segunda-feira, 12 de agosto de 2024

“O rei não morreu”: a gênese aristocrática das Polícias Militares no Brasil na contramão dos Direitos Humanos

 

Múltiplas Vozes

Se os Direitos Humanos no Ocidente ganham força com a Revolução Francesa e seus valores liberais e antiaristocráticos, por que as PMs criadas no Brasil reforçaram os valores absolutistas como a hierarquia, a honra e a autocoerção dos modos de pensar e de se portar em público?

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Fábio Gomes de França

Pós-Doutor em Direitos Humanos, doutor e mestre em Sociologia pela Universidade Federal da Paraíba. Capitão da PMPB e professor de sociologia e criminologia do PPG do Centro de Educação da PMPB

Enquanto instrutor/professor dos cursos tanto para soldados como para alunos-oficiais da Polícia Militar, sempre recomendei a meus alunos policiais que, se quisessem conhecer bem o funcionamento das PMs, digamos que, como exercício comparativo, era preciso ler a obra A sociedade de corte, de Norbert Elias. O livro desse autor tinha me impressionado bastante quando comparamos os principais aspectos da sociedade de corte com as características culturais presentes nas PMs. Se a corte funcionava com base na etiqueta corporal, as PMs são regidas pela disciplina e seus condicionamentos. Ambos os mecanismos exigem autocontrole profícuo dos gestos, atitudes, modos de ser e de se expressar, cujo corpo se torna o elemento central de certa “docilidade” e “utilidade”, como nos ensina a perspectiva foucaultiana.

Como nas PMs, a hierarquia das posições sociais na corte era imprescindível para demarcar os lugares ocupados pelos indivíduos, tendo o rei como soberano maior e absoluto. No caso das PMs, esse personagem pode ser entendido como o comandante-geral. Além disso, o dia a dia ritualizado da corte era revestido de cerimônias simbolicamente demarcadas, cujas indumentárias e objetos criavam um conjunto de elementos fundamentais para fortalecer a honra individual e coletiva juntamente com o senso de pertencimento à nobreza, verdadeiro espírito de corpo, o que em nada difere dos inúmeros rituais que fazem parte da realidade das casernas da PM, que também exigem seus uniformes específicos e seus apetrechos simbólicos como as espadas, luvas e platinas, por exemplo. A leitura do livro sobre a sociedade de corte me fez perceber como traços do modus vivendi da corte aristocrática de origem europeia ainda estavam presentes nas PMs porque essas instituições teriam sido criadas de acordo com essa lógica social, no período imperial brasileiro.

Na verdade, Absolutismo e militarismo são parentes próximos. São sistemas nos quais o mando e a obediência irrestrita funcionam como o motor da sociedade e suas instituições, assim como exemplarmente descrito também por Norbert Elias na análise dele sobre o período guilhermino alemão (1871-1918) em sua obra Os alemães. Naqueles anos, as relações sociais eram pautadas por condições hierárquicas entre os indivíduos, o que formatou um modelo conservador e violento de comportamento coletivo em detrimento de valores humanistas, por influência do estilo militar prussiano e seu domínio político e cultural naquele momento.

Logo, a questão a ser problematizada é que, se a concepção moderna de Direitos Humanos surgiu com mais ênfase durante a Revolução Francesa com a queda da Bastilha e do regime absolutista de Luís XVI, como pensarmos em uma polícia defensora de Direitos Humanos se em suas raízes históricas ela foi concebida, perpetuou-se e permanece reproduzindo uma lógica aristocrática em seu modelo organizativo, especialmente nos seus expedientes simbólicos calcados na tradição e na dissimetria dos papeis funcionais baseados no ideal de mandar e obedecer?

A relação entre as PMs e a concepção de Direitos Humanos como a conhecemos no Brasil sempre se mostrou e ainda se mostra problemática. Mesmo que vários acontecimentos historicamente marcantes como a Revolução Francesa e a Segunda Guerra Mundial tenham suscitado a criação de documentos como a Declaração Universal dos Direitos do Homem e do Cidadão e a Declaração Universal dos Direitos Humanos, respectivamente em 1789 e 1948, falar de Direitos Humanos no Brasil parece ter sido um assunto tardio, que ocorreu apenas no período de exceção.

