quarta-feira, 22 de março de 2023

Adolescentes agridem vigia e fogem de centro socioeducativo na Grande Curitiba; estado é gravíssimo

 


O segurança agredido foi jogado de uma altura de aproximadamente 5 metros. Ele foi levado em estado gravíssimo ao Hospital Cajuru


Moradores de São José dos Pinhais, na região metropolitana de Curitiba, se assustaram com grande movimentação da Polícia Militar após a fuga de adolescentes do Centro de Socioeducação (CENSE), na tarde desta quarta-feira (22). Três apreendidos conseguiram escapar. Um dos foragidos foi localizado.

(Foto: Colaboração)

Segundo a Polícia Militar, os três adolescentes estavam no campo de futebol, quando então pularam a grade, subiram a guarita – que estava com a porta aberta -, renderam o vigilante, o arremessaram de cima da guarita e se evadiram pela mata.

“Três adolescentes que realizavam medida sócio educativa reagiram contra um segurança, conseguiram se fugir do local. Um já foi localizado na mata. Dois ainda permanecem foragidos. As equipes da polícia militar estão tentando localizar os outros dois foragidos.”

Tenente Duarte à Banda B

O segurança agredido, de 52 anos, foi jogado de uma altura de aproximadamente 5 metros. Ele foi levado em estado gravíssimo ao Hospital Cajuru

Juíza interdita unidade socioeducativa feminina do RS para troca de servidores

 


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Devido ao grave quadro de violações dos direitos humanos, a 3ª Vara do Juizado da Infância e Juventude do Foro Central de Poro Alegre determinou, no último dia 13/3, o afastamento dos agentes socioeducadores do Centro de Atendimento Socioeducativo Feminino (Casef) do Rio Grande do Sul e a interdição do local.

Casef controlava rotina, roupas e até conversas das socioeducandasReprodução

Todos os agentes que ingressaram na instituição antes da Lei do Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo (Sinase), de 2012, deverão ser remanejados para outras unidades ou para a sede da administração da Fundação de Atendimento Socioeducativo (Fase) gaúcha. Eles serão substituídos por agentes que tenham ingressado na carreira após a lei.

A interdição do local tem prazo de dez dias, prorrogável por mais dez. Durante esse período, todo o quadro de pessoal do Casef deve ser readequado para estar de acordo com o critério baseado na Lei do Sinase.

A juíza Karla Aveline de Oliveira partiu da premissa de que, a partir da norma de 2012, todos os servidores públicos que ingressaram na carreira estudaram e assimilaram os princípios da legislação mais moderna, que incorporou princípios de igualdade de gênero e direitos de adolescentes privadas de liberdade.

Além das determinações, a magistrada ainda recomendou a adoção de diversas medidas na unidade, como atividades formativas para servidores e socioeducandas sobre diversidade sexual e relações étnico-raciais; palestras sobre comunicação não violenta; implantação de programas de terapia psicanalítica ou psicosssocial; revisão do regimento interno; e instalação de serviço de denúncia de violação de direitos.

Contexto
O Casef é a única unidade feminina para cumprimento de medida socioeducativa no Rio Grande do Sul. A Defensoria Pública estadual acionou a Justiça e apontou diversas violações de direitos recorrentes no local.

Conforme a Defensoria, as adolescentes do Casef são submetidas a um forte controle dos seus corpos e roupas, uma hipervigilância do comportamento e das conversas e uma rotina intensa de atividades de limpeza — o que não ocorre nas unidades masculinas.

Enquanto os garotos podem usar suas próprias roupas e conversar com os demais socioeducandos, as garotas são proibidas de usar roupas curtas ou justas e não podem conversar entre si, falar gírias, levantar ou sair do lugar onde estão sem permissão, correr, brincar, emprestar objetos pessoais, entrar no banheiro junto a alguma colega, se tocar ou mesmo demonstrar qualquer forma de afeto.

As socioeducandas também não têm acesso direto a água potável, precisam despertar entre 6h e 6h30 e passam por sucessivas revistas com desnudamento e agachamentos repetitivos.

A Defensoria tenta barrar tais condutas desde 2018. Já foram feitas diversas tratativas extrajudiciais com agentes e a direção do Casef, sem sucesso.

O tema também já foi objeto de pelo menos três ações judiciais. Decisões anteriores repreenderam algumas práticas abusivas, como trancamento nos dormitórios, proibição de ingresso de travesseiros e fiscalização de higienização da roupa íntima.

Decisão
Com base em relatórios e depoimentos, Karla constatou "evidente discriminação de gênero", "violência de gênero" e ainda indícios da prática de tortura psicológica contra as socioeducandas.

Para a juíza, a imposição de uma rotina de trabalhos domésticos "dificulta a concentração em trabalhos intelectuais em face do desgaste físico e psíquico".

Como apontou a magistrada, as internas do Casef vivem em ambiente inadequado, sem contato semanal com familiares, sem interlocução com a comunidade e sem atendimento técnico semanal. Desta forma, "veem-se mais fragilizadas e com menos condições psíquicas de enfrentar o evidente sofrimento que causa toda e qualquer privação de liberdade".

Clique aqui para ler a decisão
Processo 5037937-91.2023.8.21.0001


00:13/01:06


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 é repórter da revista Consultor Jurídico.

Revista Consultor Jurídico, 21 de março de 2023, 15h27