sábado, 13 de março de 2021

Em voto no STF, relator Fachin julga inconstitucionais decretos de Bolsonaro sobre posse de armas

 


Supremo começou a julgar nesta sexta no plenário virtual ação do PSB que contesta os decretos do presidente. Fachin afirmou que maior circulação de armas aumenta a violência.

Por Márcio Falcão e Fernanda Vivas, TV Globo — Brasília

 


Fachin vota por derrubar decretos de Bolsonaro sobre armas

Em julgamento que se iniciou nesta sexta-feira (12) no plenário virtual, o ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF) votou pela inconstitucionalidade de decretos do presidente Jair Bolsonaro que aumentaram as possibilidades de posse de arma.

Os ministros começaram a julgar nesta sexta uma ação apresentada pelo PSB que questiona os decretos de Bolsonaro. O partido argumenta que os atos do presidente confrontam dispositivos do Estatuto do Desarmamento, lei aprovada em 2003. Os ministros podem apresentar os votos até o dia 19.

Para Fachin, relator da ação, a posse de armas de fogo só pode ser autorizada às pessoas que demonstrem concretamente, por razões profissionais ou pessoais, possuírem efetiva necessidade.

O direito à posse é a autorização para manter uma arma de fogo em casa ou no local de trabalho (desde que o dono da arma seja o responsável legal pelo estabelecimento).

O primeiro decreto que o PSB contesta é de janeiro de 2019. O texto liberava aos cidadãos residentes em área urbana ou rural manter arma de fogo em casa, desde que cumpridos os requisitos de "efetiva necessidade", a serem examinados pela Polícia Federal. O decreto trazia situações que se encaixavam na "efetiva necessidade", como: morar em área rural ou em áreas urbanas com grandes índices de violência.

Depois, o presidente emitiu outros dois decretos para fazer modificações no primeiro. Todos são alvo da contestação do PSB.

O partido pediu que o STF proíba a ampliação do conceito de "efetiva necessidade", previsto no estatuto, por meio de decretos do presidente. Essa ampliação chegou a ocorrer, com um decreto do governo de 2019, mas a norma foi posteriormente revogada.

O texto do decreto permitia aos cidadãos residentes em área urbana ou rural manter arma de fogo em casa, desde que cumpridos os requisitos de "efetiva necessidade", a serem examinados pela Polícia Federal.

Bolsonaro assina decreto que muda regras para o porte e posse de armas

Segundo Fachin, as melhores práticas científicas atestam que o aumento do número de pessoas que possuem armas de fogo tende a diminuir, e jamais aumentar a segurança dos cidadãos.

Ele disse que diversos estudos mostram que a maior quantidade de armas circulando na sociedade aumenta a criminalidade e a violência. Fachin afirmou que há consenso da comunidade internacional quanto à necessidade de controle de armas de fogo.

“Encontra-se, portanto, desprovida de evidências empíricas que suportem suas premissas, nomeadamente a proposição de que cidadãos possuidores de armas de fogo, em cidades marcadas por altos índices de violência, produzem maior segurança. Não existindo confiabilidade da premissa empírica, é impossível justificar a alta interferência nos direitos à vida e à segurança que, em nosso sistema constitucional, gozam de elevado peso prima facie”, escreveu.

Na avaliação do ministro, o Estatuto do Desarmamento tem como regra que o porte de arma é proibido.

Fachin disse que a necessidade de uso de arma de fogo deve ser sempre concretamente verificada e não presumida. “O decreto extrapola a lei que adjetiva a “efetiva” necessidade, transformando-a em uma necessidade apenas presumida, sem lastro sólido na realidade dos fatos”, disse.

O relator criticou a edição de sucessivos decretos pelo governo sobre o assunto. Em um dos casos, um decreto alvo da ação foi revogado na véspera do julgamento do processo no plenário do STF. O ministro considerou que esta postura prejudica o trabalho do Supremo de fiscalizar se as normas são constitucionais.

“Sem que se recorra a qualquer tipo de ilação quanto à intenção do chefe do poder Executivo ao empregar tal expediente, pode-se objetivamente constatar que a profusão de decretos com conteúdo ora revogador, ora repristinador [que faz vigorar novamente], em tão exíguo espaço de tempo, prejudica o exercício da fiscalização abstrata de constitucionalidade, obstando, em face mesmo do princípio da efetividade do processo, que uma resposta jurisdicional adequada seja produzida”, escreveu o ministro.

