Decisão para presídios vale por 30 dias. Medida ocorre após Executivo determinar série de restrições para conter disseminação do novo coronavírus.
Por Walder Galvão, G1 DF
A Vara de Execuções Penais do Distrito Federal (VEP) suspendeu, nesta segunda-feira (1°), visitas e transferências de presos no Complexo Penitenciário da Papuda. A medida, que fica em vigor por 30 dias, ocorre após o Executivo determinar medidas de restrição na tentativa de conter o avanço da pandemia do novo coronavírus na capital.
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No sistema socioeducativo, o Executivo também decidiu suspender as visitas a internos (veja mais abaixo). A medida foi publicada no Diário Oficial do DF desta terça-feira (2).
A decisão sobre o sistema carcerário é da juíza titular da VEP, Leila Cury. Na sexta-feira (26), ela determinou restrições apenas para a Penitenciária do DF I (PDF I). Entretanto, nesta segunda, decidiu ampliar as medidas para todas alas da Papuda.
De acordo com a medida, visitas presenciais sociais e religiosas deverão ocorrer de forma virtual, serviço que ainda deve ser ampliado. "Poderão participar da videochamada, concomitantemente, os visitantes regularmente cadastrados da respectiva pessoa presa, observado o limite máximo de quatro participantes por chamada, que terá duração mínima de cinco minutos", diz o texto.
Além disso, os advogados deverão prestar atendimentos aos presos a distância. A decisão converte os agendamentos presenciais em virtuais.
Em relação às transferências de presos entre unidades prisionais, a decisão da magistrada permite apenas que detentos com suspeita ou confirmação do novo coronavírus sejam remanejados. Esses serão submetidos à quarentena no Centro de Detenção Provisória II (CDP II).
Dados da Secretaria de Saúde mostram que o sistema penitenciário da capital registra 1.986 casos confirmados do novo coronavírus e quatro mortes provocadas pela Covid-19. Do total de diagnosticados, 1.977 estão recuperados – 99,5% do total. No DF, são 298.836 infectados e 4.865 óbitos causados pela Covid-19.
Sistema socioeducativo
No sistema socioeducativo, a decisão partiu da Secretaria de Justiça e Cidadania do DF. De acordo com a portaria publicada no DODF, a entrada de visitantes está proibida em todas as 30 unidades do sistema.
Além disso, a pasta deverá determinar formas alternativas à suspensão de visitas, como contato telefônico semanal com familiares e uso de "outros meios de comunicação". O cronograma de recebimento de materiais de higiene levado por parentes deverá ser mantido, segundo a medida.
Nesta segunda, o Executivo anunciou que os 2.197 servidores do sistema socioeducativo começaram a receber novos equipamentos de proteção individual (EPIs) contra a Covid-19. Ao todo, 50 mil itens, como máscaras, óculos e protetores de acrílico [faceshields] serão entregues aos profissionais.
Mais medidas na Papuda
Além da suspensão das visitas e das transferências, a VEP determinou a interrupção, também por 30 dias, de audiências presenciais nas unidades prisionais. O serviço deverá ser feito por videoconferência. Essa modalidade só deixará de ser feita caso o preso esteja em quarentena.
A magistrada também suspendeu escoltas externas não emergenciais. Até mesmo as saídas dos presídios para avaliações de saúde deverão ser analisadas para serem mantidas.
"Fica mantida a entrega de sacolas e importância em dinheiro por familiares e advogados em favor das pessoas presas em todas as unidades prisionais, que poderão aumentar o espaço de distanciamento entre as pessoas e instituir logística de entrega que minimize, ainda mais, contato direto entre os envolvidos", disse a juíza.
A juíza ainda manteve os atendimentos internos de saúde, incluindo grupos de acompanhamento psicossocial. As atividades de trabalho interno também permanecem, desde que os detentos não apresentem sintomas da Covid-19.
A decisão também limita o acesso de servidores de outras unidades prisionais, "especialmente cuidando para que as escalas de serviço voluntário remunerado naquele presídio sejam ocupadas por servidores que ali trabalham".
Restrições no DF
A decisão da VEP ocorre após o governador Ibaneis Rocha (MDB) restringir atividades não essenciais a partir de domingo (28). Decreto publicado no sábado (27) suspendeu o funcionamento de diversos segmentos, como comércio, bares e restaurantes.
Na quinta-feira (25), Ibaneis chegou a informar que as restrições seriam apenas entre 20h e 5h. Entretanto, após o DF ficar apenas com um leito de UTI disponível na sexta (26), o governador decidiu implementar medidas mais rígidas.
Com o novo decreto, shoppings, bares, restaurantes permanecem fechados, enquanto supermercados, farmácias e clínicas podem funcionar. Além disso, a norma proíbe a venda de bebidas alcoólicas depois das 20h.
A suspensão, no entanto, exclui alguns segmentos, como o de veículos automotores, bancas de jornal, escritórios profissionais, óticas, papelarias e lavanderias. Parques e o Zoológico de Brasília, além do setor da indústria e da construção civil, também têm permissão para funcionar.