terça-feira, 15 de maio de 2018

Quem ofender a PM de SP corre risco de vida, afirma governador

Quem ofender a PM de SP corre risco de vida, afirma governador

Folhapress
KAIO ESTEVES
ARAÇATUBA, SP (FOLHAPRESS) - O governador paulista, Márcio França (PSB), disse nesta segunda-feira (14) que aquele que ofender a farda da Polícia Militar, ofender a integridade policial, está correndo risco de vida.
"As pessoas têm que entender que a farda deles [PM] é sagrada, é a extensão da bandeira do estado de São Paulo. Se você ofender a farda, ofender a integralidade do policial, você está correndo risco de vida. É assim que tem que ser", afirmou o governador, em Araçatuba (SP).
A declaração foi mais um capítulo em referência à reação da policial militar Katia da Silva Sastre, 42, que no último sábado matou um ladrão durante tentativa de assalto em frente a uma escola em Suzano, na Grande São Paulo.
Como mostrou reportagem da Folha de S.Paulo nesta segunda, o governador contrariou estratégia da Polícia Militar ao organizar uma cerimônia em homenagem à cabo.
Isso porque o ato oficial para enaltecer a policial pode passar mensagem equivocada à tropa e à população de incentivo às pessoas reagirem a assaltos -na contramão da orientação da polícia. Outra é que a morte de ladrões seja vista pela corporação como algo incentivado pelo governo, após a escalada nos últimos anos do número de mortos pela polícia -alta de 10% em 2017, com 943 casos, recorde desde 2001.
Todas essas ponderações mesmo que a atitude da cabo tenha sido correta diante do risco no caso específico.
"É claro que a gente gostaria que não acontecessem casos assim, mas, quando acontecem casos como este, eu fiz questão de elogiar. Acima de tudo, como mãe, ela deu um exemplo para a sociedade", disse o governo, que será candidato à reeleição em outubro.
"Quando um médico, a polícia, um político fazem coisas erradas, a gente não tem que criticar? Do mesmo jeito, quando fazem uma coisa certa, que é acima da obrigação, a gente tem que elogiar. Não custa nada elogiar. A PM é o único setor público em que, quando falham, são identificados. Em qualquer lugar que eles andam, sabem que são policiais. Então são vulneráveis", acrescentou.
As afirmações de França remetem a declaração do então governador Geraldo Alckmin (PSDB), em 2012, sobre uma ação da PM que terminou com nove mortos no interior de SP. "Quem não reagiu está vivo", declarou o tucano na ocasião.
Também nesta segunda-feira, o governador criticou a reportagem da Folha de S.Paulo segundo a qual, ao fazer uma cerimônia para enaltecer a mãe PM que matou um ladrão, ele adotou estratégia em ano eleitoral oposta à definida pela própria cúpula da polícia para reduzir os índices de letalidade da corporação.
"A Folha está totalmente equivocada porque ela ouviu especialistas em segurança. A meu ver, os especialistas em segurança são os policiais militares", afirmou França.
A reportagem, no entanto, aponta críticas de especialistas em segurança pública não à policial militar, mas ao ato do governador, pelo temor de que a homenagem possa passar mensagens equivocadas à tropa e à população.
O coronel Marcelo Vieira Salles, novo comandante-geral da PM, havia manifestado preocupação nos últimos dias com a letalidade policial -apesar da queda no primeiro trimestre- e dado orientação a subcomandantes de que reduzi-la era prioridade.
Salles disse aos subordinados que a estratégia era a de evitar qualquer exaltação de mortes cometidas por PMs.
Pré-candidatos ao governo reagiram de forma diferente à iniciativa de França, porém tanto o presidente da Fiesp, Paulo Skaf (MDB), como Luiz Marinho (PT) viram como natural a atitude da policial.
Em nota, Skaf concordou com França. Segundo ele, a cabo cumpriu seu dever em defesa da sociedade e mereceu o reconhecimento que recebeu." Já Luiz Marinho, embora tenha visto com naturalidade a reação da policial, afirmou que o governador cometeu um conjunto de falhas. "Você enaltecer a morte, a letalidade, acho muito perigoso. A valorização da polícia é necessária, mas não é isso que estão pedindo. Querem ser valorizados para não ter que fazer bico para sobreviver."
O ex-prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), não quis comentar sobre o caso

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