O fim do ano se aproxima e muita gente aproveita para tomar decisões de vida. Por isso, essa é também a época em que a gente costuma fazer uma coluna com previsões de concursos para o ano seguinte. Mas, desta vez será um pouco diferente: preparamos vídeos sobre o assunto, que estarão disponíveis a partir da semana que vem.
Com relação às notícias alarmistas de que os concursos acabaram, vale contextualizar e manter a serenidade. Sabemos que o governo federal está numa situação complicada, ousaria dizer, em todos os sentidos. A visão do momento é de que os servidores são responsáveis pelo descontrole nos gastos. Assim, entendem que o melhor é fechar as portas por um tempo, suspendendo novos concursos.
A esse respeito, nunca é demais lembrar que não são os concursados que incham a máquina. Eles constroem suas carreiras de uma vida inteira, trabalhando na administração pública. Entra governo, sai governo, seguem cumprindo suas funções, garantindo o atendimento à população nos mais variados setores. Seus salários são definidos por lei e são iguais para todos os que vierem a ser aprovados para o mesmo cargo. Ao contrário, os cargos de livre nomeação - aqueles utilizados como pagamento de alianças políticas - são os que efetivamente custam caro aos cofres públicos e à sociedade. São criados e preenchidos de forma desvinculada da necessidade objetiva e sem obedecer a critérios técnicos de competência.
Muitos estados da Federação e alguns municípios também se encontram em dificuldades financeiras e restringiram os concursos para não aumentar as despesas.
Entretanto, mesmo em tempos de contenção, alguns concursos precisam acontecer. E acontecem. Vale lembrar que há funções públicas essenciais, que não podem ficar desprovidas de pessoal por tempo indefinido. Apenas como exemplo, podemos citar os diversos cargos da saúde, da educação, da segurança pública, do Judiciário, das áreas de fiscalização.
Então, se colocarmos uma lente sobre o tema, não é difícil observar que os editais continuam sendo publicados. Realmente, não há uma quantidade enorme de concursos, e alguns que eram dados como garantidos não saíram ainda. Mas toda semana saem novos editais. Veja exemplos abaixo:
No Executivo, segundo o texto de informações complementares ao
orçamento para 2017 (PLOA-2017), “espera-se a realização de concurso para o cargo de Assistente Técnico-Administrativo (NM e NS) e para o cargo de Auditor e Analista da Receita Federal, com previsão de seleção de 400 servidores”. No mesmo texto há previsão de diversos outros concursos, nos três poderes.
Como agir em períodos de escassez?Ser aprovado em concursos públicos é um projeto que requer dedicação séria e planejamento de vida. Há momentos com mais oportunidades e outros com menos. Sempre foi assim. O concurso dos seus sonhos pode demorar a sair, mas, há momentos em que é preciso fazer um ajuste nos sonhos – talvez adiá-los um pouco - e aproveitar o que a realidade oferece.
Quando as oportunidades são muitas, e mais previsíveis, alguns descuidos podem não ter graves consequências. Talvez possam ser corrigidos na ocasião seguinte. Ao contrário, quando a expectativa não é tão farta, a estratégia deve ser estabelecida de forma criteriosa. Nesse sentido, há dois pontos cruciais:
1 - Preparação de excelência, com foco em uma áreaPlaneje a rotina semanal para separar de forma clara o tempo que será dedicado ao estudo e às aulas.
Escolha uma área de concursos e comece o estudo pelas matérias básicas. Assim, será possível preparar-se antecipadamente para diversos editais que surgirem, apenas acrescentando poucas disciplinas para completar o conteúdo cobrado.
Estude como se o edital fosse sair no dia seguinte, para não lamentar o tempo desperdiçado quando isso acontecer.
Fique atento às notícias sobre novos editais e, quando for o momento, faça os ajustes necessários na programação de estudo, com foco naquele concurso específico.
Se não for aprovado, retome o estudo das básicas. Quanto mais preparado você estiver nessas matérias, mais fácil será se adaptar a qualquer novo edital.
2 - Organização financeira, que dê conta de uma possível demora na aprovação e na convocação dos candidatosTornar-se um servidor requer tempo de estudo, amadurecimento, aprovação, até ser nomeado/convocado. Portanto, quem segue esse caminho precisa ter uma janela de sobrevivência financeira. Pode ser um acordo com os pais, cônjuge ou outra pessoa da família. Pode também ser um dinheiro recebido de indenização ou outra reserva que possa dar suporte até a aprovação. Ou, então, ter a consciência de que será necessário conciliar trabalho e estudo – com um bocado de privações – até conquistar a vaga desejada.
Essa postura prudente é ainda mais importante na atual conjuntura, a fim de que o projeto não seja asfixiado por absoluta falta de dinheiro para seguir adiante. Nada muito diferente do habitual, mas, como mencionei anteriormente, em época de abundância de editais, alguns deslizes podem ser mais facilmente corrigidos.
Conhecimento é qualificação em qualquer lugarÉ importante ter em mente que, enquanto você se prepara para prestar concursos públicos, está também se qualificando para uma eventual oportunidade no mercado privado. Não é algo que você possa colocar no currículo, certamente, mas é um diferencial que poderá ser demonstrado, até mesmo nas entrevistas.
Em primeiro lugar, quem estuda para concurso tem a necessidade de aprender profundamente o uso correto da língua portuguesa. E isso é algo raro em qualquer meio, mesmo entre pessoas com boa formação profissional; portanto, é recurso bastante valorizado.
Outra matéria que consta quase obrigatoriamente dos conteúdos dos editais é a matemática, com pontos de matemática básica, de raciocínio lógico, ou até de matemática financeira, mesmo em concursos simples. Não é preciso pensar muito para imaginar em quantas funções diferentes esse tipo de conhecimento pode ser útil.
De fato, quase todas as disciplinas cobradas também podem ser utilizadas diretamente em atividades da vida privada (na posição de empregado ou de empresário) e, ainda, permitindo que você se torne um cidadão mais consciente do seu papel social. Enfim, nenhum conhecimento será desperdiçado.
Para concluir, quero dizer que maré baixa não é novidade nos concursos públicos nem na vida.Faça o que precisa ser feito, mas faça com excelência se realmente deseja atingir o seu objetivo. Sempre há vagas para quem é muito bom. Então, prepare-se para 2017.