terça-feira, 3 de janeiro de 2017

Facção que atua nos presídios é suspeita de ter apoio de desembargadora

PF investiga desde 2015 facção que comandou rebelião no presídio de Manaus

Penitenciária amazonense registrou massacre de, pelo menos, 56 pessoas no último domingo (1º); desembargadora e juiz do AM são suspeitos de envolvimento com organização criminosa.

PF identificou ação de facções no presídio em operação em 2015
Tráfico de drogas, lavagem de dinheiro, roubos, homicídios, sequestro, tortura, corrupção. Os sinais de que uma facção criminosa estava crescendo em Manaus (AM) levaram a Polícia Federal do Amazonas a deflagrar a Operação La Muralla, em novembro de 2015.
A primeira fase teve cerca de 130 mandados de prisão preventiva. Segundo as investigações, o grupo controlava desde a fronteira com a Colômbia e o Peru até a principal rota do tráfico de drogas no Amazonas, pelo rio Solimões, e era conhecida pela violência.
Ainda de acordo com os investigadores, a facção tinha até estatuto e um cadastro de cada integrante, feito em computador, com detalhes como data de ingresso na facção, padrinho no crime e a especialidade de cada criminoso.
A segunda fase da operação investigou suspeitas sobre a participação de integrantes do poder Judiciário. Em junho do ano passado, autorizados pelo Superior Tribunal de Justiça, policiais federais fizeram buscas na casa e no gabinete da desembargadora do Tribunal de Justiça do Amazonas, Encarnação das Graças Sampaio Salgado, e do juiz da Vara de Execuções Penais Luis Carlos Honório de Valois Coelho.
A desembargadora foi afastada do cargo depois de ter sido apontada como suspeita de conceder prisão domiciliar com base atestados médicos falsos.
Ao tomar a decisão, a corte especial do Superior Tribunal de Justiça disse que, segundo o Ministério Público Federal, a desembargadora é suspeita de receber vantagem ilícita em troca de decisão judicial.
Segundo as investigações, um dos presos contou que um grupo de advogados procurou um médico para fornecer laudos falsos. Com base no atestado, com doenças como Aids ou tuberculose, o advogado entrava na Justiça. O valor cobrado era de R$ 100 mil.
Os advogados sabiam os nomes dos juízes envolvidos e escolhiam os plantões deles, de acordo com a investigação.
Um preso disse que, na cadeia, todos comentavam que o esquema seria com uma desembargadora.
O juiz Luis Carlos Honório de Valois Coelho, da Vara de Execuções Penais, também teve seu nome mencionado em conversas entre advogados e presos da facção, interceptadas pela polícia.
Em uma das mensagens, uma advogada diz para um dos criminosos: "Mano, temos que fazer alguma coisa para manter o Valois".
O juiz estaria sofrendo pressão para deixar a Vara de Execuções Penais.
Nesta segunda (2), o juiz foi um dos negociadores oficiais para tentar acabar com a rebelião , junto com representantes da Secretaria de Segurança Pública e da OAB.
Até agora, o Ministério Público Federal já apresentou 15 denúncias contra mais de 100 investigados.
A parte da investigação que se concentra nas suspeitas sobre o poder Judiciário foi transferida para o Superior Tribunal de Justiça, porque a desembargadora Encarnação Salgado tem foro privilegiado.
Na última sessão do ano, os ministros decidiram prorrogar o afastamento dela por mais 6 meses, mas parte do inquérito está sob sigilo.

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