quarta-feira, 11 de dezembro de 2019

Corte de salário valerá para servidores que ganham mais de 3 mínimos


  • O motivo da adoção da medida deve ser explicado e detalhado em ato administrativo
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O relator da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) emergencial no Senado, senador Oriovisto Guimarães (Podemos-PR), limitou a possibilidade de corte de salários e jornada a servidores que ganham mais de três salários mínimos — o equivalente, hoje, a R$ 2.994. O texto original, enviado pelo governo em novembro, não estipulava nenhuma linha de corte e, portanto, permitia a redução para todos os funcionários públicos.

A limitação está prevista no parecer da PEC 186/2019, apresentado nesta terça-feira (10/12) na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado. Fica mantida a possibilidade de que estados, municípios e União possam cortar em até 25% a carga horária e a remuneração de quem recebe acima de três salários mínimos, caso as contas estejam deficitárias. 

Para evitar que o instrumento de contenção de gastos seja usado de forma "desvirtuada", o relator deixou claro que o motivo da adoção da medida deve ser explicado e detalhado em ato administrativo. O documento deve especificar o percentual específico de redução em cada área, por meio de "clara demonstração de que será minimizado o impacto sobre a população", diz o parecer.

Novas contratações

Guimarães também inseriu uma ressalva para o dispositivo que proíbe novas contratações no serviço público em caso de problemas fiscais: pelo parecer, a regra não vai se aplicar a médicos. Fora essa exceção, os governos poderão contratar funcionários para substituição de cargos de chefia, desde que não haja aumento de despesa, e para reposição de pessoal, por concurso público, apenas para ocupar vagas já existentes. A segunda regra só vale para cargos efetivos ou vitalícios. 

A PEC também proíbe concessão de vantagens, aumentos e reajustes de salários de servidores públicos, além de promoções e progressões de carreira, em casos emergenciais. No caso da União, essas medidas serão adotadas obrigatoriamente quando houver descumprimento da regra de ouro, que impede que o governo se endivide para pagar despesas correntes, como gastos com pessoal. 

Já em estados, Distrito Federal e municípios, a implementação da medida dependerá de decisão dos chefes dos Executivos locais — ou seja, governadores e prefeitos. Diante da "grave situação fiscal", o relator afirma que os novos instrumentos serão "bem recebidos".
No parecer, ele cita que 10 estados se enquadravam no critério para adotar as medidas em 2017.

Após a leitura do parecer, a comissão aprovou requerimentos para que sejam feitas audiências públicas sobre o assunto, antes da votação, de forma que o texto só poderá ser avaliado na CCJ em 2020. Em seguida, a matéria precisa passar pelo plenário do Senado, em dois turnos de votação, e depois pela Câmara

2ª INSTÂNCIA APROVADA NA CCJ DO SENADO

2ª INSTÂNCIA APROVADA NA CCJ DO SENADO

A CCJ do Senado aprovou, por 22 votos a 1, o PL da prisão em segunda instância — veja aqui como cada parlamentar votou.
Como se trata de um substitutivo, relatado por Juíza Selma (Podemos-MT), a proposta ainda terá de ser votada novamente pela CCJ do Senado. O turno complementar deve ocorrer amanhã, como disse a presidente do colegiado, Simone Tebet.

Por ter caráter terminativo, o PL da prisão em segunda instância, se aprovado nos dois turnos, seguirá direto para a Câmara.
Mas, como mostramos, senadores do PT se articulam para apresentar um recurso que exigiria a analise do texto no plenário do Senado. Para isso, são necessárias ao menos nove assinaturas no documento, o que atrasaria ainda mais a análise do projeto de lei.
2ª INSTÂNCIA APROVADA NA CCJ DO SENADO
A delação que pode começar a revelar as entranhas do Judiciário

terça-feira, 10 de dezembro de 2019

O juiz titular da 5ª Vara da Infância e Juventude, Manuel Clístenes, estima que 90% dos jovens com quem ele teve contato direto voltaram a reincidir, antes mesmo de terminarem de cumprir a primeira medida socioeducativa


Após cumprir medidas de internação, adolescentes tentam mudar de vida FOTO: EMANOELA CAMPELO DE MELO
   