Em síntese, é preciso termos um olhar diacrônico que posicione as PMs a partir de sua origem nobiliárquica, a qual está relacionada à força do conservadorismo que as delimita devido à herança aristocrática do modelo policial militar brasileiro. Parece-nos ser um outro olhar ao se observar essas instituições, já que a violência exercida por seus profissionais de forma ilegítima em muitas ocasiões, assim como divulgado especialmente pela imprensa, tem sido o foco preferido dos estudos socioantropológicos, havendo poucos trabalhos que tenham dado relevância para essa polícia dos tempos imperiais, no contexto de uma origem de corte. Foi essa polícia de configuração aristocrática que fez com que a força da continência chegasse até os PMs do século XXI, como um ato de extrema importância no cumprimento e saudação entre superiores e subordinados, como símbolo de punição caso não seja executada enfaticamente por estes.

É óbvio que alguns importantes estudos apontam a origem, a organização e a atuação das PMs no Brasil no século XIX, período imperial. Mas o que destacamos é que aspectos das configurações sociais das cortes principescas do Absolutismo europeu permanecem nas PMs, o que contradiz um ideal de polícia moderna que surge exatamente pela dissolução do regime aristocrático, ao menos na Europa. No caso do Brasil, ao contrário, o Absolutismo tupiniquim coincidiu com a criação dessa polícia moderna, que pode ser vista como um “modelo de polícia moderna e tradicional”, que une a aplicação das leis com a burocracia militar. O que nos parece é que o adjetivo tradicional em consonância com a burocracia militar criou um modelo à brasileira fruto de um período político afeito a um liberalismo autoritário e moderado, bem diferente do princípio de segurança elencado na Declaração Universal dos Direitos do Homem e do Cidadão que ensejou a visão moderna dos homens de armas tutelados pelo Estado para o exercício do monopólio legítimo da força física.

Assim, no Brasil, as PMs, desde sua criação como Guardas Municipais Permanentes em 1831, adotam as formas de organização do Exército, o que se consolidou, levando-se em consideração um processo histórico-político específico, com a Constituição republicana de 1988, na qual encontra-se que as PMs são forças auxiliares e reserva do Exército. Tal subordinação e herança organizacional significam que as PMs imitam da Força terrestre o modelo regulamentar, a justiça castrense e a instrução das tropas, ou melhor dizendo, os treinamentos socializadores de profissionalização dos homens e mulheres que ingressam na carreira policial militar.

No plano simbólico, olhando-se especificamente para o período de formação dos oficiais enquanto alunos, temos a presença de uma série de elementos de origem aristocrática em uma força policial que muitos dizem ter surgido (segundo o modelo de referência de criação da polícia inglesa, do que discordo) para assegurar a paz pública e garantir segurança à sociedade pelos princípios dos Direitos Humanos, digamos assim. Os cadetes, por exemplo, são chamados de príncipes ou reis da Academia (local de funcionamento do Curso de Formação de Oficiais), inclusive sendo convidados a participar de bailes de festas de 15 anos com uniformes de gala que nos lembram os bailes aristocráticos das cortes principescas do Ancien Régime.

Isso é indicativo da herança do estilo cortesão ainda presente nas PMs em pleno século XXI. Impõe-se a questão: a presença de valores aristocráticos nas PMs brasileiras reflete a dificuldade de compreensão por parte de seus profissionais em relação aos Direitos Humanos? Se os Direitos Humanos no Ocidente ganham força com a Revolução Francesa e seus valores liberais e antiaristocráticos, por que inversamente as PMs criadas no Brasil reforçaram os valores absolutistas como a hierarquia, a honra, a autocoerção dos modos de pensar e de se portar em público? Se o Absolutismo foi marcado pela violência pública, ritualizada nas punições supliciais naturalizadas pela ideia de obediência irrestrita ao rei, como tal violência pode estar relacionada às práticas cotidianas dos PMs no exercício da autoridade nas ruas

Interno vai parar no pronto-socorro após confusão no interior da Fundação Casa

 





Um adolescente de 17 anos foi parar no pronto-socorro municipal e outros dois tiveram de passar por atendimento no setor de saúde após uma briga no interior da Fundação Casa Araçá, em Araçatuba, no final da tarde deste domingo (11).

