quarta-feira, 6 de dezembro de 2023

Privatização da Sabesp deve ser votada nesta quarta na Alesp; entenda a tramitação da proposta

 

Por Deslange PaivaPaulo Gomes, g1 SP e TV Globo — São Paulo

 


O projeto de privatização da Sabesp será votado nesta quarta-feira (6) pelos deputados da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo(Alesp), a partir das 17h30.

Para ser aprovado, ele precisa de maioria simples dos presentes. O quórum mínimo para a sessão começar é de 48 deputados.

Uma das prioridades da gestão de Tarcísio de Freitas (Republicano), a proposta foi enviada à Alesp pelo governo em outubro, quando começou a tramitar na Casa.

Desde então, rendeu sessões acaloradas, como ocorreu na noite da terça (5). Deputados se exaltaram e manifestantes que estavam acompanhando o debate nas galerias do plenário da Casa gritaram palavras de ordem contra a desestatização.

Por volta das 22h40, durante um bate-boca, houve até troca de empurrões entre deputados.

Abaixo, o g1 explica os detalhes da proposta, como foi a tramitação na Casa, a expectativa pra a votação e quem é a Sabesp, uma das maiores companhia de saneamento básico do mundo.

Manifestantes gritando palavras de ordem na Alesp.
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Manifestantes gritando palavras de ordem na Alesp.

A proposta de privatização

A privatização da empresa já foi tratada de diferentes formas pelo governador Tarcísio de Freitas (Republicanos).

Durante a campanha eleitoral, ele defendeu o estudo da proposta, mas, horas após ser eleito, mudou de tom e passou a afirmar que ela seria "a grande privatização do estado”.

Movimentos sociais contrários a privatização da Sabesp discutem com deputado na Alesp.
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Movimentos sociais contrários a privatização da Sabesp discutem com deputado na Alesp.

O modelo proposto pelo governo paulista prevê investimentos de R$ 66 bilhões até 2029, o que representa R$ 10 bilhões a mais em relação ao atual plano de investimentos da Sabesp, e uma antecipação da universalização do saneamento, de 2033 para 2029.

Os investimentos incluem, além da universalização dos serviços, obras de dessalinização de água, aportes na despoluição dos rios Tietê e Pinheiros, e ainda intervenções de prevenção em mudanças climáticas.

A previsão é que a votação ocorra nesta quarta-feira (6). Após a votação, o texto deve ser sancionado pelo governador.

Entretanto, para ser de fato viabilizado, o projeto de privatização também precisa, obrigatoriamente, passar pela Câmara de São Paulo.

Ele terá que ser aprovado pelos vereadores, uma vez que a capital paulista representa 44,5% do faturamento da companhia.

Pela lei municipal, qualquer mudança no controle acionário da Sabesp faz com que a Prefeitura de São Paulo volte a assumir o serviço de água e esgoto na cidade.

Na prática, ainda que sancionada, ela não deverá sair do papel antes do primeiro semestre de 2024.

Como devem votar os deputados

Os deputados dos partidos que compõem a base do governo Tarcísio de Freitas, RepublicanosPartido Liberal (PL), União BrasilPSDBPSDPodemosPPSolidariedade e Novodevem votar a favor da privatização da estatal.

A Casa é composta por 94 deputados. A expectativa é a de que ao menos 50 parlamentares votem a favor, ou seja, dois a mais do que o necessário para o PL passar.

Já os deputados da oposição, PTPSOLPSB e Rededevem votar contra.

O relatório do deputado Barros Munhoz (PSDB), favorável à privatização, foi aprovado no dia 22 de novembro.

Inconstitucionalidade

Deputados da oposição questionam o fato de que a privatização está sendo votada como projeto de lei e não como uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC).

Para o professor de Direito Administrativo da USP Gustavo Justino de Oliveira, o processo de votação tem “vícios de inconstitucionalidade".

A Constituição do estado de São Paulo determina que os serviços de saneamento básico sejam prestados por concessionária sob controle acionário do estado.

Então, para a desestatização, seria necessário alterar o texto constitucional, já que o processo de venda faria com que o estado perdesse a condição de acionista majoritário.

"A Sabesp é uma empresa essencial ao setor de saneamento no estado mais populoso do país, e uma desestatização às pressas pode ser contraproducente à medida que o rito do PL é muito mais simplificado em detrimento do rito de aprovação de uma PEC", afirma.

De acordo com o parágrafo segundo do artigo 216, "o Estado assegurará condições para a correta operação, necessária ampliação e eficiente administração dos serviços de saneamento básico prestados por concessionária sob seu controle acionário".

