segunda-feira, 29 de julho de 2019

Sobe pra 57 o número de mortos em confronto entre facções rivais em presídio de Altamira

Por G1 PA — Belém
 

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Massacre em presídio de Altamira, no Pará, deixa 57 mortos
A Superintendência do Sistema Penitenciário do Pará (Susipe) confirmou o aumento do número de mortos de 52 para 57 detentos, após confronto entre facções criminosasdentro do Centro de Recuperação Regional de Altamira, sudoeste estado. Nesta segunda-feira (29), líderes do Comando Classe A (CCA) incendiaram cela onde estavam internos do Comando Vermelho (CV). De acordo com a Susipe, 41 morreram asfixiados e 16 foram decapitados.
O Gabinete de Gestão da Segurança Pública determinou a transferência imediata de 46 presos envolvidos no confronto. Entre os presos para transferência estão 16 detentos que foram identificados como líderes das facções criminosas. Dez deles irão para o regime federal. Os demais presos serão redistribuídos pelos presídios no Pará.
governador Helder Barbalho lamentou o ocorrido no Centro de Recuperação Regional de Altamira e ressaltou os esforços que a sua gestão estão tomando para reduzir a violência dentro dos presídios do Pará.
"Desde o início do Governo, nós temos feito todas as ações para conter o crime fora e dentro do sistema carcerário. Com o apoio do Ministério da Justiça, transferimos mais de 30 líderes de facções criminosas para Catanduvas, no Paraná, agindo de maneira preventiva", disse.
O Centro de Perícias Científicas (CPC) Renato Chaves iniciou a retirada dos corpos dos detentos mortos no confronto. Um caminhão frigorífico foi utilizado para remoção.
Centro de Perícias Científicas utiliza caminhão frigorífico para remoção dos 57 corpos de presídio em Altamira, sudoeste do Pará — Foto: ReproduçãoCentro de Perícias Científicas utiliza caminhão frigorífico para remoção dos 57 corpos de presídio em Altamira, sudoeste do Pará — Foto: Reprodução
Centro de Perícias Científicas utiliza caminhão frigorífico para remoção dos 57 corpos de presídio em Altamira, sudoeste do Pará — Foto: Reprodução
A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) no Pará emitiu nota sobre o massacre que aconteceu no presídio de Altamira. A instituição informou que o caso se tornou grave também pelo fato de que dos 311 detentos no local, 145 estão presos provisoriamente, aguardando julgamento.
" A OAB exige imediata apuração das circunstâncias que levaram a tão violento episódio, mas fundamentalmente exige que sejam tomadas medidas consistentes que garantam a efetiva normalidade da reabilitação penal, a segurança dos servidores, a racionalidade da lotação carcerária seja através de oferecimento de mais vagas no sistema como também acelerando a resolução da condição de presos provisórios, demonstrando para a sociedade que há, de fato, presença do estado dentro dos presídios, para que a barbárie e a violência não corroam de vez o sistema carcerário, causando cada vez mais perdas de vidas humanas, sob a tutela do estado", completou.

Relatório da CNJ

O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) produziu um relatório que apontou o Centro de Recuperação Regional de Altamira como superlotado e em péssimas condições. Nesta segunda-feira (29), antes do confronto entre facções rivais que resultou na morte de 52 detentos, o presídio com capacidade máxima de 200 internos registrava 311 custodiados.
Apesar da casa penal ter excedido o número máximo de vagas em 55,5%, o superintendente da Susipe, Jarbas Vasconcelos não classificou o local como superlotado e espera entregar uma nova unidade prisional em breve.
"Não há superlotação carcerária na unidade, mas estamos aguardando a entrega de uma nova prisão pela Norte Energia, que deve ficar pronta até dezembro. Os containers não são improvisados, existem há algum tempo, mas com a entrega do novo complexo como compensação ambiental da empresa, teremos capacidade para 306 internos e ainda uma unidade feminina. Esperamos, assim, ter um espaço mais seguro e moderno na região da Transamazônica", pontuou

Massacre no presídio de Altamira — Foto: Arte G1
Massacre no presídio de Altamira — Foto: Arte G1

Membros do PCC no Nordeste e acusados de homicídio são presos em São Vicente


Duas mulheres, de 44 e 22 anos, e um homem, de 26, foram presos dentro de uma casa lotérica por policiais civis
Apontados como membros do Primeiro Comando da Capital (PCC) com atuação no Rio Grande do Norte e acusados de homicídio naquele estado, um homem e duas mulheres foram presos na tarde desta segunda-feira (29) em São Vicente. Disputa entre facções rivais motivou o crime.
Após serem descobertos como envolvidos no assassinato no Nordeste e terem a prisão preventiva decretada pelo juiz Rivaldo Pereira Neto, da 3ª Vara de Pau dos Ferros (RN), no último dia 14 de maio, os acusados fugiram para o Estado de São Paulo.
Há cerca de um mês, surgiu a pista de onde Luíza de Marilac Queiroz dos Santos, a "Galega", de 44 anos; a filha dela, Karismeire Alves de Queiroz, de 22; e o companheiro da jovem, Henrique Eduardo Arlindo de Lima, de 26, estariam refugiados.
De acordo com o delegado Andson Rodrigo de Oliveira, titular da 4ª Delegacia Regional de Polícia (DRP), em Pau dos Ferros, o paradeiro do trio foi descoberto porque ele sacou benefício social do Governo Federal em uma casa lotérica em São Vicente.
Essa informação foi repassada para a equipe do delegado Luís Carlos Cunha e do investigador Adilson Peres, da Delegacia de São Vicente. “Passamos a monitorar a lotérica, que fica no Centro. Henrique e Karismeire foram até lá hoje e os prendemos”.
Após ser capturado, o casal levou os investigadores Peres, Fábio Costa e Felipe Di Carlo até uma casa na Vila Margarida, onde foi cumprido o mandado de prisão contra Luíza, mãe de Karismeire.
A captura do trio logo foi comunicada ao titular da 4ª DRP, que conversou com A Tribuna. “Agora, vamos escalar uma equipe para viajar até São Vicente e fazer o traslado dos indiciados ao Rio Grande do Norte”. Esta operação ainda não tem data definida.
Rivalidade
O delegado Andson de Oliveira relatou que o trio é acusado de participar do sequestro e homicídio de Rafaela da Silva Vieira, de 19 anos. A jovem seria simpatizante do Sindicato RN, facção rival do PCC no Rio Grande do Norte.
A data exata do crime é desconhecida, mas ele ocorreu supostamente no fim de dezembro de 2018. Rafaela foi sequestrada no município de Itaú (RN) e levada para Pau dos Ferros, distante 40 quilômetros.
Nesta cidade, a jovem foi submetida a uma sessão do tribunal do crime do PCC e executada com requintes de crueldade. O cadáver foi enterrado, sendo encontrado em 21 de março próximo ao Rio Apodi-Mossoró, conforme o chefe da 4ª DRP.
No ápice da rivalidade entre integrantes do PCC e do Sindicato RN, 26 presos foram mortos durante rebelião na Penitenciária de Alcaçuz, no município de Nísia Floresta, Região Metropolitana de Natal. A maioria das vítimas foi decapitada. Ocorrido em 14 de janeiro de 2017, o motim foi o mais violento da história do Rio Grande do Norte.