quarta-feira, 28 de agosto de 2024

Presidente do TST afirma que reforma trabalhista não cumpriu promessa de reduzir processos judiciais

 

Dados do TST mostram que os processos recebidos pela Justiça do Trabalho em 2023 totalizaram 3,5 milhões

Redação Jornal de Brasília

28/08/2024 11h02

ANA POMPEU
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS)

O presidente do TST (Tribunal Superior do Trabalho), Lélio Bentes Corrêa, afirmou que a reforma trabalhista não entregou todos os resultados que prometeu. Um dos pontos citados por ele é o argumento de que a revisão das leis reduziria o volume de processos judiciais em tramitação.

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De acordo com o ministro, as ações caíram apenas no ano seguinte à entrada em vigor do texto. “No TST, nós temos um quadro de a cada ano termos mais processos chegando. Então, há um fator de inconformismo das partes [diante] dessas regras da nova legislação”, afirmou.

A reforma trabalhista tem sido motivo de discussão social e questionamentos na Justiça. Nesta semana, por exemplo, o STF (Supremo Tribunal Federal) volta a julgar trechos incluídos na legislação em 2017 pelo Congresso. A pauta do plenário inclui ações que questionam o trabalho intermitente.

Dados do TST mostram que os processos recebidos pela Justiça do Trabalho em 2023 totalizaram 3,5 milhões, número 11,3% maior do que no ano anterior. Apenas a corte superior recebeu mais de 457 mil novas ações.

Na avaliação do presidente do tribunal, os dados mostram uma insatisfação daqueles que recorrem à Justiça com as mudanças feitas pelos legisladores.

“Lamento constatar que a reforma trabalhista não entregou os resultados que prometeu. Não pacificou conflitos. A redução do número de processos foi momentânea. No segundo momento já começou a subir de novo”, disse Corrêa.

Em 2018, houve uma queda relevante no volume de casos novos, dado que o TST atribui à reforma trabalhista. Em 2017, foram quase 4 milhões de novos casos. No ano seguinte, o número foi de 3,2 milhões, o maior declínio desde 2004 -a partir de quando o tribunal passou a produzir os relatórios.

Em 2019, o quantitativo voltou a crescer, alcançando quase 3,4 milhões de novas demandas. O período da Covid-19 registrou nova queda, em 2020 e 2021, respectivamente com 3 milhões e 2,9 milhões casos novos. Em 2022, a Justiça do Trabalho recebeu 3,1 milhões de processos e 2023 foram os 3,5 milhões, patamar próximo ao que era observado antes da reforma trabalhista.

“Temo que alguns aspectos da reforma tenham adotado uma perspectiva de tentar resolver o conflito trabalhista formalmente, e não na essência. Isso não resolve o problema. Isso amedronta a parte de ir à Justiça. O movimento que temos de fazer é justamente o oposto. Devemos nos aproximar da sociedade, nos colocar à disposição, inclusive para mediar conflitos sem processos trabalhistas”, diz Corrêa.

Ele cita, como exemplo, o trecho da reforma que impôs consequências a quem perde as disputas na Justiça do Trabalho. A reforma previu o pagamento, até mesmo pelos beneficiários de Justiça gratuita, de valores e taxas para custear o processo, inclusive perícias e os honorários dos advogados da outra parte envolvida no caso.

O trecho foi derrubado pelo STF em outubro de 2021. A corte entendeu que os dispositivos eram impedimento de acesso à justiça aos mais pobres. A decisão foi considerada uma derrota à reforma, uma vez que a autorização para ampliar as cobranças aos vencidos nas ações era tida como um dos pilares das alterações na CLT (Consolidação das Leis do Trabalho).

Para o presidente do TST, outro ponto questionável é a extinção da contribuição sindical obrigatória. Na visão de Corrêa, ao reformular a estrutura sindical só quanto à fonte de custeio, a reforma provocou um enfraquecimento da representação sindical. Mais uma vez, ele entende que o caminho deveria ser outro.

“Precisamos de sindicatos fortes, de representações patronais fortes, para que as próprias partes interessadas possam produzir acordos em convenções coletivas capazes de resolver o conflito”, disse.

“Se nós temos sindicatos enfraquecidos, sem condições de promover o custeio da própria atividade sindical, vamos ter uma desproporção na balança de poder na relação de trabalho que gera ainda mais conflitos.”

Em fevereiro, a reportagem mostrou que o governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tenta retomar a contribuição sindical em um projeto de lei sobre trabalho nos feriados. A proposta foi apresentada pelo ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, no sentido de regulamentar as regras do trabalho aos feriados e a cobrança da contribuição assistencial em legislação única a ser apresentada ao Congresso.

Uma pesquisa divulgada em junho pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mostrou que o número de trabalhadores associados a sindicatos no Brasil teve nova baixa em 2023 e renovou o menor patamar de uma série histórica com dados disponíveis desde 2012.

