segunda-feira, 4 de maio de 2020

São Paulo sorteia moradores para testar imunidade a Covid-19

Pesquisa com moradores de bairros mais afetados pela doença na capital paulista mede nível de imunização da população e pode subsidiar decisões sobre isolamento
As equipes coletarão amostras nas casas selecionadas utilizando Equipamentos de Proteção Individual Foto: Edilson Dantas / Agência O Globo
As equipes coletarão amostras nas casas selecionadas utilizando Equipamentos de Proteção Individual Foto: Edilson Dantas / Agência O Globo
SÃO PAULO — Cerca de 500 moradores de 720 residências sorteadas entre as regiões com mais casos e mortes por Covid-19 na capital paulista têm amostras de sangue coletadas para identificação de anticorpos contra a Covid-19 a partir desta segunda-feira. Com a amostra, especialistas poderão estimar o percentual de pessoas que já foram infectadas e podem estar imunes ao novo coronavírus nestas regiões e subsidiar decisões de autoridades sobre o isolamento social.  
— Nós adoraríamos que este estudo indicasse que pelo menos 40% das pessoas já estão imunes ao vírus. Neste caso, quanto mais, melhor, porque possibilitaria redução das medidas de isolamento. Mas, baseado em estudos parecidos, estimamos que ficará abaixo de 10%, o que significa que a doença ainda está em aceleração — explica Dr. Celso Granato, infectologista líder do projeto e diretor Clínico do Grupo Fleury.
As casas selecionadas e convidadas a participarem do estudo são das regiões do Morumbi, Bela Vista e Jardim Paulista - distritos que possuem o maior número de casos confirmados na cidade - e Pari, Belém e Água Rasa, que apresentam os maiores índices de letalidade.
O estudo é iniciativa de pesquisadores do grupo de medicina diagnóstica Fleury, do instituto de pesquisas e dados IBOPE Inteligência e da organização não-governamental Instituto Semeia.
Os domicílios escolhidos recebem entre esta segunda e quinta-feira um entrevistador e um enfermeiro que coletarão amostras de sangue e respostas a questionário da pesquisa. As residências sorteadas foram informadas do sorteio e convidadas a participar do estudo via carta.
Durante a visita da equipe, um dos moradores de cada residência, obrigatoriamente com mais de 18 anos, será sorteado para a coleta sanguínea. Trinta duplas de profissionais, equipados com vestimenta de proteção individual, visitarão até dez casas ao dias durante os próximos 4 dias.
Voluntários que aceitarem participar do estudo não serão remunerados, mas serão informados do resultado individual de seus testes. A expectativa é que a iniciativa tenha alta adesão dos moradores.
Embora possa refletir a imunidade da população paulista nas regiões mais afetadas pelo vírus, no entanto, a amostra ainda não é reflexo direto da situação de contágio na cidade como um todo.
— Começamos com um projeto piloto, mas ainda não poderemos extrapolar os resultados para toda a cidade até testarmos regiões maiores. Com um mapeamento maior, conseguiremos relaxar o isolamento com mais segurança e menos riscos — avalia Granato.
O teste diagnóstico através de método sorológico, segundo o médico, pode ser ofertado em larga escala e reproduzido em escala nacional. Mas os especialistas alertam que nem sempre a presença de anticorpos indica imunidade à doença.
—  A presença de anticorpos diz que uma pessoa foi exposta ao vírus e produziu uma resposta a isso. Mas isso não significa que ficou imune, pois a resposta pode não ser forte ou duradoura o suficiente, e tampouco que ela deixou de ser portadora do vírus – afirma Eurico Arruda, professor de virologia da Faculdade de Medicina da USP em entrevista ao GLOBO na última quinta-feira.
Granato alerta também que os exames que medem se um anticorpo de fato consegue neutralizar o vírus exigem medidas de segurança que tornam sua aplicação em massa inviável.
Embora 90% dos testes já realizados por sua equipe em outros pacientes tenha indicado a presença de anticorpos capazes de combater o vírus, os pesquisadores ainda não sabem por quanto tempo essa neutralização é eficaz.
Ainda assim, os resultados do estudo podem ajudar a entender como a doença se espalha em regiões com escassez de testes diagnósticos e poucos dados sobre o contágio entre a população. Para Beatriz Tess, professora do Departamento de Medicina Preventiva da USP e também pesquisadora no projeto, os dados podem fornecer projeções melhores do que as atuais, baseadas em dados de internações e óbitos por síndrome respiratória aguda grave:
—  Sem estudos epidemiológicos como esse, onde testamos uma amostra representativa da população, independente de sintomas da COVID-19, não é possível conhecer a dimensão e a progressão da pandemia e nem o grau do isolamento social necessário para controlar a disseminação. Este inquérito irá fornecer dados fundamentais para entendermos o tamanho do problema — explica.


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domingo, 3 de maio de 2020

Mulher é presa ao fazer festa com dinheiro do benefício


Jovem foi presa no Ceará por fazer festa durante quarentena. Ela alegou que teria utilizado dinheiro do auxílio emergencial para realizar o evento.

02/05/2020 10:30:01
 
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Auxílio emergencial: Mulher é presa ao fazer festa com dinheiro do benefício
Uma mulher de 20 anos foi presa em flagrante nesta terça-feira, 28, após realizar uma festa com vários convidados na casa dela, no bairro do Cruzeiro, no município de Camocim/CE a cerca de 350 km de Fortaleza.
Para bancar o evento, ela ainda teria usado o dinheiro do auxílio emergencial do governo federal concedido a pessoas de baixa renda e trabalhadores informais durante a pandemia do novo coronavírus.
Vizinhos acionaram a Polícia Militar por conta do som alto vindo do imóvel. Quando policiais do POG (Policiamento Ostensivo Geral) chegaram ao local, a mulher questionou por que a comemoração era proibida e se comprometeu a diminuir o som.

