segunda-feira, 6 de fevereiro de 2023

Pessoas com distúrbios mentais trabalham 10,5 anos a menos, aponta estudo

 

Por Redação Galileu

 


A pesquisa analisou dados recolhidos ao longo de 22 anos na Dinamarca
A pesquisa analisou dados recolhidos ao longo de 22 anos na Dinamarca Israel Andrade/ Unsplash

Pesquisadores da Universidade de Aarhus, na Dinamarca, descobriram que todos os transtornos mentais diagnosticados estão associados a uma perda substancial da vida profissional. Mais precisamente, 10,5 anos.

Embora não seja novidade que pessoas com transtornos mentais correm um risco maior de ficar desempregadas ou receber pensão por invalidez, o estudo foi o primeiro a quantificar uma medida estimada de tempo perdido.

A pesquisa analisou dados de 5.163.321 dinamarqueses com idades entre 18 e 65 anos, dos quais 488.775 foram diagnosticados com transtorno mental, ao longo de 22 anos. As informações sobre transtornos mentais foram obtidas do Registro Central de Pesquisa Psiquiátrica Dinamarquesa e as informações sobre as características do mercado de trabalho foram obtidas de registros administrativos, dando aos pesquisadores uma visão geral precisa do impacto dos diagnósticos de transtornos mentais.

“Não é de estranhar que as pessoas diagnosticadas com transtornos mentais passem mais tempo fora do mercado de trabalho, isso nós já sabíamos. Mas a magnitude nos surpreendeu, perder em média 10,5 anos de vida profissional é muito”, observa o principal autor do estudo, Oleguer Plana-Ripoll, do Departamento de Epidemiologia da Universidade de Aarhus.

Para o pesquisador, os resultados mostram o impacto substancial que os problemas de saúde mental têm na vida daqueles diagnosticados. “Nosso estudo mostra que pacientes com transtornos mentais em grau muito alto são mais incapazes de trabalhar ou estudar em comparação com a população dinamarquesa média”, aponta. “É preciso investir em programas que reduzam o número de anos de trabalho perdidos e ajudem as pessoas com transtornos mentais a retornar ao mercado de trabalho.”

Esquizofrenia tem o maior impacto

Primeiro, os pesquisadores analisaram o número total de anos de trabalho perdidos associados a todos os diagnósticos mentais combinados, chegando à média de 10,5 anos. Na sequência, dividiram os diagnósticos em 24 tipos específicos, revelando que alguns transtornos afetam a capacidade do paciente de trabalhar ou estudar mais do que outros.

O estudo constatou que pessoas diagnosticadas com esquizofrenia perdem, em média, 24 anos de vida profissional após receberem o diagnóstico. Pessoas com depressão única ou recorrente, em comparação, perdem cerca de 10 anos.

No estudo, os diagnosticados com transtornos mentais são os que receberam tratamento no sistema psiquiátrico; assim, para distúrbios como depressão ou ansiedade, são considerados casos mais graves. Mas, na visão de Oleguer Plana-Ripoll, embora casos mais leves de depressão e ansiedade não apareçam nos dados, os afetados provavelmente também perderão tempo de estudo ou trabalho.

“Os casos de diagnósticos de depressão e ansiedade que temos neste conjunto de dados são os casos mais graves que procuram ajuda de um psiquiatra. Mas há muito mais casos que são tratados por médicos generalistas ou que não recebem tratamento algum”, reconhece. “Embora a média de vida profissional perdida para esses indivíduos seja provavelmente menor, supomos que casos leves de transtornos mentais também estejam associados a uma redução na vida profissional, porque observamos que todos os tipos de transtornos mentais o são em alguma medida.”

Redução de tempo perdido para aposentadoria por invalidez

Os pesquisadores também descobriram que o número de anos de trabalho perdidos por meio de pensão por invalidez caiu quase pela metade na Dinamarca entre 1995 e 2016. Isso coincide com uma reforma política aprovada em 2013, dificultado que os mais jovens recebam a verba.

Entre 1995 e 2000, os anos de trabalho perdidos devido a uma pensão por invalidez totalizaram 9,7 anos. Isso caiu para 5,2 anos no período de 2011 a 2016. No entanto, essa diminuição foi praticamente acompanhada por um aumento semelhante nos anos de trabalho perdidos por licença médica ou desemprego, passando de 1,8 para 4,4 anos. Em um próximo estudo, os pesquisadores pretendem investigar essa correlação.

