sexta-feira, 11 de abril de 2025

Valorização Permanente dos Servidores Públicos e Impactos para a Sociedade

 

Em defesa dos servidores e do serviço público de qualidade

 
 
 

Por Ricardo Queiróz e Ariana Rumstain

Nos últimos anos, os servidores públicos têm sido apresentados a propostas de bonificação por produção como forma de incentivo ao desempenho. Embora inicialmente essa abordagem possa parecer benéfica, é crucial analisar seus reais objetivos e os efeitos concretos sobre o trabalho e a qualidade dos serviços prestados à população. Especialistas e entidades representativas têm criticado essa política, argumentando que ela não promove uma valorização real dos profissionais e pode gerar impactos negativos, como a falta de reconhecimento permanente e possíveis distorções nos critérios de avaliação de desempenho.

A lógica por trás da bonificação por produção

Esse modelo vem da chamada Nova Gestão Pública, que busca aplicar no serviço público práticas do setor privado. A ideia é simples: estabelecer metas e premiar quem entrega mais resultados. Mas essa lógica parte de uma visão distorcida do serviço público, tratando o trabalhador como um agente isolado de produtividade, como se a complexidade dos serviços pudesse ser reduzida a números e metas.

Políticas de bonificação podem estabelecer critérios de concessão que favorecem predominantemente cargos de direção, em detrimento dos demais membros da equipe. Essa prática pode gerar descontentamento e desmotivação entre os servidores que não ocupam posições de liderança, pois percebem uma valorização desigual dentro do ambiente de trabalho. Além disso, ao priorizar recompensas individuais para a alta gestão, corre-se o risco de negligenciar a contribuição coletiva essencial para a prestação eficaz dos serviços públicos.

A concepção de que a escola pode, isoladamente, resolver todos os desafios enfrentados pelos alunos desconsidera a complexidade das influências externas que impactam o desempenho educacional. Fatores como condições habitacionais precárias, acesso limitado a serviços de saúde, insegurança alimentar e violência doméstica são determinantes significativos no processo de aprendizagem. Ignorar a interdependência entre a educação e outras políticas públicas, como assistência social, saúde, segurança e habitação, é negligenciar a realidade multifacetada em que os estudantes estão inseridos.

Estudos indicam que a falta de articulação entre a escola e essas políticas pode agravar problemas como a evasão escolar, especialmente entre jovens em situação de vulnerabilidade social. Portanto, é essencial promover uma abordagem intersetorial, onde a escola atue em conjunto com outras esferas governamentais e comunitárias, reconhecendo que a melhoria da qualidade educacional está intrinsecamente ligada ao fortalecimento de uma rede de suporte abrangente e integrada.

As armadilhas da bonificação por produção

• Insegurança e volatilidade: o bônus não é incorporado ao salário, não compõe aposentadoria e pode ser interrompido a qualquer momento. O servidor trabalha mais, mas sem garantia de reconhecimento contínuo.

• Favorecimento de setores já estruturados: metas são mais fáceis de atingir onde há melhores condições. Áreas com falta de pessoal, sobrecarga ou maior complexidade tendem a ficar para trás, ampliando desigualdades internas.

• Competição e isolamento: ao valorizar o desempenho individual, a bonificação enfraquece o trabalho em equipe, estimula comparações e pode gerar disputas entre colegas.

• Desvio de foco: a prioridade passa a ser cumprir indicadores, mesmo que isso prejudique a qualidade do atendimento ou distorça o sentido do trabalho.

• Substituição da política salarial: governos utilizam bonificações para evitar discutir


As vantagens do plano de carreira e da valorização permanente

• Previsibilidade e segurança: com regras claras de progressão, o servidor tem um horizonte estável para crescer na carreira e planejar sua vida.

• Reconhecimento da trajetória e do esforço coletivo: valoriza a formação, a experiência acumulada, a dedicação constante e o compromisso com a instituição pública.

• Sentimento de pertencimento e dignidade profissional: fortalece o vínculo com a missão do serviço público e reconhece o servidor como parte de um projeto de longo prazo.

