A Igreja Universal do Reino de Deus foi condenada pela Justiça paulista a devolver um ônibus doado em 2014 por um fiel arrependido.
À Justiça, o homem disse ter sido coagido pelos pastores da Igreja a fazer a doação.
Morador de Ribeirão Preto, no interior paulista, ele contou no processo ter procurado a Universal em um momento de desespero, com problemas familiares e psíquicos. Disse que chegou até mesmo a pensar em suicídio.
"A vida dele estava um verdadeiro caos", disseram à Justiça os advogados Lucas e Gabriel Volpim, que o representam.
Conforme o relato, o fiel foi instigado a participar da Fogueira Santa, uma campanha na qual os adeptos devem fazer um "excelente sacrifício, tanto espiritual como material" para, em contrapartida, "chegar aonde jamais imaginou e alcançar a tão esperada realização do senhor por meio da fé".
Os advogados dizem que os representantes da igreja afirmavam que, sem o sacrifício, o fiel não seria abençoado.
"Nos cultos realizados pela Universal, muitos fiéis doam bens - que muitas vezes sequer poderiam doar - pelo temor legítimo de sofrerem algum mal injusto e pela promessa de graças divinas a serem alcançadas", afirmaram no processo.
Na ação, o fiel disse que sua via piorou muito após a doação do ônibus, que era seu instrumento de trabalho (realizava excursões e transportes de passageiros). Além dos problemas familiares, passou a ter problemas financeiros.
Na defesa apresentada à Justiça, a Universal afirmou que a doação foi voluntária e feita "após exaustivos esclarecimentos e orientação acerca dos fundamentos bíblicos que embasam o propósito sacrificial".
"O autor do processo não foi aconselhado ou obrigado a fazer qualquer doação, tão pouco lhe foi 'vendida' a promessa de recebimento de bênçãos, como se tal promessa adviesse de relação comercial, conforme quer fazer crer", declarou a Igreja.
Disse que ele tinha plena capacidade de seus atos, não possuindo nenhum distúrbio mental que pudesse interferir em seu discernimento.
Em decisão do dia 30 de setembro, a juíza Roberta Villela condenou a igreja declarando que a vontade de doar do fiel foi influenciada pela Igreja, citando sua situação de desespero em razão de problemas conjugais.
A Igreja terá 15 dias para devolver o ônibus após o trânsito em julgado da decisão ou pagar o valor correspondente.
A Universal ainda pode recorrer.
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