Patrimônio dos candidatos a prefeito e vereador nas 39 cidades da Grande São Paulo mostra diversidade entre os participantes das eleições de 2020.
Por Patrícia Figueiredo, G1 SP — São Paulo
A lista de bens dos candidatos a prefeito, vice-prefeito e vereador nas 39 cidades que compõem a Grande São Paulo tem desde investimentos em bitcoins e embarcações a itens inusitados como retroescavadeiras, pistolas, cadeiras e eletrodomésticos como fogão e micro-ondas.
Os bens são declarados pelos candidatos ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). No entanto, como as regras sobre o que pode ser considerado patrimônio não são claras, sobram bens curiosos na lista. Além disso, como alguns candidatos postulam a cargos políticos há muitos anos, também há bens com valores desatualizados, porque a declaração é antiga e o político não atualizou os valores do patrimônio.
Bens dos candidatos da Grande SP: declarações feitas ao TSE incluem itens inusitados — Foto: Wagner Magalhães/G1
Os candidatos a vereador da Grande SP possuem, ao todo, duas retroescavadeiras. Uma delas pertence a Maurício Celestino (PSDB), que concorre ao cargo de vereador em Jandira. Além do equipamento, cujo valor declarado é R$ 200 mil, a lista de bens de Celestino tem ainda duas casas e dois carros.
Já Wilson Seleiro (PSB), de Guararema, declarou uma Retroescavadeira CAT 416 de R$ 130 mil, além de um sítio, um terreno, um carro e uma moto.
Retroescavadeira CAT 416 — Foto: Reprodução/CAT
A Pistola Taurus TH380 de R$ 5,4 mil declarada pelo Dr. Marcos Santos (PTB), candidato a vereador em Carapicuíba, também não é a única da lista, mas é a mais cara. Não há uma categoria específica para armas de fogo, mas pelo menos três candidatos da Grande SP têm itens que incluem a palavra “arma”, “revólver” ou “pistola” em suas declarações de bens.
Pistola Taurus TH 380 — Foto: Divulgação/Taurus
Pelo menos quatro candidatos da região metropolitana declararam investimentos em bitcoins ou em outras criptomoedas. O que tem maior valor neste tipo de investimento é um candidato da capital que possui R$ 300 mil nessa modalidade de aplicação.
Já em Mogi Das Cruzes, um candidato declarou ter R$ 154 mil em ouro. O ativo financeiro, segundo consta na declaração, seria uma "herança recebida do avô materno".
Joia rara
Na categoria em que são declaradas joias e obras de artes alguns candidatos declaram os itens separadamente, enquanto outros relacionam um conjunto de objetos em um mesmo item. O candidato que declarou o item de maior valor nesta categoria em toda a Grande São Paulo é da capital, com R$ 300 mil em “bens móveis, joias, artes e utensílios”, seguido de um político de Itaquaquecetuba que declarou um grupo de joias no valor de R$ 210 mil.
O item individual mais caro declarado nesta categoria foi um relógio Rolex Submariner 40mm de aço Oystersteel no valor de R$ 42 mil, declarado por um candidato da capital.
Já o mais barato é um “anel de bacharel em Direito, de prata com pedras zircônias e rubi sintético”, no valor de R$ 700, declarado por uma candidata de Mairiporã.
Rolex Submariner 40mm de aço Oystersteel — Foto: Divulgação/Rolex
Nesta mesma categoria de joias e obras de arte há uma coleção de livros cujo valor declarado é R$ 30 mil. A biblioteca pertence ao candidato Dr.Jamberg (PMB), que concorre ao cargo de vereador na capital. Sua declaração de bens soma R$ 255 mil, dos quais R$ 30 mil são apenas em livros.
Embarcações
Na Grande São Paulo, 16 candidatos declararam embarcações, sendo a mais cara delas uma lancha a motor de R$ 300 mil de um candidato de Ribeirão da Serra.
Já a mais barata é um barco de alumínio Squalus 500 Cast com remo, no valor declarado de R$ 1.530, pertencente a um candidato da capital.
Móveis e eletrodomésticos
O candidato Zé Hélio (PTB), que concorre ao cargo de vereador em Itapecerica da Serra, apresenta uma combinação curiosa em sua declaração de bens: ele revela ter um kit de som automotivo de R$ 400, mas não possui carro próprio. Além do kit de som, o candidato também declarou uma casa de R$ 220 mil e uma conta-poupança no Banco do Brasil.
Apesar de não ser necessário, há candidatos que declaram móveis e eletrodomésticos em suas candidaturas. A lista de bens de Antônio Arquiteto (Rede), candidato a vereador de Guarulhos, inclui “sete cadeiras de escritório”, no valor de R$ 800, uma mesa de R$ 500 e uma “bicicleta aro 29” de R$ 900.
Microondas em lanchonete em São Paulo — Foto: Marcelo Brandt/G1
Já a candidata Izabel Cristina (PP), também de Guarulhos, declarou “geladeira, máquina de lavar roupa, computador, televisão, fogão, micro-ondas e tanquinho”, itens que somam R$ 6,7 mil, além de uma casa no valor de R$ 300 mil.
Outro item que não precisa ser declarado, mas aparece com frequência nas listas de bens, são as linhas telefônicas. No final dos anos 1990, havia fila de espera para conseguir comprar uma linha de telefonia fixa, e os valores com frequência ficavam na casa dos milhares de reais.
Em 2020, 316 candidatos da Grande SP declararam linhas telefônicas. Desses, boa parte declarou mais de uma linha. Alguns, no entanto, incluem nesta categoria a posse de aparelhos celulares.
Carrinho de mão e sorvete de casquinha
Em Mauá, um candidato a vereador do PSL declarou, além de uma casa própria, uma máquina de sorvete cujo valor alcança R$ 20 mil. Descrito como “Máquina de Sorvete Icemak”, o aparelho declarado na lista de bens Augustão Filho é do tipo que produz sorvetes soft, a famosa “casquinha”.
Máquina de sorvete soft — Foto: Divulgação/Multivisi
Candidato a vereador em Juquitiba, o Professor Ricardo Carvalho (PSOL) é proprietário de um “carrinho de mão com bateria, caixa de som e quadro branco” no valor de R$ 1 mil. Segundo fotos postadas pelo candidato em suas redes sociais, o equipamento é usado desde 2018 para fazer campanha na rua – naquele ano, Carvalho postulou ao cargo de deputado federal pelo mesmo partido.
Além do carrinho de mão, o candidato também declarou um carro ano 2010 e investimentos em poupança e previdência privada.
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