A reportagem apurou que dois internos de 17 anos se envolveram em uma discussão durante o horário de recreação no espaço de convivência. A discussão evoluiu para agressão física mútua, sendo necessária intervenção dos agentes.

Um terceiro adolescente, de 16 anos, partiu para cima de um dos jovens que estavam envolvidos na briga, atingindo-o com socos e chutes, alegando que agiu para ajudar a separar a briga.

Os três foram levados para a unidade de saúde da Fundação Casa e um deles teve de ser encaminhado para o pronto-socorro municipal com uma lesão no nariz.



Governo de SP ressalta diálogo para formulação de políticas de Segurança no 11º Cosud

 


Carta de encerramento formalizou ainda esforços conjuntos dos estados para os temas de Meio Ambiente e Reforma Tributária

sáb, 10/08/2024 - 13h56 | Do Portal do Governo 
Encerramento do Cosud ocorreu neste sábado (10)

O 11º encontro do Consórcio de Integração Sul e Sudeste (Cosud), realizado em Vargem Alta, no Espírito Santo, se encerrou neste sábado (10) com a assinatura de uma carta de entendimento entre os estados membros sobre temas como a Segurança Pública, Meio Ambiente, renegociação das dívidas dos estados e regulamentação da Reforma Tributária.

O documento reforça a importância do diálogo entre os Estados e o Governo Federal para um amplo debate acerca da “PEC da Segurança Pública”, para atender ao desafio de se criar soluções conjuntas na área. “Ao ouvir sugestões dos gestores estaduais, será possível
construir propostas de consenso que atendam aos interesses de toda a sociedade”, diz trecho da carta, ressaltando a presença do Ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski no encontro.

O Cosud planeja ainda firmar um termo de cooperação com os Ministérios Públicos dos Estados do Espírito Santo, Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro, Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul para promover ações integradas contra o crime organizado e a sonegação fiscal, focando na prevenção, recuperação de ativos e lavagem de dinheiro.

Outro destaque do encontro foram as discussões sobre Meio Ambiente e os impactos das mudanças climáticas na elaboração de políticas conjuntas na área. Os membros do grupo destacaram a importância de uma abordagem integrada na implementação de políticas
públicas voltadas à adaptação às mudanças climáticas, visando mitigar os impactos de tais mudanças e aumentar a resiliência das comunidades locais.

No encontro, foi assumido o compromisso da elaboração de um Programa de Mudanças Climáticas com os respectivos Plano de Descarbonização e Plano de Adaptação, como estratégia fundamental para orientar as ações de governo e a formulação das políticas públicas. Os Estados do Cosud ainda se comprometeram a apoiar seus municípios na elaboração de planos municipais específicos para a adaptação às mudanças climáticas.

O governador Tarcísio de Freitas participou da abertura do evento, na última quinta-feira (8), e de reuniões com as lideranças dos demais governos na manhã de sexta-feira (9). À tarde, no entanto, voltou a São Paulo para acompanhar os trabalhos de resgate e de suporte às famílias das vítimas do acidente com a aeronave da VoePass, que vinha de Cascavel (PR) com destino ao Aeroporto de Guarulhos e caiu em Vinhedo, na região de Campinas.

O secretário de Ciência, Tecnologia e Inovação, Vahan Agopyan, representou São Paulo no encerramento neste sábado (10). “Vou reforçar as palavras do nosso governador Tarcísio de Freitas que apoia e incentiva a participação de São Paulo no Cosud. Não apenas porque estamos conseguindo fazer políticas públicas integradas, mas estamos tendo oportunidade inclusive de compartilhar as boas ações e experiências nos estados”, afirmou.

O Governo de São Paulo foi representado nesta edição pelas secretarias da Administração Penitenciária; Agricultura e Abastecimento; Casa Civil; Casa Militar; Ciência, Tecnologia e Inovação; Cultura, Economia e Indústria Criativas; Desenvolvimento Econômico; Desenvolvimento Social; Direitos da Pessoa com Deficiência; Educação; Esportes; Fazenda e Planejamento; Governo e Relações Institucionais; Justiça e Cidadania; Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística; Parcerias em Investimentos; Políticas para a Mulher; Saúde; Segurança Pública; Transportes Metropolitanos; e Turismo e Viagens, além de Controladoria Geral, Procuradoria Geral e Prodesp.