• Redução de distorções e injustiças: evita premiações arbitrárias e reconhece o trabalho em sua diversidade e complexidade.

• Blindagem contra pressões políticas: os avanços na carreira são baseados em critérios públicos e democráticos, não na vontade do gestor do momento.

Por que isso importa?
A bonificação por produção é apresentada como modernização, mas na prática serve como ferramenta de controle, fragmentação e contenção salarial. Disfarça como valorização o que é, na verdade, precarização. O servidor deixa de ser reconhecido como trabalhador com direitos e passa a ser tratado como operador de metas, vulnerável ao humor da chefia e aos números da planilha.

Já o plano de carreira é um instrumento de valorização duradoura. Ele permite que a administração reconheça o compromisso de quem faz a máquina pública funcionar todos os dias — não só quando as metas são batidas, mas também quando as dificuldades aumentam e mesmo assim o trabalho continua sendo feito com responsabilidade e dedicação.

Quem defende a implementação de bonificações por produção no serviço público defende que, ao estabelecer recompensas financeiras atreladas ao desempenho há um aumento da eficiência e produtividade, um reconhecimento do trabalho bem executado e um alinhamento com objetivos institucionais. Informações detalhadas sobre os resultados específicos destas bonificações em contextos similares ao nosso município ainda são limitadas e é crucial analisar cuidadosamente os objetivos pretendidos, as métricas de avaliação e os possíveis impactos a curto e longo prazo, garantindo que tais iniciativas realmente contribuam para a melhoria dos serviços prestados à população, trazendo benefícios tangíveis e mesuráveis.

Qual o impacto para a sociedade?

• Foco Excessivo em Avaliações Padronizadas: alguns especialistas argumentam que a ênfase nas avaliações externas e no cumprimento de metas pode levar a um ensino direcionado exclusivamente para os testes, em detrimento de uma formação mais ampla e crítica dos estudantes. Essa abordagem poderia limitar o desenvolvimento de competências essenciais que não são mensuradas por exames padronizados.

• Sustentabilidade dos Resultados: há questionamentos sobre a sustentabilidade dos resultados alcançados, especialmente no que tange à replicabilidade do modelo em diferentes contextos socioeconômicos.

• Desafios para Continuidade das Políticas Públicas recentemente, decisões administrativas, como a substituição de gestores escolares selecionados por mérito, têm gerado preocupações sobre a continuidade e a integridade das políticas educacionais implementadas. Tais mudanças podem comprometer a estabilidade e a eficácia do modelo educacional estabelecido.

É fundamental considerar essas críticas ao avaliar a aplicabilidade e a eficácia do modelo educacional, reconhecendo os desafios e limitações inerentes em outros contextos. O reconhecimento contínuo dos servidores não se limita apenas a aspectos remuneratórios, mas também envolve oportunidades de capacitação, condições adequadas de trabalho e participação ativa nos processos decisórios. Tais medidas contribuem para um ambiente de trabalho mais satisfatório, refletindo-se na melhoria dos serviços prestados. Políticas implementadas devem focar na humanização e na gestão participativa, promovendo maior engajamento dos servidores e aprimorando a qualidade dos serviços oferecidos à população.

A escolha é política e coletiva
Precisamos escolher entre um modelo instável e fragmentado, que transforma o servidor em pontuador, e um modelo que garante valorização contínua, respeito à trajetória e compromisso com o serviço à população. A bonificação não é uma solução sustentável, é uma distração perigosa que pode trazer resultados deletérios para a carreira do servidor. Valorização de verdade se faz com plano de carreira, salário justo, formação e condições dignas de trabalho.