Ações da oposição

Três deputados da oposição entraram com ações na Justiça de São Paulo contra o processo de privatização:

  • Jorge do Carmo (PT): entrou com uma ação questionando a tramitação em regime de urgência e a convocação de congresso de comissões (quando as comissões pelas quais o projeto tem que passar se reúnem para apreciar o texto juntas). Segundo o questionamento do deputado, pela importância do projeto, ele tinha que ser apreciado obedecendo ao rito parlamentar tradicional, passando comissão por comissão, sem prazo de urgência.
  • Emidio de Souza (PT): entrou com uma ação alegando que a Constituição paulista tem de mudar para acatar a privatização. A constituição do estado (leia acima) determina que o saneamento deve ser ofertado por companhia de controle do estado, a Sabesp. Se ela for privatizada, a constituição tem que mudar. A PEC precisa passar por duas votações, com três quintos dos votos, diferentemente de projeto de lei, que precisa apenas de maioria simples;
  • Guilherme Cortez (PSOL): também questionou o fato de o projeto de lei não ser PEC, além de não tramitar em duas comissões em que deveria tramitar, segundo ele, a de Administração Pública e a de Meio Ambiente (são obrigatórias no mínimo três comissões, e ficou definido que o PL tramitaria na de Constituição e Justiça, na de Infraestrutura e na de Finanças e Orçamento).

As três ações foram para o Tribunal de Justiça do estado, mas o TJ não acatou nenhuma delas. Além dessas ações, deputados também entraram no Supremo Tribunal Federal (STF) e no Ministério Público (MP).

O PT e o PSOL protocolaram uma ação direta de inconstitucionalidade no STF questionando o decreto do governo do estado que criou novas competências para os conselhos deliberativos das URAEs (Unidades Regionais de Serviços de Abastecimento de Água Potável e Esgotamento Sanitário).

Segundo eles, o decreto deu a esses conselhos o poder de alterar detalhes dos contratos da Sabesp com as prefeituras. Um dos pontos importantes da privatização é que em tese ela implica no rompimento automático do contrato com as prefeituras. A alteração das competências das URAEs, portanto, permitiria ao governo renegociar esses contratos via URAEs, sem que cada município renegocie individualmente.

A ação está a cargo do ministro André Mendonça no Supremo, indicado de Bolsonaro ao STF. Mendonça teve uma derrota política para Tarcísio em setembro. O ministro indicou uma pessoa para uma vaga no Tribunal de Contas do Estado (TCE), mas perdeu a disputa para o indicado do governador, Marco Bertaiolli (PSD).

A Bancada do PSOL também protocolou uma denúncia no MP contra o presidente da Sabesp, André Salcedo. Segundo eles, existe um conflito de interesse no processo de privatização.

Sabesp

A Sabesp é uma empresa de economia mista, ou seja, o controle é do estado, que tem 50,3% do seu capital social, mas outra parte é negociada em ações nas Bolsas de Valores de São Paulo e Nova York. Sua oferta inicial pública de ações (IPO, na sigla em inglês) foi feita em 2002.

Ela é considerada uma das maiores companhias de saneamento do mundo e atende 375 municípios paulistas, onde vivem 28,4 milhões de pessoas.

Já foi finalista de premiações, como o “Global Water Awards”, e é reconhecida internacionalmente pela contribuição significativa para o desenvolvimento internacional do setor de água.

Também presta serviços de água e esgoto em parceria com empresas privadas para outros quatro municípios paulistas: Mogi-Mirim, Castilho, Andradina e Mairinque.

É composta por mais de 12 mil funcionários e tem valor de mercado estimado em R$ 39 bilhões. No ano passado, anunciou lucro de R$ 3,12 bilhões, 35% superior aos R$ 2,3 bilhões de 2021.

Veja também

G1 SP

Movimentos sociais contrários a privatização da Sabesp discutem com deputado na Alesp.

Previsão é que projeto de lei seja votado nesta quarta-feira (5). Deputados de oito partidos, que fazem parte da base do governo, devem votar pela privatização.