Origens do Cosud

Realizado desde 2019, o Cosud se dedica a propor ações conjuntas para diversas áreas como Meio Ambiente, Segurança Pública, Assistência Social, Cultura, Infraestrutura, Saúde, Esporte, Turismo, Mobilidade, Educação, Desenvolvimento Econômico, Inovação, Tecnologia e Eficiência na Gestão.

A edição anterior do Cosud foi realizada em Porto Alegre (RS), em março deste ano, e encerrou com a assinatura do Pacto Regional para Segurança Pública e Enfrentamento ao Crime Organizado.

Ao todo, São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina somam cerca de 114 milhões de habitantes, o equivalente a 56,5% da população nacional. De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as economias dos sete estados representam 70% do PIB (Produto Interno Bruto) nacional.

domingo, 11 de agosto de 2024

Da ameaça de privatização à precarização: trabalhadores dos Correios entram em greve

 


Funcionários da estatal em nove estados estão parados por reajuste salarial e por mudanças em plano de saúde

Brasil de Fato | Curitiba (PR) |
 
Trabalhadores dos Correios decidem cruzar os braços para pressionar empresa e governo por melhores salários - Foto: Reprodução/@sintect_df

Os trabalhadores dos Correios em nove estados decidiram na noite de quarta-feira (7) entrar em greve por tempo indeterminado. Após se mobilizarem contra ameaças de privatização da estatal durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), eles resolveram cruzar os braços por reajuste salarial e melhorias no plano de saúde corporativo durante o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Até o momento, a greve dos Correios atinge Alagoas, Ceará, Maranhão, Paraná, Piauí, Rio Grande do Sul Tocantins, além de São Paulo e Rio de Janeiro. No Distrito Federal, os trabalhadores entraram em estado de greve, e podem parar as atividades a qualquer momento.

São Paulo e Rio concentram cerca 40% do efetivo de quase 80 mil funcionários da estatal e 60% do fluxo postal do país, de acordo com a  Federação Interestadual dos Sindicato dos Trabalhadores dos Correios (Findect).

Ainda segundo a federação, o programa de entrega de leite da Prefeitura de São Paulo foi paralisado pela greve. Alguns setores de entregas de encomendas no Rio também estão 100% parados.

Os Correios, por sua vez, informaram em nota que seguem operando normalmente em todo o país nesta sexta-feira (9), com cerca de 92% do efetivo trabalhando. "Todas as agências do Brasil estão abertas e as entregas estão sendo realizadas", declarou a estatal. "A empresa já adotou medidas como remanejamento de profissionais e realização de horas extras para cobrir as ausências pontuais e localizadas devido à paralisação anunciada pelo sindicato."

Douglas Melo, diretor de Comunicação da Findect, disse que a paralisação foi a última alternativa para os trabalhadores, após meses de negociação e 14 reuniões com representantes da empresa e governo. "Chegamos no limite", resumiu.

Os trabalhadores reivindicam 5% de reajuste salarial pago ainda neste ano, mais R$ 300 de aumento igualitário para todos os funcionários. "Esse aumento linear é para reduzir a diferença salarial entre os que menos e os que mais ganham na empresa", explicou Melo. "Nos Correios, o maior salário é 30 vezes o menor."

Segundo ele, outra reivindicação diz respeito a mudanças no plano de saúde corporativo da estatal. Os trabalhadores pedem que o desconto do salário mensal referente ao plano seja recalculado e que a coparticipação por consultas e exames caia de 30% para 15%.

"Cerca de 20 mil funcionários já deixaram o plano de saúde", relatou. "São quase 1 mil desligamentos do plano por mês."Proposta do governo

Os Correios propõem um reajuste de 6,05% nos salários dos funcionários, mas só em janeiro de 2025. Além disso, reajuste de 4,11% nos benefícios a partir deste mês.

