Um comunicado apreendido em diversas unidades prisionais, atribuído ao PCC (Primeiro Comando da Capital) e ordenando o levantamento de endereços de policiais penais, colocou em alerta o sistema prisional do estado de São Paulo.
O Gaeco (Grupo de Atuação especial e de Combate ao crime Organizado) subordinado ao MP-SP (Ministério Público do Estado de São Paulo) confirma a apreensão dos bilhetes e tenta checar a veracidade ou não do conteúdo da mensagem.
O "salve", como é chamado o recado do PCC aos faccionados presos e em liberdade, tem data de 17 de setembro deste ano e diz que é para fazer o levantamento de dados, como o endereço e até mesmo a rotina de agentes penitenciários, sendo ao menos dois por cada unidade.
Bilhete escrito à caneta
A mensagem informa ainda que o prazo para a coleta desses dados termina no próximo dia 17, ou seja, na próxima quinta-feira. O bilhete é assinado pela "sintonia final", que segundo o MP-SP é formado pela cúpula da organização criminosa. Há ainda a citação de que haverá represálias, mas não explica os motivos.
Escrito à caneta e um pedaço de papel, uma das nove linhas traz um trecho ameaçador. O comunicado deixa claro que providências contra os policiais penais serão tomadas à altura e que a "sintonia final" aguarda o levantamento dos dados em 30 dias em caráter de urgência.
Uma fonte do MP-SP afirmou à reportagem que o "salve" chegou a várias unidades prisionais espalhadas pelo estado e que o recado foi transmitido em forma de bilhete porque os bloqueadores de telefone celular estão funcionando nos principais presídios do estado.
O Sifuspesp (Sindicato dos Funcionários do Sistema Prisional do Estado de São Paulo) vê com preocupação a ameaça feita contra a categoria. Os policiais penais estão em alerta e redobraram os cuidados para evitar possíveis ataques.
Segundo Fábio Jabá, presidente da entidade, os policiais penais não têm colete a prova de bala, não podem usar arma nem em serviço e acabaram tornando-se alvos fáceis.
O sindicato apurou que integrantes do PCC também pediram para levantar quais unidades prisionais estão fora do ar, ou seja, sem telefone celular, para que a comunicação aos faccionados encarcerados seja levada até eles por bilhetes.
A motivação dos possíveis ataques aos policiais penais seria em represália à opressão que os líderes da facção criminosa estariam sofrendo no sistema prisional federal. A cúpula da organização foi removida para presídios federais em fevereiro de 2019, a pedido do Gaeco de Presidente Prudente.
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