Quando um jovem infrator termina de cumprir a medida socioeducativa e não volta a cometer atos infracionais, ele fica com a ficha limpa. É a chance do recomeço, de deixar o passado de infrações para trás. No último dia 29 de novembro, um grupo de 22 adolescentes foi contemplado com esta oportunidade, na 5ª Vara da Infância e Juventude, em Fortaleza: "se amanhã você for abordado na rua e um policial perguntar se você tem passagens, saiba que você não tem", sugere aos jovens o juiz Manuel Clístenes, titular da Vara.
O grupo é minoria em meio a milhares de jovens apreendidos por ano, no Ceará. Conforme estudo feito na 5ª Vara, quase 90% dos adolescentes infratores nem sequer chegam a finalizar a medida e já voltam a reincidir, sendo sentenciados com uma nova medida socioeducativa. A defensora pública Érica Albuquerque lamenta que os índices de reincidência em meio aberto ainda sejam elevados e pontua que "o adolescente que está ali já teve muitos direitos violados. Ainda hoje, há casos que o adolescente passa a ter o direito de existir depois que ele comete o ato infracional".
Sob olhares dos representantes do Poder Judiciário, os jovens de 'ficha limpa' escutam sobre a nova chance: "vocês estão tendo uma oportunidade de reiniciar, de começar de novo. Espero que saibam aproveitar isto", acrescentou a defensora. Na audiência, são as mães quem mais falam sobre eles. A fala dos adolescentes é mínima. Um deles, quando sai da sala se vira para o policial militar e diz: "até a próxima", como se desacreditasse em um futuro diferente daquilo para si mesmo.
Persistir
As mães são as que não demonstram desistir deles. Uma delas diz ao juiz. "Ele já melhorou bastante. Agora chega em casa cedo e vai para a escola. Antes ele mentia que ia, e faltava. Agora até dorme em casa com a gente". Outra defende que o tempo que o filho passou cumprindo a liberdade assistida foi positivo: "matriculei ele de volta ao colégio. Próximo ano, vai voltar a estudar, se Deus quiser. Agora está trabalhando de servente. Prometo que não vai mais se misturar com as más companhias, viu, doutor".
A pedagoga do Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas), Maria de Lourdes Macário, acompanhou parte do grupo de 22 jovens durante seis meses de liberdade assistida. Ela destaca acreditar nas reviravoltas das vidas deles e fala sobre a importância dos cursos profissionalizantes para abrir portas.
"Dentro deles, tem um potencial do bem que precisam colocar para fora. Podem dar exemplo para a sociedade e para o Governo do Estado. Cada um é capaz. Esse período que passamos com eles, nós dizíamos que o sentido da medida era colocar tudo isso em prática. Acreditamos que eles viraram essa página da violência", disse a pedagoga.
Justiça restaurativa
Conforme estatísticas da Defensoria Pública do Ceará, o Núcleo de Atendimento ao Jovem e Adolescente em Conflito com a Lei (Nuaja) registrou, em 2017, 3.690 atendimentos. Em 2018, o número reduziu para 3.512 e, neste ano, até o fim de novembro, eram 2.980 registros. A queda dos dados acompanha a redução de adolescentes capturados e que cumpriram medidas socioeducativas neste mesmo período. Mesmo com a redução, o volume de adolescentes em conflito com a lei fez com que a Defensoria promovesse o Centro de Justiça Restaurativa como alternativa ao processo judiciário.
Érica Albuquerque explica que, na prática, há envolvimento do adolescente ofensor, da vítima, da comunidade e de um facilitador. Neste processo, há o cuidado com as necessidades dos envolvidos em prol de buscar a reparação dos danos das vítimas, algo que, na maioria das vezes, é emocional.
A Defensoria afirma que quase 80% das práticas realizadas no Centro resultaram em acordo. Os casos chegam a partir de encaminhamento da 5ª Vara da Infância e Juventude de Fortaleza. De abril de 2018 até abril deste ano, foram 22 processos que resultaram em práticas restaurativas, entre os quais 18 tiveram como desfecho acordos que foram cumpridos.
"A prática restaurativa é uma forma de responsabilizar o adolescente de uma forma educacional. A gente acredita que um atendimento humanizado faz toda a diferença, mas o volume é intenso. Muitas vezes, o adolescente chega com o rótulo do adolescente que está em conflito com a lei, que violou o direito de alguém. Mas antes de ele violar o direito, na maioria das histórias, a gente verifica que existiram diversas violações em relação ao direito daquele adolescente. Então, para que ele seja ressocializado, para que ele não volte a cometer atos infracionais, é preciso que neste momento as instituições ajam de forma a assegurar direito e garantias daquele adolescente", diz a defensora pública.
Visualizar e analisar um adolescente infrator como alguém que também precisa ter seus direitos respeitados ainda é desafiador para a sociedade e poder público. Érica Albuquerque defende: "para que a pessoa tenha sentimento de respeito pelos direitos dos outros ela precisa, na sua formação, ter seus direitos respeitados. A partir do momento que a Justiça retribui a dor somente com mais dor, ela não alcança efetividade", finaliza.

