quarta-feira, 3 de setembro de 2025

Senado aprova PEC que tira precatórios do teto, limita pagamentos e socorre Estados e municípios

 


Texto permite abertura de espaço fiscal ao governo de R$ 12 bi em 2026, ano eleitoral; texto vai à promulgação

Por Naomi Matsui (Broadcast) e Renan Monteiro (Broadcast)
Atualização: 

BRASÍLIA - O Senado concluiu nesta terça-feira, 2, a votação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 66/2023, que tira o pagamento de precatórios do governo federal do teto de gastos do arcabouço fiscal, adia em dez anos o retorno dos valores para a meta fiscal e socorre o caixa de Estados e municípios, limitando o pagamento de precatórios estaduais e municipais e reparcelamento a dívida das prefeituras.

Foram 71 votos a favor e dois contrários na votação em segundo turno. A PEC já havia sido aprovada em primeiro turno, mas faltava uma última votação. A sessão de promulgação deve ser realizada na próxima terça-feira, 9. Além da mudança nos precatórios, o governo conseguiu incluir um trecho para permitir a abertura de espaço fiscal de R$ 12 bilhões de forma permanente no Orçamento a partir de 2026, ano eleitoral.

Senado aprova PEC dos precatórios; texto vai à promulgação
Senado aprova PEC dos precatórios; texto vai à promulgação Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado

A PEC é uma reivindicação da Frente Nacional de Prefeitos (FNP) e da Confederação Nacional dos Municípios (CNM), sob a justificativa de permitir que os municípios cumpram obrigações fiscais sem afetar o financiamento de serviços públicos.

Pelo texto, os municípios poderão parcelar as suas dívidas com a União, incluindo as contraídas por suas autarquias e fundações, em até 360 parcelas mensais sucessivas, enquanto atualmente são 60 meses. Excepcionalmente, os débitos previdenciários poderão ser pagos em 300 vezes, em vez das 240 parcelas atuais.

A PEC limita ainda o pagamento de precatórios de Estados e municípios. Os precatórios são pagamentos que os governos regionais devem fazer após condenação judicial definitiva. O tema envolve ações judiciais relacionadas a salários, pensões e indenizações, por exemplo.

O pagamento de precatórios está previsto na Constituição Federal. Com alta nas judicializações, o desembolso de R$ 62,78 bilhões em precatórios fez o déficit público saltar em julho. Conforme o Estadão mostrou, a medida deve aumentar o estoque de dívidas judiciais em 357% em um período de dez anos. Em alguns casos, como o de Alagoas, as dívidas devem crescer até 1.000% no período.

O BTG Pactual prevê um aumento exponencial no estoque de precatórios em atraso pelos entes subnacionais com a PEC 66. Em dez anos, apontam as simulações do banco, o saldo pode quadruplicar, saindo de R$ 193 bilhões, cifra de 2024, para R$ 883 bilhões ao fim de 2035.


Os municípios poderão parcelar as suas dívidas com a União, incluindo as contraídas por suas autarquias e fundações, em até 360 parcelas mensais sucessivas, enquanto atualmente são 60 meses. Excepcionalmente, os débitos previdenciários poderão ser pagos em 300 vezes, em vez das 240 parcelas atuais.


Novos limites para precatórios

Os pagamentos de precatórios pelos Estados, municípios e pelo Distrital terão novos limites: 1% da receita corrente líquida (RCL) para municípios com estoque de precatórios em mora de até 15%; 1,5% da RCL para estoques entre 15% e 25%; 2% da RCL para estoque entre 25% e 35%; 2,5% da RCL para estoque entre 35% e 45%; 3% da RCL entre 45% e 55%; 3,5% da RCL para estoque entre 55% e 65%; 4% da RCL para estoque entre 65% e 75%; 4,5% da RCL para estoque entre 75% e 85%; e 5% para estoque superior a 85%.

Propag para municípios


O texto aplica aos municípios todas as disposições sobre o parcelamento de dívidas estaduais do Programa de Pleno Pagamento de Dívidas dos Estados (Propag).

Nova base de cálculo para atualização monetária e juros

O projeto estabelece o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) como parâmetro para o cálculo da atualização monetária e juros para precatórios da União e precatórios e débitos previdenciários dos Estados, municípios e do Distrito Federal.


Precatórios fora do teto de gastos e retorno gradual à meta fiscal

O texto prevê que, a partir do exercício financeiro de 2026, sejam excluídas do limite do arcabouço fiscal as despesas da União com precatórios e requisições de pequeno valor (RPVs). Em contrapartida, o teto de gastos será reduzido na mesma proporção, ou seja, não haverá aumento de espaço fiscal “por dentro”, mas o pagamento com precatórios poderá crescer “por fora” sem espremer outras despesas.

A partir de 2027, as despesas anuais da União com precatórios serão incorporadas “gradualmente” na apuração da meta de resultado primário estabelecida na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), de forma cumulativa a cada exercício, em, no mínimo, 10% do montante previsto dessas despesas, o que totalizaria dez anos a incorporação total. Pela regra atual, os precatórios teriam que voltar integralmente ao teto do arcabouço e à meta em 2027.

Projeto abre espaço fiscal de R$ 12 bilhões no arcabouço

O governo derrubou uma emenda da oposição e conseguiu garantir a abertura de espaço fiscal de R$ 12 bilhões no Orçamento de forma permanente a partir de 2026. Pelas regras atuais, esse valor só poderia ser usado em 2025. O governo reuniu exatamente os 49 votos necessários para manter o texto.