“Este estudo foi descritivo, o que significa que apenas analisamos e resumimos os números”, explica Plana-Ripoll. “Planejamos realizar um novo estudo no qual examinaremos as razões por trás desses números, além de aprofundar os possíveis efeitos da reforma de 2013.”

Mais de Galileu

Fundador de plataforma de metaverso disse à "Vice" que o novo chatbot pode acelerar projeto que visa armazenar sons e movimentos de usuários por meio de avatares

ChatGPT abre a possibilidade de conversar com pessoas mortas no metaverso

Desde dezembro de 2022, 12 novos satélites jovianos foram documentados em sistema da União Astronômica Internacional

Número de luas de Júpiter salta para 92 após novas descobertas

O modelo padrão da cosmologia sustenta pelo menos três finais possíveis. Na coluna "Quânticas", o físico Marcelo Lapola explica como (e quando) isso será mais provável de acontecer

O fim dos tempos está próximo? 3 hipóteses sobre a morte do Universo

Pesquisadora em Ciência do Clima relata o que pode acontecer nos hemisférios Sul e Norte com a esperada volta do evento climático que esquenta o planeta

Conheça 4 possíveis consequências do retorno do fenômeno El Niño em 2023

Documento estava dentro de caixão próximo à pirâmide de Djoser e é o segundo descoberto na cidade de Saqqara

Papiro de 16 metros com texto do “Livro dos Mortos” é encontrado no Egito

Pesquisa com 1.230 participantes revela que, desses, 720 mantiveram sintomas da infecção por três meses ou mais após o diagnóstico; maioria era de não vacinados

Quase 60% dos brasileiros desenvolveram Covid-19 longa, aponta Fiocruz

Em artigo, pesquisador da Escócia relata os achados de um estudo que identificou genes responsáveis pelas nossas preferências alimentares

Cientistas investigam como o DNA pode influenciar no seu paladar

Visitamos a mostra "Frida Kahlo – A Vida de um Ícone", que após passar por Salvador desembarca na capital paulista para contar sobre a trajetória da artista mexicana

O que esperar da exposição imersiva sobre Frida Kahlo em São Paulo
    ­

    domingo, 5 de fevereiro de 2023

    Trabalhador comprova vínculo e será indenizado por danos morais

     


    Ex-empregado também teve reconhecido acidente de trabalho e estabilidade acidentária por 12 meses.

    3/2/2023

    Um trabalhador conseguiu na Justiça o reconhecimento de vínculo empregatício como ajudante geral, e receberá todas as verbas como rescisão e multa, além de anotação na carteira e horas extras. A decisão é do juiz do Trabalho Substituto Moises Timbo de Oliveira, da 4ª vara do Trabalho de SP – Zona Leste, que fixou também estabilidade médica provisória e indenização por danos morais no valor de R$ 5 mil.

    Trabalhador tem vínculo reconhecido e estabilidade por acidente.(IMAGEM: MARCELO CAMARGO/AGÊNCIA BRASIL)

    O homem sustentou que foi contratado em janeiro de 2021 para desempenhar funções de ajudante geral, com salário de R$ 1 mil, sem qualquer registro de contrato de trabalho. Ele foi dispensado três meses depois. Em sua defesa, o empregador disse que o homem pediu para fazer um bico de 15 dias, e que ele aceitou.

    Como faltou à audiência de instrução da qual foi intimado, o reclamado foi declarado confesso. Ao analisar o processo, o juiz concluiu estarem presentes os requisitos necessários e reconheceu o vínculo pelo período apontado, com salário mensal de R$ 1.100 (mínimo à época).

    Em razão disso, foram deferidos também os pagamentos de verbas proporcionais, como aviso-prévio, férias e multa, e ele terá anotação em carteira, registros no e-Social e direito ao recebimento de seguro-desemprego.

    Acidente de trabalho

    O autor também relata que, no seu último dia na empresa, sofreu acidente de trabalho, tendo o osso do dedo indicador perfurado enquanto pregava um botão. Ele afirmou que não eram fornecidos equipamentos de proteção individual, e que não recebeu assistência, tendo o empregador indicado que fosse ao posto médico.

    A perícia não constatou incapacidade, mas restou demonstrado que o acidente aconteceu enquanto laborava. Assim, o juiz considerou que o autor faz jus à estabilidade acidentária de 12 meses prevista no art. 118 da lei 8.213/91.

