O impressor Guilherme Cavalheiro, 37, teve uma surpresa no seu WhatsApp ontem. No meio da noite, a área de Relações Humanas da Imesp (Imprensa Oficial do Estado de São Paulo) avisou, por mensagem, que ele havia sido demitido após 17 anos de serviços prestados.
Como Guilherme, outros 154 funcionários da Imesp receberam o aviso ontem. Em meio aos projetos de desestatização da gestão João Doria (PSDB), o órgão foi anexado à Prodesp (Companhia de Processamento de Dados do Estado de São Paulo) e fez reestruturação dos funcionários.
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Nessa reestruturação, o governo paulista fechou o parque gráfico da Imesp, que imprime todas as publicações do estado e do município, e da EdUSP (Editora da Universidade de São Paulo). Os funcionários alegam surpresa, o estado diz ter oferecido plano de demissão.
Até então, 154 funcionários foram demitidos. Segundo alguns deles, os avisos foram dados por WhatsApp e telegrama.
"Nós fomos informados ontem, dia 2, de que seríamos demitidos da Imprensa Oficial. O problema disso é que o governador João Doria disse que era incorporação, e no final está demitindo sem nos dar chance de realocação ou continuidade da gráfica do Estado", conta Cavalheiro.
O projeto de Doria é estruturado em uma série de leis estaduais encabeçadas pela gestão. Segundo o governo, a anexação é voltada a "otimizar recursos públicos e evitar a degradação do negócio".
"A empresa enfrentaria prejuízo a partir de 2022, principalmente após publicação da Lei 13.818/2019, que desobriga a publicação de balanços no Diário Oficial, a maior fonte de receita da empresa", diz a Imesp, por meio de nota.
Para isso, no ano passado, o estado iniciou um PDI (Programa de Desligamento Incentivado), oferecendo meses a mais de plano de saúde e um valor extra em dinheiro de acordo com o tempo na casa. Cerca de 30% do quadro, 223 funcionários, aderiram.
"Dentre essas reduções, a Imprensa Oficial seria fundida com a Prodesp, só que, depois na aprovação junto à Alesp, [neste ano] virou incorporação. Em nenhum momento nos falaram que seria uma demissão em massa. Não temos nem o número exato ainda, pois ainda estão chegando telegramas", afirma Cavalheiro, que trabalhava na Imesp desde 2004.
Os funcionários se dizem surpresos. "Não teve nenhuma reunião conosco. Não nos deram opção de continuar nos nossos cargos ou migrar para algum da Prodesp", afirmou Cavalheira. "Uma empresa do tamanho da Prodesp não absorver esses funcionários em plena pandemia, achamos isso um absurdo."
A Imesp, por sua vez, diz que os cargos eram "duplicados". "Os 154 demitidos atuavam em áreas que foram extintas na Imesp e que não existem na Prodesp. O processo de incorporação ainda está em curso e só depois de finalizado é que teremos o número de funcionários absorvidos pela incorporadora", argumenta o órgão.
Na manhã de hoje, os sindicatos dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo, dos Empregados da Administração das Empresas Proprietárias de Jornais e Revistas de São Paulo e dos Trabalhadores nas Indústrias Gráficas, Comunicação e Serviços Gráficos de São Paulo e Região fizeram um ato de protesto na sede da Imesp.
O grupo enviou um ofício ao governo do estado para tentar reverter a decisão e pede uma reunião online com o governo. Até então, não foram respondidos.
Em nota, a Imprensa oficial afirmou que "o ofício já foi enviado". "A sugestão é para reunião presencial amanhã (04/06/2021), às 14h, na sede da Imesp. Devido a pandemia, a participação será restrita a um representante de cada categoria sindical. É obrigatório o uso de máscara e local permitirá o cumprimento do distanciamento social recomendado pelas autoridades sanitárias", diz o texto enviado após a publicação desta reportagem
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