quarta-feira, 1 de fevereiro de 2023

85% das ações trabalhistas pedem direitos sonegados, diz presidente do TST

 

Carlos Juliano Barros
 
 

31/01/2023 17h10

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Em sua primeira entrevista como presidente do Tribunal Superior do Trabalho (TST), a instância máxima da Justiça trabalhista, o ministro Lelio Bentes Corrêa analisou o legado da reforma trabalhista e falou sobre a importância da regulamentação do trabalho por aplicativos.

Também defendeu o fortalecimento dos sindicatos, ao mesmo tempo em que se posicionou contra a volta do imposto sindical e a favor da liberdade de associação, em contraposição ao modelo de "unicidade sindical" previsto na atual legislação.

Corrêa ainda respondeu aos críticos da Justiça do Trabalho e rebateu o argumento de que direitos trabalhistas atrapalham a economia e a geração de novas vagas no mercado de trabalho.

Quando entramos num processo de crise econômica, surge o discurso de que a solução para salvar empregos é reduzir direitos"Lelio Bentes Corrêa

Leia abaixo um resumo dos principais pontos da entrevista.

Reforma trabalhista

Segundo o presidente do TST, a promessa fundamental da reforma era justamente flexibilizar a legislação para gerar empregos. No entanto, "os números revelados todos os dias pelos institutos de pesquisa demonstram que esse objetivo não foi alcançado", afirmou.

O ministro ressaltou ainda que o problema diz respeito não só ao número, mas sobretudo à qualidade dos empregos gerados. "A redução de direitos dificilmente vai levar à geração de empregos de qualidade", disse.

Ao longo da entrevista, Corrêa lembrou que em meados dos anos 2000 o país chegou a atingir o patamar de pleno emprego, mesmo com a antiga CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) em vigor. "A conclusão a que se chega é a do óbvio: não se gera emprego por decreto, por lei", analisou.

Queda no número de ações na Justiça

Um dos principais argumentos dos defensores da reforma trabalhista é o de que as regras criadas em 2017, que transferiam ao perdedor da causa a obrigação de pagar as custas do processo, teriam reduzido o número de ações na Justiça.

De fato, números do próprio TST apontam para uma queda de até 40% no número de processos na primeira instância.

Porém, segundo Corrêa, isso não se verificou nas instâncias superiores, que passaram a ser mais demandadas para resolver questões que já haviam sido pacificadas, o que acabou gerando "insegurança jurídica".

"Uma das hipóteses é de que essa redução de 30%, quase 40% [em primeira instância], em muitos casos, implicou a redução do acesso à Justiça. E isso é muito grave", disse o ministro.

Ainda sobre esse assunto, ele lembrou que, em outubro de 2021, o Supremo Tribunal Federal decidiu que beneficiários da Justiça gratuita não deveriam arcar com honorários de peritos e advogados, caso perdessem a ação.

Trabalho em aplicativos

Corrêa também falou sobre a necessidade de uniformizar as decisões das diferentes turmas do TST sobre a existência ou não de vínculo empregatício entre plataformas digitais e trabalhadores de aplicativos, como motoristas e entregadores.

Nos últimos anos, os ministros do TST vêm divergindo sobre o tema: em alguns casos, reconhecem a existência de vínculo e, em outros, não.

Segundo o presidente, já há dois processos na pauta de discussão do órgão responsável pela harmonização das decisões das turmas. A expectativa é de que essa uniformização aconteça ainda no primeiro semestre deste ano.

O ministro também fez comentários sobre o argumento usado por plataformas de que elas fazem apenas a intermediação entre trabalhadores e consumidores finais — e de que o registro CLT inviabilizaria o modelo de negócios dessas empresas.

"Tentar configurar isso como uma mera operação de aproximação do interesse do consumidor com o prestador de serviço, sem dúvida, é uma simplificação que me parece imprópria", analisou.

Sindicatos

Apesar de defender a importância de sindicatos em negociações trabalhistas, o presidente do TST se manifestou contrariamente à volta do imposto sindical, extinto com a reforma trabalhista de 2017.

Também defendeu o princípio de "liberdade sindical" e criticou o atual regime de "unicidade" em vigência no país, que permite a existência de apenas uma entidade de trabalhadores, em geral, por município.

Ainda sobre esse tema, Corrêa defendeu que as assembleias gerais de trabalhadores possam decidir pela contribuição sindical, sem a necessidade de autorização individual.

Ações trabalhistas

Corrêa foi questionado pelo apresentador Leonardo Sakamoto sobre críticas comuns à atuação da Justiça do Trabalho no país.

"A Justiça do Trabalho é a que mais concilia em todo o país. Cerca de 50% de seus processos são conciliados", afirmou o presidente do TST, em resposta à ideia de que empregados são privilegiados, em detrimento dos empregadores.

Segundo o ministro, 85% dos processos em tramitação em todo o país dizem respeito ao que ele chamou de "direitos sonegados", como verbas não pagas em rescisões de contrato referentes a horas extras, férias e 13o salário.

