segunda-feira, 6 de outubro de 2025

Saúde mental no trabalho: 1 em cada 3 empresas não combate assédio, aponta estudo

 

Pesquisa revela despreparo das lideranças e ausência de políticas claras, expondo trabalhadores a riscos psicossociais como estresse, ansiedade e esgotamento

A gestão adequada da carga de trabalho é aliada poderosa na prevenção do estresse ocupacional (Pikisuperstar/Freepik/Divulgação)

Publicado em 5 de outubro de 2025 às 08h01.


saúde mental ganhou espaço nas discussões sobre carreira e bem-estar corporativo, mas ainda enfrenta uma lacuna preocupante entre discurso e prática. Um estudo da Zenklub, empresa da Conexa — ecossistema digital de saúde física e mental —, com quase 800 companhias brasileiras, revela que 4 em cada 10 líderes não estão preparados para lidar com riscos psicossociais, enquanto 1 em cada 3 empresas sequer possui política contra assédio.

“Embora muitas empresas já contem com estruturas formais de liderança, ainda existe uma oportunidade importante de fortalecer o preparo humano dos gestores”, afirma Rui Brandão, cofundador do Zenklub e vice-presidente de saúde mental da Conexa.


O levantamento mostra que 43% das empresas não capacitam suas lideranças para reconhecerriscos psicossociais e 40% não oferecem treinamentos contínuos em gestão de pessoas ou comunicação empática. O resultado é um desafio para manter ambientes colaborativos: 29,1% das companhias admitem que os gestores têm dificuldade de estimular a cooperação.

Segundo Brandão, a falta de preparo tem impactos diretos na rotina de trabalho.

“A gestão adequada da carga de trabalho é aliada poderosa na prevenção do estresse ocupacional. Ao adotar práticas previstas pela NR-1, as empresas conseguem organizar melhor processos, reduzir riscos de esgotamento e criar condições mais saudáveis para colaboradores.”

Lacunas de gestão no dia a dia

A ausência de estrutura começa já no processo de admissão:

  • Em 50% das empresas, escopos e responsabilidades não estão bem definidos.
  • 58,8% não possuem rotinas formalizadas para execução de tarefas.
  • Apenas 33,5% conseguem organizar prazos e prioridades de forma adequada.

Esse cenário, de acordo com Brandão, expõe trabalhadores a riscos de adoecimento relacionados ao trabalho, como ansiedade, depressão e burnout.

Veja também: Apenas 5% das empresas estão preparadas para a nova NR-1 que defende a saúde mental

Assédio e falta de segurança psicológica

Outro ponto crítico identificado é a ausência de políticas contra assédio. Apenas 37,1% das empresas têm uma política formal de prevenção; outras 35,8% não possuem qualquer diretriz, e 21,9% apresentam apenas iniciativas parciais.

Quando se trata de denúncias, a situação é igualmente frágil: apenas 38,9% das empresas afirmam ter um fluxo estruturado de apuração, enquanto 36,2% não possuem qualquer processo. Para Brandão, a falta de canais claros aumenta o risco de impunidade.

“Os dados mostram que existe espaço para evolução em segurança emocional e políticas de prevenção. A ausência de políticas claras e de canais de denúncia eficazes expõe profissionais a situações de risco, impactando diretamente sua qualidade de vida e produtividade no trabalho”, afirma o executivo.

Diversidade, inclusão e saúde mental

A pesquisa também revelou fragilidades na integração entre saúde mental e diversidade:

  • 53,2% das empresas não possuem comitês ou metas de diversidade e inclusão.
  • 42,6% não analisam práticas de equidade salarial.
  • 40,1% não oferecem suporte psicológico acessível.

“A integração da saúde mental com estratégias de diversidade, inclusão e equidade é essencial. Quando a empresa adota esse olhar mais amplo, cria um ambiente seguro e saudável para todos”, afirma Brandão.

Veja também: Como inovar uma empresa rumo aos 100 anos, segundo a CEO do Grupo Fleury?

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Entidades preparam ato para final de outubro e prometem pressionar parlamentares para derrubar proposta que foi apresentada na Câmara dos Deputados

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Já Sindicato dos Trabalhadores no Serviço Público Federal do Distrito Federal (Sindsep-DF) avalia que a proposta é um "ataque ao funcionalismo público e ao acesso da população a serviços essenciais". A entidade busca contato com o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para tentar frear a medida.

A Federação Nacional dos Trabalhadores do Judiciário Federal e Ministério Público da União (Fenajufe), por sua vez, classificou a matéria como uma "farsa de reforma administrativa" e alertou para medidas como o fim da estabilidade, ampliação da contratação temporária e restrições ao teletrabalho. "A Fenajufe segue acompanhando os andamentos no Congresso Nacional para se antecipar quanto às eventuais manobras para aprovação do texto sem discussão", ressaltou a federação.

Setores divergem sobre reforma

A proposta, protocolada na quinta passada (2/10), foi impulsionada por um movimento de entidades empresariais. A Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) e mais de 120 instituições do setor produtivo defenderam o texto como uma "modernização necessária" da máquina pública.

Entre os pontos que mais desagradam ao funcionalismo estão o endurecimento das regras para estabilidade, a restrição da abertura de novos concursos públicos, e o combate aos chamados "supersalários". A PEC estabelece que servidores não poderão receber acima do teto constitucional, eliminando penduricalhos e benefícios extras. Além disso, o texto limita o home office a apenas um dia por semana.

Para os servidores, as mudanças abrem espaço para maior instabilidade e enfraquecem as garantias de carreira. Já os defensores da proposta afirmam que ela corrige distorções históricas e torna o serviço público mais dinâmico. O impasse promete se intensificar.