    Dano moral

    Por último, o magistrado entendeu presentes os constrangimentos sociais, financeiros e morais apontados pelo autor, em razão da falta de registro na carteira de trabalho e de recolhimento previdenciário, além do acidente sofrido enquanto trabalhava.

    "São absolutamente presumíveis a tristeza, a angústia, a frustração e a aflição de alguém quem, para além de não ter seu contrato de trabalho devidamente registrado, é dispensado no dia em que sofre acidente de trabalho, sem receber qualquer auxílio para seu tratamento e recuperação. O prejuízo moral, em tais casos, dispensa provas, eis que impossível de ser trazido, ao mundo exterior, em documentos ou palavras."

    Por este motivo, foi fixada indenização de R$ 5 mil.

    O escritório Marcelo Cabral Advogados Associados atua pelo trabalhador.

    Leia a decisão.

    VEJA A VERSÃO COMPLETA
    cadastre-se, comente, saiba mais

    LEIA MAIS

    NOTÍCIAS MAIS LIDAS

    ARTIGOS MAIS LIDOS

    sábado, 4 de fevereiro de 2023

    Comandante da PM de SP diz que atual efetivo é insuficiente para proteger toda população


    SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O novo comandante da Polícia Militar de São Paulo, coronel Cássio Araújo de Freitas, disse na tarde desta sexta-feira (3) que o maior problema da corporação é o tamanho do atual efetivo —segundo ele, insuficiente para atender todas as demandas existentes.

    "O número de policiais caiu muito. Em termos de número absoluto, você tem ali perto da casa dos 79 mil, 80 mil homens. No entanto, para nossa demanda, não é o suficiente. Nós precisamos avançar nisso", disse após a cerimônia oficial de passagem de comando.

    O efetivo atual da PM é de 79.943. É o menor número desde 1996, no governo Márcio Covas (PSDB), quando o estado tinha 77.374 agentes.

    Na época, porém, a população paulista era estimada em 34 milhões de habitantes, a 11 milhões a menos do que hoje. O maior efetivo da corporação foi registrado em 2006, quando ela chegou a ter um quadro de 90.697 PMs, incluindo o Corpo de Bombeiros.

    Ainda conforme o comandante, escolhido pela gestão Tarcísio de Freitas (Republicanos), a falta de efetivo impacta diretamente nas estatísticas criminais.

    "Quando você tem alguma área com uma diminuição de policiamento, imediatamente isso se reflete nos indicadores. É isso que a gente que evitar. [...] O marginal tem a percepção muito clara quando você tem alguma falta de policiamento. Nós estamos em torno aí de 15% a 17% a menos de policiais na atividade fim, isso tem dado um certo impacto."

    Em 2022, tanto o estado quanto a capital viram as estatísticas de roubos e furto dispararem. A cidade de São Paulo superou sua série histórica. No estado, foram 564.940 ocorrências de furto no ano passado, contra os 470.200 casos registrados em 2021, alta de 20%. Já os roubos, foram 245.900 registros em 2022, ante 225.706 no período anterior, alta de 9% e número mais alto da série histórica.

    Para o novo comandante-geral, a alta pode ter ligação com a falta de efetivo, embora a corporação venha trabalhando para evitar a falta de policiais nas ruas.

    "Nós esperamos que agora, no mês de janeiro, por conta dessas novas operações, dessa nova dinâmica, escolha mais aperfeiçoada dos horários, escolha mais aperfeiçoada dos pontos de situação, nós estamos esperando também pela melhoria dos indicadores", disse.

    Coronel Cássio, como é conhecido na corporação, disse que a PM preparou um pacote de medidas para tentar atrair candidatos qualificados. As propostas foram encaminhadas para o governo paulista que, segundo ele, deve analisá-las.

    "Esse pacote prevê é uma série de situações para que nós possamos atrair talentos para instituição. Como qualquer instituição, como qualquer empresa, você precisa atrair talentos", disse ele.

    A PM tem encontrado dificuldade para preencher as vagas de concurso. Há uma série de interessados, mas nem todos conseguem ser aprovados nas várias etapas de seleção. Em 2022, por exemplo, das 2.700 vagas criadas, apenas 800 foram preenchidas.

    Cássio diz que esse pacote não prevê mudança nos critérios de escolha ou preparação dos PMs. "Nós não vamos mexer no nível dos nossos concursos. Isso é muito importante. Porque mexer no nível do concurso significa ter lá na a ponta da linha um profissional que não é o profissional que a gente espera."