5 de dez de 2023 às 19:37

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MG é o Estado com mais adolescentes gestantes cumprindo medidas socioeducativas

 


Minas abriga 21% das adolescentes gestantes e/ou com filhas em restrição de liberdade no país

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Ter, 05/12/23 - 11h43
MG é o Estado com mais adolescentes gestantes cumprindo medidas socioeducativas
Imagem ilustrativa de mulher grávida | Foto: Daniel Reche/Pexels/Reprodução

Minas é o Estado com mais adolescentes gestantes e/ou com filhos cumprindo medidas socioeducativas. Ao todo, 51 meninas nessas condições estão custodiadas no Estado. Os dados são do levantamento anual do Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo (Sinase), divulgado nesta segunda-feira (4 de dezembro), seis anos após o último lançado pelo Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC). 

A pesquisa aponta que o país tem 241 meninas gestantes e/ou com filhos. Do total, Minas abriga 21% das adolescentes na condição em restrição de liberdade no país. Na sequência aparece o Ceará, com 48 custodiadas. O dado, no entanto, pode ser maior tendo em vista que estados como Santa Catarina, Roraima, Rio Grande do Norte, Paraíba, Mato Grosso, Goiás, Bahia, Alagoas não indicaram nenhum/a adolescente nessa situação ou não apresentaram informação. Além disso, há ainda 55 meninos que são pais em restrição de liberdade. 

O documento divulgado pela Secretaria Nacional da Criança e do Adolescente (SNDCA/MDHC) ressalta ainda a decisão do Superior Tribunal Federal (STF), proferida no âmbito do Habeas Corpus coletivo, que determina a não aplicação de medida socioeducativa de privação de liberdade às adolescentes gestantes e mães de crianças com até 12 anos. 

Segundo o relatório, a coleta e publicação desses dados são importantes para a formulação de políticas públicas mais efetivas na gestão e atendimento socioeducativo em todo o Brasil.

País registra redução de 53% no número de adolescentes cumprindo pena em seis anos

O levantamento mostra que Minas tem 770 adolescentes cumprindo medidas socioeducativas, 6,7% do total de menores em restrição de liberdade. No país, 11.664 adolescentes estão inseridos no sistema socioeducativo nas modalidades de restrição e privação de liberdade, sendo 9.656 em cumprimento de medida socioeducativa de semiliberdade e internação, 222 em internação sanção e 1.786 em internação provisória. 

No último levantamento, de 2017, o país registrava um total de 24.803 adolescentes em atendimento nas medidas de semiliberdade e internação - redução de 53%, segundo aponta a Secretaria Nacional da Criança e do Adolescente. Entre as hipóteses levantadas para a redução está os impactos da pandemia de covid-19; a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) no âmbito do Habeas Corpus Coletivo 143.988/ES; o aumento de homicídios contra adolescentes e jovens; a redução das abordagens policiais e dos registros de roubo; entre outras.

Por outro lado, o Brasil possui atualmente 505 unidades de atendimento socioeducativo nas modalidades de privação e restrição de liberdade. O que representa um aumento em relação aos anos anteriores - em 2015 eram 484; em 2016 eram 477 e em 2017 eram 484. Dentre elas, 67 dessas unidades são para atendimento exclusivo de meninas, 420 unidades de atendimento para meninos e 18 cujo atendimento é misto.

Dados demográficos

Em relação ao número de adolescentes em atendimento socioeducativo de restrição de liberdade, 4,4% correspondem ao sexo feminino e 95,6% ao sexo masculino.

Cerca de 63,8% dos adolescentes no sistema socioeducativo brasileiro se declararam de cor parda/preta, o que corresponde a 7.540. Os que se consideram brancos são 2.633 (22,3%); amarelos 8 (0,1%), indígenas 53 (0,4%) e quilombola 1.

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terça-feira, 5 de dezembro de 2023

PROJETO DE MUDANÇA DA NOMENCLATURA DOS AGENTES DE APOIO SOCIOEDUCATIVOS AVANÇA NA ALESP

 

Os servidores socioeducativos obtiveram mais uma vitória na Alesp, onde o Projeto de lei nº 875 /2019, que trata da substituição da denominação dos Agentes de Apoio Socioeducativo para Agentes de Segurança Socioeducativos do Estado, foi aprovado pela Comissão de Finanças, Orçamento e Planejamento da Alesp.
O Projeto de Lei obteve parecer favorável do relator deputado Alex Madureira (PL), recebendo também o voto favorável de todos os membros da Comissão de Finanças, Orçamento e Planejamento. Agora o PL 875/2019, tão importante para a categoria, encerrou sua passagem pelas Comissões e irá para votação na Plenária da Alesp onde, sendo aprovado por maioria,  seguirá para sanção do governador Tarcísio de Freitas.
O SITSESP manterá a categoria informada sobre o andamento deste Projeto na Alesp.