Outra proposta inclui o aumento de 20% na função dos empregados "motorizados" – ou seja, motociclistas e motoristas.

A empresa informou ainda que o plano de saúde dos funcionários está em processo de alteração para redução da coparticipação, conforme o solicitado pelos trabalhadores.

Os Correios lembraram que, até o final do governo Bolsonaro, a empresa estava em processo de privatização, "o que gerou incerteza e insegurança para empregadas e empregados". "Além disso, o governo anterior havia retirado mais de 50 cláusulas do acordo coletivo dos Correios, extinguindo direitos históricos", acrescentou.

Lembrou também que Lula retirou a empresa do programa de desestatização. Também "reabriu as portas para os sindicatos, retomou o diálogo, resgatou mais de 40 cláusulas do acordo coletivo e fechou um acordo em mesa de negociação, o que não ocorria há sete anos".

Posição dos trabalhadores

Melo, do Findect, reconheceu os avanços promovidos pela nova gestão da empresa. Segundo ele, eles ocorreram principalmente no ano passado. Este ano, porém, eles cessaram. A empresa e os trabalhadores sentiram isso.

No ano passado, os Correios tiveram prejuízo de R$ 597 milhões. No primeiro trimestre deste ano, esse prejuízo chegou a R$ 800 milhões.

"Isso tem a ver com a demora da empresa em expandir atividades para novas áreas, como comércio eletrônico e telecomunicações, e com a terceirização de serviços", avaliou Melo.

Os Correios informaram que, entre 2023 e 2024, a atual gestão está investindo R$ 580 milhões em obras para melhoria das unidades, mais R$ 430 milhões em segurança para empregadas e empregados e mais de R$ 850 milhões na compra de novos veículos.

A Associação dos Profissionais dos Correios (Adcap) declarou que está acompanhando com apreensão "a falta de rumo da empresa, a falta de perspectiva de investimentos para melhorias das condições de trabalho, necessidades urgentes de modernização e também o conflito com as representações dos trabalhadores neste momento".

Edição: Nicolau Soares

sábado, 10 de agosto de 2024

Quatro em cada dez trabalhadores brasileiros se sentem sob risco psicológico, aponta pesquisa inédita

 

 

De acordo com o estudo, a insegurança financeira e a precarização impulsionam o desejo por mais direitos trabalhistas

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
 
Pesquisadores apresentaram o resultado do estudo sobre a classe trabalhadora brasileira na tarde desta sexta-feira (9) - Vinícius Toledo/FPA

Os trabalhadores brasileiros estão em busca de mais renda, direitos e proteção social, revela a pesquisa "As classes trabalhadoras", realizada pelo Centro de Análise da Sociedade Brasileira (Casb). Os dados foram apresentados na tarde desta sexta-feira (9), em evento realizado na Fundação Perseu Abramo (FPA), em São Paulo.  

Entre a população adulta brasileira que vive do trabalho, quatro em cada dez se sentem sob risco psicológico. A mesma parcela já fez, está fazendo ou sente que precisa fazer uso de medicamentos psiquiátricos e três em cada dez trabalhadores executam mais de uma atividade para complementar a renda. Na avaliação da equipe responsável pelo estudo, esses dados são reflexo da precarização do trabalho e da insegurança financeira.  

"O fato de ter emprego já não é garantia de que não se está na linha da pobreza", avalia a analista de pesquisa Jordana Dias Pereira, da Fundação Perseu Abramo. Quando questionados sobre o principal ponto negativo do trabalho por conta própria, 64% informaram ser a preocupação de ficarem incapacitados e sem renda.  

Com relação aos direitos trabalhistas, 79% dos entrevistados citaram o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) e 69% mencionaram o seguro-desemprego como benefícios a que gostariam de ter acesso. "Olhando para os dados, a gente encontrou uma demanda por bem-estar e seguridade social", afirma a analista.  


Realizada entre novembro e dezembro de 2023, a pesquisa foi dividida em duas etapas. Para a parte quantitativa, os pesquisadores ouviram 4.017 pessoas da classe trabalhadora, com idade entre 18 e 55 anos. Na fase qualitativa, conduzida entre junho e julho de 2023, o estudo abordou 14 grupos focais de trabalhadores de empresas de plataformas digitais (motoristas, entregadores, profissionais de beleza, cuidado e limpeza) de São Paulo e região metropolitana.  

