SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A prefeitura de São Paulo inaugurou, nesta quarta-feira (31), um centro de acolhida para a população de rua no Itaim Paulista, bairro na zona leste da cidade.
O local antes era uma unidade da Fundação Casa e passou por uma reforma de R$ 400 mil. Com isso, agora poderá receber até 100 pessoas em situação de rua, com um custo de manutenção de R$ 211 mil mensais.
Sem tranças, grades e arames, o edifício de 6.000 m² agora tem muros coloridos e já acomoda 58 pessoas. Com 11 quartos privativos e 11 banheiros privativos, o local também oferece aos moradores um playground, uma brinquedoteca, um espaço de jardinagem e uma quadra poliesportiva.
"Esse era um lugar que gerava temores e dúvidas na comunidade. Agora, é um lugar de reconstrução de famílias e vidas humanas", disse Carlos Bezerra Junior., secretário municipal de Assistência Social e Desenvolvimento Social.
Nesta primeira unidade no Itaim Paulista, o objetivo é atrair famílias com crianças. A expectativa é que, até o fim do ano, a prefeitura entregue outros cinco centros, com a criação de 600 novas vagas para pessoas que vivem em condição de vulnerabilidade.
As outras unidades que a gestão municipal prevê usar para abrigar moradores de rua ficam localizadas em Guaianases, Parque do Carmo (ambos na zona leste) e Taipas (zona norte).
Os prédios usados para este projeto foram construídos para abrigar a Fundação Casa, mas estavam desativados. O governo do estado de São Paulo cedeu as unidades à prefeitura.
O contrato de concessão é de um ano, com possibilidade de renovação. A secretária de Desenvolvimento Social do estado, Laura Machado, afirma que a pasta está aberta ao diálogo com a prefeitura para que as unidades fiquem sob a administração municipal o tempo que for necessário.
O projeto é uma das ações anunciadas pela gestão do prefeito Ricardo Nunes (MDB) para tentar melhorar a situação de pessoas em situação de rua na cidade.
Segundo levantamento divulgado pela própria prefeitura em janeiro, houve um aumento de 31% da população de rua na capital paulista em 2021, na comparação com o levantamento anterior, de 2019. Ao todo, a gestão calcula que são mais de 31 mil pessoas nessa situação no município.
Quando o projeto foi divulgado no início de agosto, o padre Júlio Lancelotti, da Pastoral do Povo de Rua, criticou o uso de edifícios da Fundação Casa como centros de acolhimento de pessoas em situação de rua.
"A arquitetura é específica para privação de liberdade. Ela é um quadrado todo para dentro, ela não tem aberturas para fora. Não se faz cadeia ficar bonita, não se faz cadeia virar casa, aquilo ali foi concebido para ser cadeia", disse ele ao jornal Folha de S.Paulo na ocasião.
O prefeito, que estava na inauguração do centro localizado no Itaim Paulista, disse que não quer responder pessoas que só fazem críticas. "Estou satisfeito com o que vejo aqui e acho que a gente tem que pensar em todas as situações do presente para o futuro, o que era não vai interferir em nada. É um espaço aconchegante e apropriado para acolher essas pessoas em situação de rua", afirmou Nunes