Fachin afirmou que o governo não agiu com a devida prudência para tomar medidas para mitigar os riscos da violência.

O ministro criticou estudos apresentados pelo governo para justificar a ampliação do conceito de efetividade.

“De fato, ainda que se argumente que a norma do art. 12, § 7o, IV é fruto de opção política do Poder Executivo, e que a finalidade da norma seja garantir quer um direito individual a possuir armas, quer um meio útil para a efetivar a segurança individual, o Poder Executivo deve ser capaz de demonstrar um prognóstico confiável de que, ao aumentar o contingente de pessoas que podem adquirir armas, o resultado esperado, a saber, maior segurança, é o provável cenário futuro”.

Advogado do PSB, Cláudio Pereira afirmou que o “voto do ministro Fachin é um não à necropolitica”. “É preciso por um freio na política armamentista. Quanto mais armas na sociedade, maiores os índices de homicídios, suicídios e acidentes fatais", afirmou

sexta-feira, 12 de março de 2021

Governo quer criar ‘seguro-emprego’ de R$ 500 para evitar demissões

 


Governo quer criar ‘seguro-emprego’ de R$ 500 para evitar demissões, diz Guedes

O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou que o governo federal trabalha em novas medidas para a manutenção do emprego no país, que vão além da renovação do programa para suspensão de contrato ou redução de jornada (BEM). As novidades, segundo ele, serão anunciadas pelo presidente Jair Bolsonaro “um pouco mais para frente”.

Entre as ações, o ministro citou um ‘seguro-emprego’ de R$ 500, com o objetivo de evitar demissões. 

“Temos o seguro desemprego: a pessoa é mandada embora e o governo da R$ 1000. Porque não dar R$ 500 como seguro-emprego?!”, disse em participação no primeiro encontro da frente parlamentar da Micro e Pequena Empresa, nesta quinta-feira (11). 

SP estabelece teletrabalho obrigatório em atividades não essenciais

 


Atividades econômicas não essenciais terão de instituir o teletrabalho de maneira obrigatória em São Paulo

Tainá Falcão, da CNN em SP
11 de março de 2021 às 13:14
Atualizado 11 de março de 2021 às 14:51
O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), durante coletiva nesta quinta-feir
O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), durante coletiva nesta quinta-feira (11) para anunciar novas medidas restritivas
Foto: CNN (11.mar.2021)

O governador de São Paulo, João Doria, determinou nesta quinta-feira, 11, que todas as atividades administrativas não essenciais no estado de São Paulo terão de funcionar em regime de teletrabalho durante a fase emergencial. A medida vale tanto para empresas privadas quanto para órgãos públicos.

"Se não conseguirmos implantar as medidas, muita gente vai morrer. Mesmo com o melhor plano de saúde, o empreendedor com muito dinheiro na conta, também vai morrer. Não vai ter leito para todo mundo e os médicos vão ter de optar por quem ocupará os leitos”, afirmou João Gabbardo, coordenador do Centro de Contingência.

Restrições da Fase Emergencial em São Paulo
Restrições da Fase Emergencial em São Paulo
Foto: CNN

A restrição para o teletrabalho engloba órgãos públicos e serviços de escritórios e setores que não estão nas ativades essenciais. O objetivo da medida é reduzir sensivelmente a circulação de pessoas no estado para diminuir a circulação do vírus.

Restrições ao comércio

Entre as medidas mais restritivas estão a proibição dos chamados serviços de "take away" em restaurantes, quando o cliente vai até o restaurante para pegar sua refeição. Apenas estão liberados serviços de delivery e drive-thru. Lojas de material de construção também serão fechadas pelo governo do estado. O governo também recomendou o escalonamento no horário de trabalho, para evitar aglomeração no transporte público.

Fase ermergencial

O governador João Doria (PSDB) anunciou nesta quinta-feira (11) a criação da fase emergencial do Plano SP, uma nova classificação ainda mais restritiva e proibitiva. O toque de recolher foi ampliado e fica valendo entre 20h e 5h. Atividades esportivas coletivas e celebração de cultos religiosos serão suspensas entre os dias 15 e 30 de março.