Os entrevistados para a fase qualitativa indicaram uma piora na relação entre trabalhadores e empresas de plataformas digitais. Entre as reclamações, estão a exploração, sobretaxas e ausência de direitos. "Neste sentido, demandam por direitos e benefícios da CLT, especialmente assistência em caso de doença, acidente e gravidez - o que se vincula ao medo que possuem do desemprego e falta de renda", aponta o relatório da pesquisa. 

As pesquisas foram organizadas pelo Núcleo de Opinião Pública, Pesquisas e Estudos da Fundação Perseu Abramo e coordenadas pela Comissão Organizadora do Casb. 

Justiça social ressoa na base bolsonarista 

Uma parte da pesquisa foi dedicada a avaliar a opinião dos trabalhadores sobre temas relacionados à justiça social, levando em consideração a ideologia política dos consultados. Embora os eleitores de Lula sejam maioria entre os apoiadores de politicas de justiça social, como reforma agrária e taxação de grandes fortunas, esse último tema teve votação expressiva entre bolsonaristas. Entre os eleitores de Jair Bolsonaro, que é contrário a esse tipo de taxação, 40% concordam com a proposta.  

Com relação à totalidade dos entrevistados, 53% são a favoráveis à taxação dos bilionários e somente 20% contra; 46% são a favor e 24% contra as moradias populares; e apenas 27% dos trabalhadores disseram ser contrários à reforma agrária. 

"A ideia de justiça social é muito forte. Tanto em quem votou na esquerda, como quem votou na direita, ela é presente", avalia Carlos Henrique Árabe, diretor da Fundação.  

Edição: Thalita Pires

PEC da Segurança Pública será debatida antes de seguir ao Congresso, diz Lewandowski

 

Em encontro com governadores, Ricardo Lewandowski, ministro da Justiça e Segurança Pública, disse que proposta do Governo será amplamente debatida com os três poderes

Agência Gov | via MJSP
09/08/2024 16:11
PEC da Segurança Pública será debatida antes de seguir ao Congresso, diz Lewandowski
MJSP/Divulgação
Lewandovski e governadores em encontro do Cosud

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, afirmou, nesta sexta-feira (9), que a próxima etapa da discussão sobre a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Segurança Pública será uma reunião com governadores, os chefes dos poderes Legislativo e Judiciário e com o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva.

“O projeto será discutido nacionalmente antes de ser apresentado ao Congresso Nacional. O presidente Lula pretende se reunir com os estados, representantes da sociedade civil e com os demais chefes dos Poderes, como o presidente do Senado, da Câmara dos Deputados, do Supremo Tribunal Federal (STF) e com o procurador-geral da República”, declarou Lewandowski. O anúncio ocorreu após um encontro de detalhamento da PEC com os governadores e secretários de Segurança Pública do Consórcio de Integração Sul e Sudeste (Cosud), realizado durante a 11ª edição do evento, em Pedra Azul (ES).

Participaram da reunião os governadores do Espírito Santo, Renato Casagrande; de Santa Catarina, Jorginho Mello; do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite; de Minas Gerais, Romeu Zema; de São Paulo, Tarcísio de Freitas; e do Rio de Janeiro, Cláudio Castro.

Unanimidade

De acordo com o ministro da Justiça e Segurança Pública, houve unanimidade dos participantes quanto à necessidade de uma coordenação de esforços, inteligência única e padronização de dados em relação à segurança pública.

“O projeto de reforma da Constituição para revisitar a segurança pública foi muito bem recebido pelos governadores. Senti que teremos o apoio deles para essa reformulação da segurança pública em nosso país”, afirmou Lewandowski.

Ele voltou a reforçar que não haverá impacto na autonomia dos estados e municípios e que a PEC anal prevê alterações nas atribuições das polícias civis e militares, além das guardas municipais.

“O crime organizado é uma realidade interestadual e transnacional atualmente. Sem um esforço coletivo que integre União, estados e municípios, não vamos conseguir enfrentar esse problema de forma eficiente”, concluiu.