segunda-feira, 9 de dezembro de 2019

Servidor público que praticar crime terá aposentadoria cassada


Proposta do Poder Executivo foi aprovada por unanimidade

8 DEZ 19 - 08h:30IZABELA JORNADA
A partir de agora, servidores do Estado de Mato Grosso do Sul poderão ter a aposentadoria cassada caso tenham praticado ilícitos e atos indisciplinados. Projeto de lei, de autoria do Executivo, foi aprovado em segunda votação e segue para sanção do governador do Estado, Reinaldo Azambuja (PSDB).
A proposta altera o estatuto em relação as penalidades, apurações, processo disciplinar e julgamento. De acordo com a matéria, o servidor, além de ser demitido ele terá a aposentadoria cassada, caso pratique algum crime.
A proposta foi aprovado no dia 4 de dezembro. Apesar do deputado Coronel David (PSL) ter apresentado emenda para que a lei se aplique aos futuros servidores, o parlamentar acabou votando a favor, resultando em 22 votos favoráveis e nenhum contrário. David declarou, anteriormente, que a matéria era prejudicial aos direitos adquiridos pelos servidores públicos e apresentou emenda para que a decisão não valha para quem já está aposentado. A proposta de David também foi aprovada.
Uma das justificativas do governo é que em fevereiro de 2018 tais medidas resultaram de decisão do Supremo Tribunal Federal (STF). Isso porque caso de um servidor público federal teve a cassação do benefício.
Na redação do projeto o governador concede poderes para que o Controlador-Geral do Estado possa cassar a aposentadoria de servidores por motivos diversos.

Servidores do socioeducativo ganharão R$ 50 por hora voluntária no DF


GDF sanciona, nesta segunda-feira, o projeto de lei que institui o serviço nas atividades ressocialização de jovens infratores

Andre Borges/Agência BrasíliaANDRE BORGES/AGÊNCIA BRASÍLIA
ATUALIZADO 09/12/2019 12:42

Servidores públicos do Sistema Socioeducativo do Distrito Federal vão receber R$ 50 por hora trabalhada em serviço voluntário. Nesta segunda-feira (09/12/2019), o GDF sanciona o projeto de lei nº 745/2019, que estabelece o pagamento pelo trabalho no período de folga.
Segundo o secretário de Justiça e Cidadania, Gustavo Rocha, a iniciativa aumentará a capacidade de atendimento aos adolescentes em fase de ressocialização, após práticas de atos infracionais.
Além disso, para reforçar o atendimento, a pasta nomeou 200 concursados, neste ano. Agentes, técnicos e especialistas foram aprovados no concurso da antiga Secretaria de Políticas para Crianças, Adolescentes e Juventude — hoje, subsecretaria —, anexada neste governo à pasta.
PL do serviço voluntário foi apresentado pelo próprio secretário de Justiça. Atualmente, o serviço voluntário é feito em outras instituições como Polícia Militar, Polícia Civil, Agentes Penitenciários, Detran e DER.
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Segundo a pasta da Justiça, o reforço é fundamental para que todas as atividades de ressocialização ocorram com segurança e sem prejuízo aos jovens e servidores.
O governo também começa, nesta segunda-feira, a entregar as primeiras carteiras de identidade funcional para os servidores do socioeducativo

À espera da liberdade, jovens usam medicamentos controlados


Segundo levantamento da Seas, em três anos, mais de sete mil adolescentes foram privados de liberdade. A reportagem acompanhou inspeção realizada pelo Poder Judiciário no Centro Socioeducativo Canindezinho, na Capital