Segundo o governador de SP, enxugamento da máquina virá também da venda de ativos e desmobilização de patrimônio imobiliário
Por Bianca Gomes — São Paulo
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, disse que já discute com a Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) uma reforma administrativa que pretende reduzir significativamente o número de cargos na máquina pública, acabar com programas de governo e também estruturas do estado.
— Não dá para um estado ter 120 cargos diferentes. Vamos equalizar isso. Vai cair de 120 para 18. Temos estruturas no estado de São Paulo que não precisam mais existir, e elas vão ser eliminadas. Nós temos programas que já não são mais efetivos, e eles vão sair de cena — declarou Tarcísio a empresários reunidos num evento promovido pelo grupo Esfera Brasil, em São Paulo.
De acordo com ele, a reforma administrativa vai ajudar a financiar a proposta de aumento salarial a profissionais da segurança pública — projeto controverso que já foi enviado à Alesp. O enxugamento da máquina virá também da venda de ativos e da desmobilização de patrimônio imobiliário.
— Para que o estado de São Paulo precisa ter 56 imóveis no centro de São Paulo? Para que precisa ser dono de 35 mil hectares de terra no estado? Esse patrimônio nós vamos nos desfazer — declarou ele.
No evento, que contou com a presença do presidente da Alesp, deputado André do Prado (PL), Tarcísio buscou minimizar rusgas com o Legislativo e pregar um cenário de harmonia entre os poderes.
O governador, no entanto, tem enfrentado dificuldades na Casa. Na semana passada, ele precisou da ajuda dos petistas, que são oposição, para aprovar o reajuste do salário mínimo, que passou para R$ 1.550. Agora, ele tem se dedicado a desatar nós na própria base para conseguir os votos necessários para aprovar o aumento salarial das forças de segurança, que deve ir a plenário ainda nesta semana.
O PL foi criticado por privilegiar os policiais militares em detrimento dos civis, excluir os agentes penais e esconder uma mudança na alíquota de contribuição dos aposentados. Houve recuou nesta última.
— Tem um conceito por trás disso. É fácil criticar — disse o governador, fazendo referência às insatisfações com o PL. — O que eu estou precisando hoje é de gente na rua motivada. Não posso perder efetivo. Daí os percentuais diferenciados nas posições de entrada. E algumas posições de passagem estão tendo menos (reajuste) para que a pessoa tenha o objetivo de chegar um posto acima acima. É uma lógica de retenção de profissionais em cima dos percentuais (de reajuste).
André do Prado, por sua vez, admitiu problemas e negou que a Casa seja submissa a Tarcísio.
— Vamos sair daqui e ter uma reunião com parlamentares da segurança pública para tentar arredondar ainda mais o texto que está na Assembleia — afirmou o deputado. — Não é que o governador manda um projeto para assembleia e a gente é carimbador dele. É tudo altamente discutido — garantiu.
O governador de São Paulo, que planeja tirar do papel 15 concessões e duas privatizações durante sua gestão, voltou a defender a privatização da Sabesp. Ele disse que é "mito" que a tarifa da água vá subir com a medida, mas admitiu que os estudos sobre a proposta ainda estão em andamento e vão ratificar ou não as premissas adotadas pela gestão estadual até aqui.
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