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quinta-feira, 10 de abril de 2025

Comunicado da Fundação CASA aos servidores, sobre atestado médico


 COMUNICADO


Nº do Processo: 161.00094414/2025-60


Interessado: Divisão de Recursos Humanos


Assunto: COMUNICADO CONJUNTO COMISSÃO DE ENFRENTAMENTO AO ABSENTEÍSMO e DRH 001/2025


Considerando que a Comissão de Enfrentamento ao Absenteísmo foi instituída pela Portaria 456/2023 e que tem como atribuição estudar as causas e propor ações de enfrentamento ao absenteismo da Fundação CASA:


Considerando que ao longo deste período a Comissão propós várias ações que implicaram na redução em 30% do índice do absenteismo;


Considerando que esta Comissão identificou a apresentação de inúmeros atestados, que em sua maioria relacionam CID's diversos que necessitam de uma melhor avaliação profissional;


Considerando que o servidor tem o direito e a Fundação CASA tem a obrigação de realizar um acompanhamento da saúde do servidor para além do exame periódico, já realizado;


Considerando que a Fundação CASA reestruturou a Gerência de Medicina e Segurança do Trabalho - GMST no sentido de melhor acompanhar a saúde de seus servidores;


COMUNICA


Ficam estabelecidos os parâmetros que devem ser adotados para a convocação servidores, conforme diretrizes definidas pela Comissão de Enfrentamento ao Absenteismo: atendimento dos


1. Como forma de organizar o atendimento a ser realizado pela DRH/GMST, a prioridade será estabelecida pela convocação dos servidores cujo local apresente alto indice de absenteísmo no período de janeiro de 2024 a fevereiro de 2025. Assim, nesta primeira etapa serão convocados os servidores da CASA SÃO PAULO, localizada na DRCAP, que se enquadrem nos termos deste comunicado;


2. A DRH/GMST convocará formalmente, de maneira gradual, os servidores com mais de 90 dias de atestado, que não geraram afastamento previdenciário, no período de janeiro de 2024 a fevereiro de 2025, para que sejam acompanhados por médico do trabalho, desta Fundação ou de empresa de saúde ocupacional contratada para este fim, que emitirá parecer sobre a saúde do servidor e adotará os encaminhamentos necessários;


3. Destacamos que, que o atendimento às convocações é dever dos servidores, conforme previsto na Portaria Normativa 253/2013, artigo 2º, na forma que segue:


Artigo 2º São deveres dos servidores da Fundação CASA-SP, além dos legais e daqueles


inerentes ao exercício de suas funções, os seguintes:


(...)


XV-Atender convocação de superior hierárquico, Corregedoria-Geral e demais órgãos da Fundação CASA-SP


São Paulo, na data da assinatura digital.


LUIZ CARLOS SANTINI MELLO Assessor da Presidência II, do Gabinete da Presidência - GP- Coordenador da Comissão


EDUARDO FRANCISCO CANDIDO DA COSTA Diretor de Divisão de Recursos Humanos


sei!


Documento assinado eletronicamente por Eduardo Francisco Candido da Costa, Diretor de Divisão I, em 10/04/2025, às 17:41, conforme horário oficial de Brasília, com fundamento no Decreto Estadual nº 67.641. de 10 de abril de 2023.


sei!


T


Documento assinado eletronicamente por Luiz Carlos Santini Mello, Assessor da Presidência II, em 10/04/2025, às 17:52, conforme horário oficial de Brasília, com fundamento no Decreto Estadual nº 67.641, de 10 de abril de 2023.


autenticidade deste documento pode ser conferida no site


https://sei.sp.gov.br/sei/controlador externo.php?


acao=documento conferir&id_orgao acesso externo=0, informando o código verificador 0063250756 e o código CRC 9BAF3A7F.


CDH aprova agentes armados em unidades de internação de jovens

 



Da Agência Senado | 09/04/2025, 12h25

A Comissão de Direitos Humanos aprovou nesta quarta-feira (9) o projeto de decreto legislativo que retoma a autorização para porte e uso de armas em unidades socioeducativas (PDL 384/2024). O projeto susta os efeitos de uma resolução do ano passado do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda), que proibia as armas nesses espaços.

A proposta foi da presidente da CDH, senadora Damares Alves (Republicanos-DF), e teve como relator o senador Eduardo Girão (Novo-CE). Agora, o projeto segue para a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) antes de ir para o Plenário.

