quarta-feira, 13 de março de 2024

Fundação Casa: falta de vigias terceirizados faz agentes socioeducativos assumirem postos de segurança e fazerem hora extra

 

Por Isabela Leite, Norma Odara, GloboNews — São Paulo

 

Unidades da Fundação Casa que apresentaram problemas — Foto: Reprodução/GloboNews

Unidades da Fundação Casa que apresentaram problemas — Foto: Reprodução/GloboNews


Por Isabela Leite, Norma Odara, GloboNews — São Paulo

 

Unidades da Fundação Casa que apresentaram problemas — Foto: Reprodução/GloboNews

Unidades da Fundação Casa que apresentaram problemas — Foto: Reprodução/GloboNews

Agentes de apoio socioeducativo da Fundação Centro de Atendimento Socioeducativo ao Adolescente (Casa) estão em regime de hora extra depois que vigilantes abandonaram o posto por falta de pagamento de salários.

Os vigias terceirizados foram contratados pela empresa Porterc Segurança Patrimonial Ltda para realizar serviço de vigilância e controle de acesso em pelo menos oito unidades na capital, na região metropolitana e no interior.

A Fundação Casa, também conhecida como ex-Febem, presta assistência a jovens de 12 a 21 anos incompletos em todo o estado de São Paulo, por meio de medidas socioeducativas de privação de liberdade (internação) e semiliberdade. As medidas são determinadas pela Justiça de acordo com o ato infracional e a idade dos adolescentes.

A vulnerabilidade na segurança das unidades foi evidenciada durante a fuga de oito internos da Unidade Casa Leopoldina, na Zona Oeste da capital. O grupo conseguiu deixar a unidade após apertar o botão da guarita e abrir os portões eletrônicos do estacionamento (leia mais abaixo).

Segundo a Fundação Casa, a Porterc não pagou os salários dos vigilantes responsáveis pelo controle de entrada e saída, como guaritas e portões eletrônicos, além da segurança patrimonial. O governo paulista afirma que o pagamento foi repassado para a empresa “rigorosamente em dia” e que, por descumprimento das regras de licitação, todos os contratos foram rompidos em fevereiro.

O governo foi questionado sobre quais são as unidades que tinham contrato com a empresa, mas não respondeu até a última atualização desta reportagem. A GloboNews apurou, no entanto, que a situação ocorre nas unidades de Osasco, Raposo Tavares, Pirituba, Jardim São Luis e Vila Leopoldina, além de Rio Claro, Jundiaí e Piracicaba.

A Porterc Segurança Patrimonial Ltda foi procurada, mas não respondeu aos questionamentos sobre o descumprimento contratual até a última atualização desta reportagem.

Vulnerabilidade e fuga

A vulnerabilidade na segurança das unidades foi evidenciada durante a fuga de oito internos da Unidade Vila Leopoldina. Segundo funcionários, adolescentes que estavam sendo medicados na enfermaria pegaram um funcionário pelo pescoço.

Os agentes que estavam no pátio abriram a “gaiola” para ajudar o funcionário que era mantido refém e, neste momento, de acordo com funcionários, alguns internos saíram correndo.

Uma vigilante ainda tentou fechar a porta da guarita, mas como não há tranca, os adolescentes entraram e pegaram um alicate. Alguns internos saíram pelo portão de veículos, outros apertaram o botão que fica na guarita e escaparam pelo portão de pedestres.

A unidade Casa Leopoldina tem capacidade para 70 jovens e atendia 53 internos no dia da fuga. Até o momento, um adolescente foi capturado pela Polícia Militar, que continua com as buscas na região. O caso foi registrado como dano, associação criminosa, lesão corporal e evasão mediante violência contra a pessoa no 91° DP (Ceasa).






Nenhum comentário:

Postar um comentário