"A Justiça do Trabalho restitui a trabalhadores cerca de R$ 10 bilhões por ano", finalizou Corrêa.

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Novo documento do INSS pode REDUZIR tempo para aposentar-se; saiba como obtê-lo

 


INSS libera documento digital para reduzir o tempo de espera para se aposentar. Saiba qual é.

Um novo documento do INSS é capaz de diminuir a espera dos futuros segurados para se aposentar. A saber, esse documento se chama PPP (Perfil Profissiográfico Previdenciário). Ele é um documento muito importante para uma categoria de trabalhadores. 

E a boa notícia é que ele agora passa a ser um documento digital que pode ser visualizado no Aplicativo Meu INSS. Por isso, vamos falar um pouco mais sobre ele para entender a sua importância na hora de aposentar.

Novo documento do INSS pode REDUZIR tempo para aposentar-se; saiba como obtê-lo
Novo documento do INSS pode reduzir o tempo para se aposentar.

Qual é o novo documento do INSS que reduz o tempo para se aposentar 

O Perfil Profissiográfico Previdenciário (PPP) é um documento muito importante para os trabalhadores que exercem atividades laborais expostos a agentes nocivos e que podem causar prejuízo à saúde e à integridade física com o passar do tempo.

Afinal, ele funciona como um grande histórico laboral onde estão documentadas as atividades realizadas em meio à agentes nocivos à saúde. Conforme definido pela legislação em vigor à época do trabalho realizado.

Por isso que ele é muito importante na hora de reunir os documentos para se aposentar. Além disso, esse novo documento do INSS já está disponível no aplicativo Meu INSS. Dessa forma, os trabalhadores podem emiti-lo quando quiserem.

Uma vez que só as empresas tinham acesso e eram obrigadas a entregar uma versão do PPP aos trabalhadores que solicitarem, mas a partir de agora eles podem obter essa informação diretamente no aplicativo.

Veja também:ESTES são os documentos necessários para realizar seu cadastro no app MEU INSS

Passo a passo para emitir o PPP pelo Aplicativo Meu INSS

Se você precisa deste novo documento do INSS , siga os passos abaixo para acessa-lo:

  1. Baixe o aplicativo Meu INSS e entre com login e senha (se for o primeiro acesso faça o cadastro primeiro);
  2. Depois vá na opção “Serviços”;
  3. Em seguida, selecione a opção “Certidões, declarações e extratos”;
  4. Na tela vai aparecer um relação de documentos e você deve selecionar  a opção “PPP eletrônico”; 
  5. Na sequência, é só seguir os passos indicados na plataforma para finalizar o pedido;
  6. Por fim, você pode baixar para o seu dispositivo a versão do documento digital em PDF.

O que é o PPP – Perfil Profissiográfico Previdenciário?

O novo documento do INSS foi incluído no formulário eletrônico no site e também no aplicativo do Instituto para facilitar o acesso aos trabalhadores. Dessa forma, o segurado pode emiti-lo quando precisar para solicitar o benefício especial.

O PPP é um documento essencial para apresentar as atividades laborais que o trabalhador desempenhou em uma empresa de produtos químicos. Portanto, esse documento se torna fundamental para comprovar que ele tem direito à aposentadoria especial e a redução do prazo para solicitar o benefício.

Como esse documento abrange as condições que podem colocar a saúde e a vida em risco, a portaria publicada pelo Ministério do Trabalho e Previdência determinou que o PPP também seja eletrônico para agilizar o processo.

Vale ressaltar que o novo formato está disponível no aplicativo Meu INSS e foi implantado em 1 de janeiro de 2023. Portanto, a versão eletrônica vale apenas para os trabalhadores que possuem histórico laboral iniciados a partir desta data.

Em resumo, os PPPs físicos ainda serão aceitos já que muitos trabalhadores já exercem a atividade antes da implantação do documento digital. Sobre o documento em si tal condição está expressa na Resolução 571/2018 do Conselho Federal de Enfermagem:

Art. 1º Fica autorizado ao Enfermeiro do Trabalho, inscrito, reconhecido e registrado como especialista no respectivo Conselho Regional de Enfermagem, preencher, emitir e assinar o Laudo de Monitorização Biológica, previsto no Perfil Profissiográfico Previdenciário-PPP.

Art. 2º O Perfil Profissiográfico Previdenciário-PPP deve ser preenchido pelas empresas que exercem atividades que exponham seus empregados a agentes nocivos químicos, físicos, biológicos ou associação de agentes prejudiciais à saúde ou à integridade física nos termos definidos pela legislação vigente.

Por fim, é fundamental que o segurado verifique os requisitos básicos como: nomes, registros, carimbos e assinaturas, e se estão devidamente preenchidos.

Saiba mais: É possível se aposentar sem nunca ter contribuído com o INSS? Confira a verdade!