De um total de 100,7 milhões de trabalhadores ocupados no país em 2023, somente 8,4 milhões eram filiados a sindicatos. É a primeira vez na série histórica que o contingente fica abaixo de 9 milhões. O número de sindicalizados teve queda de 7,8% na comparação com 2022, quando estava em 9,1 milhões.

Em termos absolutos, a redução foi de 713 mil pessoas.

Na pauta do plenário do STF nesta quinta (29) estão processos que discutem se o contrato de trabalho intermitente, trazido pela lei 13.467, de 2017, é constitucional.

As ações -ADIs 5826, 5829 e 6154- começaram a ser analisadas no plenário e têm dois votos a favor e dois contra. Votaram a favor dos argumentos no processo e contra o contrato intermitente, alegando que ele não respeita a Constituição, os ministros Edson Fachin, relator do caso, e Rosa Weber, que se aposentou.

Contra as ações e pela constitucionalidade do novo tipo de contrato trazido pela reforma trabalhista votaram os ministros Alexandre de Moraes e Kassio Nunes Marques.

Pela norma, o trabalhador pode ser convocado para trabalhar por período determinado e passar um outro período do ano sem prestar serviço. A convocação deve ser feita até três dias antes da data do início do trabalho e o profissional tem um dia para responder se aceita ou não.

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    terça-feira, 27 de agosto de 2024

    Prefeitura inaugura novo Centro de Acolhida em prédio desativado da Fundação Casa na Zona Norte de São Paulo


    O novo serviço possui 100 vagas de acolhimento para famílias que vivem em situação de rua

     

    A Prefeitura de São Paulo, por meio da Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social (SMADS), inaugurou, na manhã desta terça-feira, o Centro de Acolhida Especial (CAE) para Famílias - Aldeia Esperança. O serviço dispõe de 100 vagas de acolhimento e está instalado no prédio desativado da Fundação Casa em Taipas na rua Ilha da Juventude, zona norte de São Paulo.

    A cerimônia de descerramento da placa de inauguração contou com a presença do prefeito Ricardo Nunes e do secretário de Assistência e Desenvolvimento Social, Carlos Bezerra Jr.

    “Temos orgulho de ser uma cidade acolhedora. Nós temos a alegria de estar em uma cidade que consegue ajudar as pessoas, acolhedora e que é uma cidade muito humanizada”, disse o prefeito Ricardo Nunes.

    “Além do serviço de acolhimento das famílias que estão aqui acolhidas, famílias que estavam em situação de rua e que agora estão acolhidas aqui, elas ainda terão capacitação profissional, porque o que nós queremos é que as pessoas saiam daqui com autonomia”, disse Bezerra, fazendo referência à assinatura para implementação de um Centro de Desenvolvimento Social e Produtivo (CEDESP) dentro do equipamento.

    O CAE de Taipas começou a receber as primeiras famílias na terça-feira (22) e seis famílias, com um total de 24 pessoas, já estão acolhidas no local. Os encaminhamentos para o CAE estão sendo realizados pela Coordenação de Proteção Social Especial (PSE) da SMADS e pelo Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS).

    O espaço, com mais de 5 mil m² de área, conta com 18 suítes, sendo duas acessíveis para pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida, além de refeitório, cozinha, lavanderia, brinquedoteca, sala de convívio, horta, salas de atendimento, quadra poliesportiva e academia ao ar livre.

    O prédio foi reformado, revitalizado e adequado para proporcionar o acolhimento mais qualificado e humanizado de pessoas em situação de rua ou de vulnerabilidade social. Este é o quarto prédio da Fundação Casa na cidade adaptado para implantação de serviços da rede socioassistencial da Prefeitura, que é fruto de parceria firmada entre a SMADS e a Secretaria Estadual de Justiça e Cidadania.

    A administração do novo serviço está a cargo da Organização da Sociedade Civil (OSC) Instituto Claret. O CAE para Famílias - Aldeia Esperança está localizado no território da Supervisão de Assistência Social (SAS) Pirituba/Jaraguá e, atualmente, conta com 25 profissionais trabalhando no serviço, sendo: gerente, assistente técnico, psicólogo, assistentes sociais, orientadores socioeducativos e agentes operacionais. O repasse mensal da Prefeitura à OSC é de R$ 213.437,23.

    Serviços da rede socioassistencial para famílias

    A rede socioassistencial da Prefeitura possui 92 serviços de diferentes modalidades, sendo eles de acolhimento e convivência, voltados às famílias que vivem em situação de rua ou de vulnerabilidade social na cidade de São Paulo. Ao todo, são 70 mil vagas. Importante destacar que as famílias também podem fazer uso dos serviços de outras tipologias da rede socioassistencial da Prefeitura.

    A capital possui a maior rede socioassistencial da América Latina, com mais de 25 mil vagas de acolhimento para pessoas em situação de rua, distribuídas em Centros de Acolhida, hotéis sociais, Repúblicas para Adultos, Vilas Reencontro, serviços emergenciais da Operação Baixas Temperaturas (OBT), entre outros.