar uma fila para conseguir marcar exames de cardiologia, nesta terça-feira, dia 20, na Santa Casa de Rio Preto - único hospital credenciado para fazer exames na região pelo Iamspe (Instituto de Assistência Médica ao Servidor Público Estadual). A fila dobrava a esquina da entrada para o hospital, na rua Tiradentes. A Santa Casa informou que foram atendidos 318 pacientes e agendados 1.120 exames.
Os pacientes reclamavam que o agendamento, que antes era feito por telefone ou pessoalmente em qualquer dia, passou a ser realizado a cada dois meses somente nos dias 20. A Santa Casa, no entanto, informou que o problema era pontual e que ocorreu em razão de um equívoco de uma funcionária terceirizada que faz o agendamento. Na manhã desta segunda-feira, somente duas funcionárias estavam atendendo as centenas de pacientes. A espera durou cerca de seis horas.
Moradora de Riolândia, a professora aposentada Tercilia Carvalho de Jesus Narassi, de 76 anos, chegou na fila por volta das 6h30. Ela veio preparada: trouxe um banquinho e um guarda-chuvas. "Ano passado aconteceu a mesma coisa, mas consegui marcar exames. Dessa vez, trouxe o banquinho porque sabia que a espera seria longa. E mesmo com o guarda-chuvas, molhei as costas", conta a aposentada que pretendia marcar dois exames: doppler de safena e doppler de carótidas e vertebrais bilateral. Ela estava indignada. "Trabalhei por dois períodos para ter um dinheirinho, mais a aposentadoria defasada, aí quando precisamos de atendimento é esse pouco caso. Pedem para todo mundo vir no mesmo dia e numa hora só".
Com dor nas costas e problemas circulatórios, a professora Marilde de Fátima Toninatto, 52 anos, permanecia na fila para agendar exames de esteira, ecocardiograma e doppler. Ela mora em Estrela d'Oeste e precisou viajar 220 quilômetros e "perder o dia de serviço. Antigamente agendava por telefone. Hoje, temos que ficar na fila, debaixo de chuva, sujeito a ficar doente. Com fome, sede, sem lugar para ir no banheiro. Para o Estado, primeiro morre, depois faz o exame." Ela se queixa: "tenho pressão alta, problema circulatório, dor na perna direita. Olha o nervoso que a gente passa e podia estar trabalhando".
A professora Evanir Euzébio Fernandes, 57 anos, que encarou a fila para marcar exames para a mãe dela, Arlinda Lima da Silva, 79 anos, pretende recorrer ao SUS em busca de mais agilidade. "Ela passou pelo médico no dia 2 de maio e ainda não conseguimos marcar os exames. Se não conseguir uma data hoje, vou tentar o SUS para ver se é mais rápido. Uma senhora da idade da minha mãe não pode esperar tanto assim".
A demora no agendamento também perturba o professor aposentado Job Tenório de Lima, 59 anos. Ele conta que há seis meses tem tentado marcar os exames de doppler e esteira. "É um absurdo porque temos o desconto em folha. Se marcar hoje, vão fazer o exame daqui uns dois meses. Bom, se marcar ainda estamos gratos".

Erro de funcionária, diz Santa Casa

A grande fila que se formou em frente à Santa Casa para agendamento de exames foi "um problema pontual", segundo o administrador da Santa Casa, Valdir Furlan. "Foi um equívoco da funcionária terceirizada do setor de cardiologia, que orientou de forma errada os pacientes a virem todos hoje", alegou. "Criou-se uma fila desnecessária, com pessoas de várias regiões, como Araçatuba, Barretos, Jales, Araraquara".
Em nota, a assessoria de imprensa do Iamspe confirmou a alegação. "A direção do Instituto entrou em contato com o provedor da Santa Casa de São José do Rio Preto, que informou tratar-se de um problema pontual nas marcações de procedimentos cardiológicos e que não deverá ocorrer novamente".
O comunicado diz ainda que a "Santa Casa é um dos prestadores com maior remuneração do Estado de São Paulo. O valor atual está de acordo com a capacidade de atendimento do hospital. Nos últimos três anos, foram repassados para instituição mais de R$ 45 milhões".
Questionada sobre as medidas que pretende adotar para melhorar o atendimento aos beneficiados, o Iamspe afirmou que recentemente publicou editais de credenciamento para ampliar a oferta de exames no município. "Ao todo, foram selecionados três novos prestadores, que iniciam os atendimentos em março. Com essa adequação, o Instituto investe na cidade mais R$ 1,25 milhão neste ano".
Para marcação de consultas e de exames, a orientação é de que os usuários entrem em contato diretamente com o Ceama de Rio Preto através dos telefones: (17) 3235-4055 / 3414/ 3425. Na região, o Iamspe está presente em 12 municípios. (TP)

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