Bovespa cai de 2% e renova a pior pontuação do ano com preocupação sobre PEC dos Precatórios
Nesta quinta-feira, o Ibovespa teve queda de 2,09%, a 103.412 pontos. É a pontuação mais baixa desde 12 de novembro de 2020 (102.507 pontos).
Por g1
O principal índice de ações da bolsa de valores de São Paulo, a B3, fechou em forte queda nesta quinta-feira (4), com a incerteza em relação ao desfecho da PEC dos Precatórios - que dribla o teto de gastos e viabiliza o financiamento do Auxílio Brasil no ano eleitoral de 2022.
O Ibovespa recuou 2,09%, a 103.412 pontos. Trata-se da pior pontuação de 2021 e a mais baixa desde 12 de novembro de 2020 (102.507 pontos). Veja mais cotações.
Na quarta-feira, a bolsa fechou em alta de 0,06%, a 105.617 pontos. No acumulado do mês, a bolsa tem alta de 2,04%. No ano, a perda é de 11,26%.
O mercado também teve impactos de uma série de resultados corporativos, como Itaú Unibanco, Rede D'Or e Ultrapar entre as maiores quedas, enquanto Cielo subia.
As ações de bancos tombaram, com Itaú recuando mais de 5%, enquanto Bradesco perdia mais de 6% e Banco do Brasil, 2,5%. Petrobras tombava mais de 3%. Já as ações da Cielo tinham alta de mais de 2%.
Cenário
A aprovação apertada em primeiro turno do texto-base da PEC dos Precatórios ditou o rumo do mercado nesta quinta.
Apesar de não ser considerado o plano ideal e das fortes críticas que recebeu na ocasião do anúncio da proposta, o mercado se resignou de que é opção possível para a adoção do Auxílio Brasil, destaca a agência Reuters.
Na madrugada desta quinta-feira, a Câmara dos Deputados aprovou em votação apertada o texto-base da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) dos Precatórios. Os parlamentares ainda precisam votar os chamados destaques (sugestões pontuais de alteração no texto principal) e o segundo turno.
A PEC é a principal aposta do governo para viabilizar o programa social Auxílio Brasil — anunciado pelo governo para suceder o Bolsa Família. A proposta adia o pagamento de precatórios (dívidas do governo já reconhecidas pela Justiça), a fim de viabilizar a concessão de pelo menos R$ 400 mensais aos beneficiários do novo programa.
O governo, contudo, voltou a negociar com aliados depois de ameaças de que a proposta fosse barrada na segunda votação. O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), informou que a votação da proposta será retomada na próxima terça (9).
O risco de rejeição foi levantado porque, dos 312 votos favoráveis à PEC dos Precatórios, 25 vieram de partidos que fazem oposição ao governo Jair Bolsonaro. Dentre 21 votos de deputados do PDT, 15 votaram a favor da PEC. No PSB, foram 10 em 31.
Mais gastos
Se a PEC dos Precatórios não for aprovada e, consequentemente, o Auxílio Brasil não sair do papel, o plano B do governo pode ser prorrogar o Auxílio Emergencial.
Segundo o blog do Valdo Cruz, a possibilidade de prorrogação do Auxílio Emergencial preocupa a equipe econômica por causa do custo do programa.
O Auxílio Brasil demandaria um orçamento no próximo ano na casa de R$ 81 bilhões. Já o Auxílio Emergencial prorrogado pode superar R$ 100 bilhões. São despesas ficariam totalmente fora do teto dos gastos públicos, criando mais incerteza no mercado.
Cena externa
Na cena externa, o Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA), anunciou na quarta-feira que vai começar a reduzir neste mês seu programa de estímulo à economia por meio da compra de títulos, com planos de encerrar as compras mensais no próximo ano. Por outro lado, sinalizou que não tem pressa para elevar os juros.
Com juros estáveis nos EUA e em trajetória de alta no Brasil, a perspectiva de abertura adicional dos diferenciais de juros favorece uma valorização da moeda brasileira, à medida que estimula o fluxo de dólares de investidores estrangeiros para o Brasil.