A Resolução 252 da Conanda, de 2024, criou diretrizes de segurança a serem aplicadas em estabelecimentos onde adolescentes e jovens são recolhidos para cumprimento de medidas socioeducativas. Ela proibiu o porte e o uso de armas letais e menos letais (como cacetete, spray de pimenta e bala de borracha) por agentes dentro das unidades socioeducativas e durante atividades externas com a presença de adolescentes e jovens. Além disso, esses profissionais também não podem usar uniformes semelhantes aos do sistema penal, da segurança pública ou das forças armadas.

Para Damares, essa regulamentação fragiliza a segurança nas unidades socioeducativas, limitando a atuação dos agentes e restringindo o uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs).

"Tal medida representa uma ameaça à segurança institucional, à integridade física e emocional dos profissionais e adolescentes, e à própria efetividade das políticas de ressocialização previstas pela legislação", avalia.

Citando dados do Departamento Penitenciário Nacional (Depen), Damares afirma que ocorrem, em média, dez a quinze incidentes violentos por mês em unidades de internação em estados de grande porte como São Paulo, Rio de Janeiro e Pernambuco.

"Esses números demonstram a necessidade urgente de manter um ambiente seguro, o que depende diretamente da atuação desses profissionais", conclui ela na justificativa para o projeto.

No relatório, Eduardo Girão afirma que os agentes socioeducativos atuam para garantir a ordem, a disciplina e a segurança e contribuem diretamente para a ressocialização dos jovens. Ele também também opina que a resolução tem caráter legislativo, tratando de temas que deveriam ser deliberados pelo Parlamento

"No dia a dia, esses profissionais lidam com situações de risco, intervenções em momentos de crise e a necessidade constante de manter um ambiente protegido tanto para os adolescentes quanto para os demais trabalhadores do sistema", argumenta o relator.

Outras medidas da resolução do Conanda incluem proibição do uso de algemas durante o transporte (exceto em casos justificados) e de revistas íntimas com desnudamento. O documento também prevê o direito dos adolescentes e jovens de se comunicarem com os familiares, de receberem visitas íntimas e de serem atendidos de acordo com suas necessidades culturais, linguísticas e identitárias.

Se for aprovado pelas duas casas do Congresso, o decreto legislativo é promulgado, sem precisar passar por sanção presidencial.

O relatório foi lido na CDH pelo senador Plínio Valério (PSDB-AM).

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

Fonte: Agência Senado

Presidente do TJSP anuncia reajuste de 5% aos servidores

 


O presidente do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJSP), Des. Fernando Torres Garcia, anunciou hoje (09/04), via e-mail corporativo, o reajuste de 5% sobre os vencimentos iniciais por meio da majoração do percentual de cálculo da Gratificação Judiciária atribuída aos servidores do quadro do Tribunal de Justiça, a partir de 01 de março de 2025. O comunicado também informa que o auxílio-alimentação diário passará dos atuais R$ 65,00 para R$ 80,00 a partir de 01 de abril de 2025 e o auxílio-creche escola e o auxílio a filho com deficiência terão um reajuste de 15%, passando o auxílio-creche de R$ 700,00 para R$ 805,00 e o auxílio a filho com deficiência de R$ 1.050,00 para R$ 1.207,50, a partir de 01 de abril de 2025.


Ressaltamos que ainda há uma dívida do TJSP com os seus servidores, não propriamente da atual gestão, mas a instituição TJSP ainda deve aos seus servidores cerca de 25% de perdas salariais acumuladas ao longo dos anos.


Mesmo com o anúncio do índice de reposição salarial, a AOJESP e as entidades representativas dos servidores seguirão discutindo os rumos da Campanha Salarial 2025 através da Assembleia Geral Estadual que será realizada no próximo dia 11 de abril, a partir das 13 horas, na Praça João Mendes (em frente ao Fórum).


Precisamos contar com a presença massiva de servidores de todo o Estado de SP para lotar a Praça João Mendes e cobrar do TJSP as perdas salariais acumuladas ao longo dos anos), com foco principal nas Pautas Geral e Prioritária dos servidores.


Veja abaixo o comunicado do TJSP, bem como as pautas que serão discutidas na Assembleia Geral:

Pautas da Assembleia Geral que será realizada no dia 11/04:

– Pauta Prioritária;

– Bandeiras de Lutas;

– Pauta Geral;