Cosud

Criado em março de 2019, o Consórcio de Integração Sul e Sudeste (Cosud) visa fortalecer a cooperação entre os governos das regiões Sul e Sudeste para promover ações integradas a partir de temas centrais como segurança pública, adaptação às mudanças climáticas e reforma tributária. A programação da 11ª edição do encontro, que ocorre no Espírito Santo, vai até este sábado (10).

O grupo é formado por gestores dos sete estados das duas regiões — São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina — que abrigam mais de 114 milhões de habitantes (56,5% da população brasileira) e representam 70% do PIB nacional.

Link: https://www.gov.br/mj/pt-br/assuntos/noticias/pec-da-seguranca-publica-sera-discutida-em-encontro-entre-presidente-lula-governadores-legislativo-e-judiciario

sexta-feira, 9 de agosto de 2024

Adolescente da Fundação CASA de Limeira homenageia profissional da segurança com carta de Dia dos Pais

 



Um gesto emocionante surpreendeu a todos na Fundação Centro de Atendimento Socioeducativo ao Adolescente (CASA) Morro Azul, em Limeira, nesta sexta-feira (09/08). Ο jovem João Henrique (nome fictício), que cumpre medida socioeducativa, dedicou uma carta especial ao coordenador da área de segurança da unidade, Sergio Menon Luchesi, em homenagem ao Dia dos Pais.


Na carta, o adolescente expressa sua profunda gratidão pelo apoio, laços construídos durante o período de internação e o papel de figura masculina desempenhado pelo profissional. Luchesi tem sido um pilar fundamental, ajudando a construir vínculos positivos e oferecendo um ambiente de diálogo e pertencimento

"Este gesto é um reconhecimento profundo que vai além das palavras e demonstra o impacto positivo do nosso trabalho na vida dos jovens durante momentos desafiadores. A carta é um testemunho da importância do apoio socioeducativo e da dedicação da equipe da Fundação CASA, que transforma a experiência dos adolescentes em um período de crescimento e esperança", comentou Luchesi, emocionado com a carta.


Os centros socioeducativos da Fundação CASA contam com uma equipe multidisciplinar composta por psicólogos, assistentes sociais, equipe de segurança e profissionais de saúde, que desempenham um papel crucial na garantia da segurança e no suporte integral aos jovens atendidos.


"Esse ato de reconhecimento prova o comprometimento e a importância da nossa equipe em proporcionar um ambiente de apoio e transformação. Durante a internação, a presença de figuras que desempenham papéis paternos, como o coordenador Luchesi, é essencial para oferecer segurança emocional e um senso pertencimento aos jovens", reforçou a presidente da Fundação CASA, Claudia Carletto.


Sobre a Fundação CASA


A Fundação Centro de Atendimento Socioeducativo ao Adolescente (CASA), vinculada à Secretaria de Estado da Justiça e Cidadania, aplica medidas socioeducativas conforme o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e o Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo (SINASE).


Atendendo jovens de 12 a 21 anos incompletos em São Paulo, a Fundação executa medidas de privação de liberdade e semiliberdade, determinadas pelo Poder Judiciário, com base no ato infracional e na idade dos adolescentes, garantindo os direitos previstos em lei, pautando-se na humanização, e contribuindo para o retorno do adolescente ao convívio social.




A partir da próxima quinta-feira (15/8), a UNICASA inicia o projeto "Falando com os Autores", com encontros literários sobre temas como socioeducação, políticas públicas para adolescentes e questões laborais.

 






📚 A partir da próxima quinta-feira (15/8), a UNICASA inicia o projeto "Falando com os Autores", com encontros literários sobre temas como socioeducação, políticas públicas para adolescentes e questões laborais.


📖 O primeiro encontro contará com a presença da servidora e escritora Tatiana Blanes, que apresentará sua obra "(Quase) Felizes para Sempre".


📝 Os encontros ocorrerão na sala de leitura e estudo, no 6º andar da sede.  Com vagas limitadas, as inscrições devem ser feitas até 13 de agosto, às 17h, por meio do link: https://forms.office.com/r/zmWcZD5FJY.


ℹ️ Mais informações na Intranet.