A permissão foi articulada pela ministra do Planejamento, Simone Tebet. Segundo ela, o dinheiro será usado para bancar o salário-maternidade a trabalhadoras autônomas, determinado pelo Supremo Tribunal Federal. A PEC, no entanto, mexe no teto de gastos do arcabouço fiscal, sem destinação específica, e acaba aumentando o espaço total para as despesas.

“Vamos aproveitar esta PEC para resolver o problema de um meteoro que caiu na nossa cabeça, que eu não discuto o mérito, mas que veio de nada, que é garantir às mulheres licença-maternidade, paga, portanto, pelo sistema público, mesmo que ela não tenha contribuição. É meritório, só que vai custar mais de R$ 12 bilhões”, falou Tebet, em 19 de agosto.

terça-feira, 2 de setembro de 2025

Adolescente de 17 anos é levado à Fundação Casa após agredir namorada em Limeira

 


Caso de violência doméstica ocorreu no bairro dos Loiolas; vítima apresentou ferimentos no rosto e no braço


Adolescente de 17 anos é levado à Fundação Casa após agredir namorada em Limeira
Ocorrência foi registrada no Plantão Policial de Limeira – Foto: Rafael Coelho

Uma jovem de 19 anos foi vítima de agressões físicas e ameaças dentro da própria casa, no bairro dos Loiolas, área rural de Limeira (SP), na noite desta segunda-feira (1). O autor seria o companheiro dela, um adolescente de 17 anos, com quem vive em união estável há alguns meses.

De acordo com o relato da vítima, as agressões são frequentes desde que passaram a morar juntos. Ela contou ao guardas civis municipais (GCMs) que atenderam a ocorrência, que já foi ameaçada de morte caso tentasse denunciar o adolescente. Nesta ocorrência, após uma discussão, o jovem teria desferido vários socos em seu rosto, causando hematomas, cortes na boca e ferimento no nariz. Em seguida, ele a empurrou de um desnível próximo a uma piscina, provocando inchaço no braço.

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A jovem disse que nunca havia procurado ajuda antes por medo das represálias. Desta vez, no entanto, os ferimentos foram constatados no atendimento e compatíveis com a versão apresentada. O adolescente, segundo os registros, admitiu a agressão, alegando que reagiu após ser ofendido durante a discussão.

A vítima passou por exame cautelar, que confirmou as lesões. O caso foi registrado e o adolescente encaminhado à Fundação Casa, onde permanecerá à disposição da Justiça. A jovem também foi orientada sobre os direitos previstos na Lei Maria da Penha e solicitou medidas protetivas de urgência

segunda-feira, 1 de setembro de 2025

Curso doado para policiais penais e socioeducativos motivou advertência a Greco

 


O secretário tinha até a semana passada para recorrer da decisão, mas optou por não apresentar recurso
O secretário de Segurança de Minas, Rogério Greco. Foto: Sejusp/Imprensa

Um curso gratuito ministrado para policiais penais e socioeducativos motivou a advertência que o secretário de Justiça e Segurança Pública de Minas Gerais, Rogério Greco, recebeu do Conselho de Ética Pública (Conset), conforme revelou O Fator. A punição foi deferida por falta de transparência no recebimento de serviços.

O caso envolve o treinamento sobre retenção e contra-retenção de armas, ministrado em 2021 pelo especialista Luiz Charneski para cerca de 200 policiais penais e servidores do sistema socioeducativo, em Belo Horizonte.

A capacitação, segundo Greco, foi oferecida gratuitamente pelo instrutor. Para o Conset, a oferta configurou uma doação de alto valor, que deveria ter passado por chamamento público.

Em entrevista a O Fator, Greco afirmou que arcou pessoalmente com as despesas de hospedagem e passagem do instrutor para viabilizar o treinamento. “Quando entrei na secretaria, lá em 2021, pedimos para o Charneski vir a Minas voluntariamente. Ele é referência, dá um curso que salva vidas e não cobrou nada. Veio com o intuito de ajudar a tropa. Tenho certeza que mudei a realidade de muitos”, afirmou.

A punição, publicada na quinta-feira (28), concluiu que Greco descumpriu princípios como impessoalidade e respeito ao interesse público. O secretário tinha até a semana passada para recorrer da decisão, mas optou por não apresentar recurso.

O Conset é um colegiado autônomo que orienta, analisa denúncias e atua na prevenção de conflitos de interesse no Executivo estadual. O Código de Conduta Ética, que embasa a decisão, proíbe recebimento de doações que possam gerar dúvidas sobre a lisura de procedimentos e determina transparência total em atos da alta administração.

Justiça dá 10 dias para Fundação Casa de Caraguá fazer reparos sob pena de interdição

 Fundação Casa


A Justiça de Caraguatatuba deu um ultimato à Fundação Casa da cidade. A a unidade tem até esta sexta-feira (5/9) para realizar reparos estruturais urgentes. A decisão, que atende a um pedido do Ministério Público de São Paulo, determina que, se as obras não forem concluídas no prazo, a unidade pode ser interditada.

O Ministério Público aponta uma série de problemas, como alambrados danificados e falhas na barreira de segurança, nos muros de contenção e no portão automático. Esses problemas, segundo a Justiça, colocam em risco a segurança e o bem-estar dos adolescentes internados, comprometendo o objetivo pedagógico das medidas socioeducativas.

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Em nota, a Secretaria da Justiça e Cidadania do Estado de São Paulo informou que já iniciou as providências para os reparos e que a rotina na unidade segue normalmente.

Assim, de acordo com a liminar, a Fundação Casa precisa substituir as estruturas metálicas comprometidas, restaurar os muros, consertar o portão automático e recuperar a iluminação interna e externa, instalando também luzes de emergência. O não cumprimento pode levar à interdição total ou parcial do local.