Polícia Militar precisou ser acionada para conter menores; sindicato denuncia falta de agentes no plantão
Ao menos 20 adolescentes internados no Centro Socioeducativo de Sete Lagoas, na região Central de Minas Gerais, se rebelaram na manhã desta quinta-feira (25/12), dia de Natal. Os menores infratores chutaram as portas dos alojamentos e vandalizaram o espaço, espalhando papéis e objetos e causando um vazamento de água. Em uma das paredes, foi encontrada a inscrição “TCP”, sigla do Terceiro Comando Puro — facção criminosa do Rio de Janeiro, uma das maiores em ascensão no País.
O motim foi confirmado pela Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp). Segundo o órgão, a Polícia Militar precisou ser acionada para conter os adolescentes. Eles foram retirados dos alojamentos para a realização de uma revista no local. Imagens da unidade após a confusão mostram colchões revirados e diversos itens espalhados pelo chão, que estava molhado em razão do vazamento provocado.
O vice-presidente do Sindicato dos Agentes de Segurança Socioeducativo (Sindsisemg), José Alencar, afirma que o caos foi facilitado pelo baixo número de servidores de plantão. Segundo ele, o Centro Socioeducativo de Sete Lagoas contava com apenas cinco agentes escalados para atender até 35 adolescentes. “Há uma gestão incompetente. Ficaram apenas cinco agentes no plantão, sendo uma mulher e outro com idade avançada. A gestão ignorou os alertas feitos pela segurança da unidade e liberou ou afastou a maioria dos agentes. Assim, fica impossível controlar os jovens”, alega.
Conexão com facções criminosas
Alencar afirma ainda haver uma crescente aproximação de adolescentes internados com facções criminosas de atuação nacional. Segundo ele, isso explicaria a inscrição da sigla “TCP” em uma das paredes dos alojamentos. “Hoje é um problema grave no sistema socioeducativo. A maioria dos internos já se identifica como pertencente a alguma facção criminosa”, disse.
De acordo com o sindicalista, além da sigla “TCP”, também há menções ao Primeiro Comando da Capital (PCC) e ao Comando Vermelho (CV). “São identificações que os próprios adolescentes picham nas paredes dos alojamentos. Esse escrito [do TCP] é bem recente, feito por adolescentes que ainda estão na unidade”, lamentou.
Apesar da confusão, não houve registro de feridos, nem entre os adolescentes nem entre os servidores. Por volta das 14h, a situação havia sido controlada.
Déficit no Centro Socioeducativo
Em nota, o Sindicato dos Agentes de Segurança Socioeducativo (Sindsisemg) afirma que o Centro Socioeducativo de Sete Lagoas apresenta déficit estrutural, “com instalações físicas deterioradas e sem condições adequadas de funcionamento”. Além disso, a entidade denuncia que servidores têm sido afastados sem justificativa clara.
“Ainda assim, a Subsecretaria de Atendimento Socioeducativo (Suase) considerou que ‘estava tudo bem’ e chegou a planejar a ampliação do número de adolescentes, com a abertura de mais um núcleo — decisão considerada temerária pela equipe técnica e operacional”, diz trecho do comunicado.
Responsabilizações
Segundo a Sejusp, a direção da unidade vai encaminhar o boletim de ocorrência da confusão no socioeducativo para a autoridade policial e para a Justiça, que receberá, também, um relatório dos fatos. "Os adolescentes poderão sofrer sanções disciplinares, após o término das apurações do ocorrido", afirmou.
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