sábado, 15 de outubro de 2022

Dia dos professores: há motivo para comemorar? Educadores falam da realidade na sala de aula

 


Dificuldades relacionadas à pandemia e falta de estrutura são os desafios enfrentados pelos profissionais no dia a dia 

RESUMINDO A NOTÍCIA

  • Dia dos professores: há motivo para comemorar?
  • Professores falam sobre sua experiência em sala de aula
  • Valorização da carreira é urgente
  • Brasil corre risco de ter um apagão de professores
Escolas não oferecem estrutura adequada aos professores e alunos
Escolas não oferecem estrutura adequada aos professores e alunos
ROVENA ROSA/AGÊNCIA BRASIL

Há 30 anos na sala de aula, boa parte deles cuidando de crianças da educação infantil, Elizete de Carvalho ainda sente aquele friozinho na barriga no primeiro dia de aula e seu projeto de vida é continuar fazendo a diferença na vida dos seus alunos. 

Pedro Motta encarou neste ano de 2022, pela primeira vez, a missão de dar aula de história na rede pública de São Paulo. Num primeiro momento, a ideia era fazer uma verdadeira revolução na escola, hoje, o processo de aprender a conversar e a entender os alunos ganhou força.

Elizete: motivação
Elizete: motivação
ARQUIVO PESSOAL

O que une as histórias de Elizete e Pedro? Além do amor à profissão, eles seguem lecionando em escolas da rede pública, mesmo sem a estrutura necessária. Neste sábado, dia 15 de outubro, dia dos Professores, eles compartilham o amor pela profissão e também falam das dificuldades que têm enfrentado no dia a dia, principalmente após o isolamento imposto pela pandemia.

 "De todos os anos de magistério, com certeza, este foi o mais desafiador", diz Elizete. "As escolas de educação infantil da rede municipal de São Paulo trabalham com as salas multietárias, tínhamos crianças de 3 anos, ainda com fralda, e outras com mais de 5 anos, perto de ingressar no ensino fundamental." E o desafio de atender 35 alunos, cada um conforme a necessidade imposta pela idade.

Somado a isso, as crianças tiveram dois anos longe do ambiente escolar, o que acarretou problemas de socialização e adaptação às regras do ambiente escolar.

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Apesar dos perrengues, quando questionada sobre seus sonhos, ela responde de pronto: "Pretendo continuar contribuindo, realizando um trabalho bom, o dia que não tiver interesse em ir para a escola e me encontrar com eles, acabou", diz. "Eles me resgatam diariamente, a motivação vem em um abraço, no elogio, essa é a grande alegria de fazer aquilo que gostamos."

Pedro: diálogo
Pedro: diálogo
ARQUIVO PESSOAL

A motivação de Pedro veio de casa, filho de professores, aos 11 anos decidiu que daria aula de história. Neste ano, além do desafio de dar os primeiros passos na profissão, ele encarou o retorno dos estudantes à escola, após o período de ensino remoto.

"Cheguei com a expectativa de promover grandes mudanças, com milhões de projetos, mas hoje, praticamente depois de um ano, estou aprendendo a ouvir meus alunos", conta. 

Professor em uma escola estadual em Ermelino Matarazzo, na zona leste da capital, Pedro viu no dia a dia as dificuldades de seus alunos. "A realidade é muito cruel, eles não têm acesso a museus ou teatros, a escola deveria abrir mais espaço para essas atividades, não se fechar nela mesma", lembra. "Fizemos um trabalho sobre livros e a referência deles era apenas a Bíblia."

Além da falta de oportunidades, os estudantes encaram os problemas sociais, que acabam entrando na escola, como a violência e drogas. "As escolas precisam investir mais em estrutura, internet de qualidade, ferramentas e condições para que professores e alunos não percam o estímulo."

Anna Helena Altenfelder, presidente do Conselho de Administração do Cenpec, ONG que trabalha pela qualidade e equidade da educação pública no país,  reforça que no cenário atual, é preciso que haja valorização da carreira. "Não só um salário melhor e compatível com outras áreas, como as condições de trabalho, em alguns lugares, falta giz na sala de aula."

No dia dos professores, é fundamental que o olhar se volte ao professor, como destaca a presidente do Cenpec. "A profissão mais desafiada na pandemia foi a dos professores, o resultado é a saúde mental comprometida e é fundamental que políticas públicas sejam implantadas para apoiar e auxiliar os educadores."

Brasil arrisca ter um apagão de professores nos próximos anos. "Estudantes admiram os professores, mas não querem seguir a carreira diante da falta de valorização e condições de trabalho", conclui.

Audiências públicas discutirão adicionais para agentes socioeducativos da Fundação Casa

 

O ministro Hugo Carlos Scheuermann, do Tribunal Superior do Trabalho, designou para o dia 15/6 a realização de audiências públicas para discutir se os agentes de apoio socioeducativo da Fundação Centro de Atendimento Socioeducativo ao Adolescente (Fundação Casa/SP) têm direito aos adicionais de periculosidade, em razão da exposição permanente ao risco de sofrer violência física, e de insalubridade, em razão do local da prestação de serviços. A matéria é objeto de recursos afetados à Subseção I Especializada em Dissídios Individuais (SDI-1) dentro da sistemática dos recursos repetitivos.

O objetivo das audiências é ouvir interessados, entidades estatais e privadas envolvidas com a matéria e representantes da sociedade civil visando à obtenção de informações úteis à formação do convencimento dos ministros acerca da melhor solução da controvérsia sobre as questões jurídicas tratadas nos recursos. Os interessados em participar das audiências como ouvintes ou expositores devem fazer inscrição entre os dias 7 e 25/5.

Leia aqui a íntegra do edital de convocação sobre o adicional de periculosidade.

Leia aqui a íntegra do edital de convocação sobre o adicional de insalubridade.

(CF)

Processos: IRR-1086-51.2012.5.15.0031 e IRR-1001796-60.2014.5.02.0382