Auxílio emergencial

Entretanto, logo depois que a polícia foi embora, ela aumentou o volume e, segundo testemunhas, ficou gritando que estava gastando o dinheiro que ganhou do governo. Os vizinhos tornaram a ligar para a polícia, e ela foi presa.
Ao verem a mulher ser presa, os convidados fugiram. A polícia disse que todos os participantes da festa estavam ingerindo bebida alcoólica, inclusive a dona da comemoração. O número de convidados não foi informado.

Crime

Segundo a polícia, a investigada vai responder pelos crimes de perturbação de sossego e descumprimento do decreto do governo do estado que proíbe a realização de eventos, sejam eles privados ou públicos, para não causar aglomeração e evitar o contágio de COVID-19.
A mulher foi levada para a 3ª Companhia da Polícia Militar, em Camocim, e depois para a Delegacia Regional do município, onde foi lavrado um TCO (Termo Circunstanciado de Ocorrência). Ela vai responder pelos crimes em liberdade

Aprovado congelamento de salários do setor público; saúde e segurança ficam de fora


Da Redação | 03/05/2020, 00h08
A aprovação do congelamento de salários dos servidores públicos municipais, estaduais e federais e dos membros dos três Poderes até dezembro de 2021 foi um dos pontos mais discutidos entre os senadores, neste sábado (2), na votação do substitutivo aos Projetos de Lei Complementar (PLPs) 149/2019 e 39/2020. O texto estabelece a compensação a estados e municípios pela perda de arrecadação provocada pela pandemia de coronavírus.
A suspensão do reajuste de salários por 18 meses foi negociada com o governo pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre, relator da matéria, como contrapartida ao auxílio financeiro da União aos estados, ao Distrito Federal e aos municípios para mitigar os efeitos da covid-19. Davi atuou para garantir os recursos sem a necessidade de corte salarial em 25%, que era a proposta inicial do Executivo. Foram excluídos do congelamento os servidores da saúde, da segurança pública e das Forças Armadas.
A vedação ao crescimento da folha de pagamento da União, estados e municípios está entre as medidas adicionais do programa de enfrentamento à doença. Os entes federados ficam proibidos de reajustar salários, reestruturar a carreira, contratar pessoal (exceto para repor vagas abertas) e conceder progressões a funcionários públicos por um ano e meio.
A economia estimada é de cerca de R$ 130 bilhões, sendo R$ 69 bilhões para os estados e o Distrito Federal e R$ 61 bilhões para os municípios, até o final de 2021.

Exceções

Boa parte das emendas dos senadores aos projetos pedia a retirada da vedação aos reajustes salariais. Essa também foi a finalidade dos destaques apresentados pelos líderes partidários Eliziane Gama (Cidadania-MA), Randolfe Rodrigues (Rede-AP), Alvaro Dias (Podemos-PR) e Telmário Mota (Pros-RR). Os senadores queriam garantir, especialmente, a possibilidade de aumento para os servidores da saúde e da segurança pública.
— São servidores que têm dado, literalmente, a vida. Nós temos um percentual grande de profissionais da área da saúde que, infelizmente, estão sendo contaminados, trazendo perdas terríveis para a família, para o Brasil e para todos nós — ressaltou Eliziane.
— Imagine aquelas pessoas que estão saindo de casa, como o profissional da área de segurança, o agente de trânsito, o guarda municipal, o policial militar, o policial civil, o médico, o enfermeiro: toda essa gente está na linha de frente, colocando sua vida em risco para poder dar garantia de vida para os demais. Então, o mínimo que esta Casa pode fazer é essa honra ao mérito dessas pessoas — afirmou Telmário.
Os senadores Major Olimpio (PSL-SP) e Marcos do Val (Podemos-ES), entre outros, saíram em defesa do reajuste para os servidores das Forças Armadas.
— Nós devemos também incluir nessa necessidade fundamental, e não vai haver nenhum custo para a União. As Forças Armadas já não têm quinquênio, não têm triênio, não têm anuênio, não têm mais nada disso — pontuou Major Olimpio.
Em acordo sugerido por Eduardo Braga (MDB-AM), os senadores retiraram os destaques para acelerar a votação, e a exceção aos servidores dessas áreas essenciais, e também das Forças Armadas, foi incluída no relatório de Davi Alcolumbre.
— Eu queria agradecer a todos os senadores e senadoras que se manifestaram em relação a nós excetuarmos [esses servidores] deste projeto e protegermos aqueles que estão na ponta, salvando e preservando a vida e a segurança dos brasileiros — disse Davi.
O líder do governo, senador Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), elogiou o texto de consenso de Davi, que buscou conciliar interesses do Congresso e da equipe econômica do governo.  
— A construção desse entendimento foi muito importante. Foi muito importante a participação do ministro Paulo Guedes, que agora durante a sessão, nos apelos que foram feitos por diversos senadores em relação à excepcionalização dos servidores da área de segurança pública, da área da defesa e da área da saúde, permitiu que a gente avançasse nas negociações nesse sentido — declarou.  

Tempo de serviço

Apesar de considerar um avanço a exceção concedida aos servidores que fazem o atendimento direto às vítimas da covid-19, Randolfe Rodrigues manteve o destaque apresentado por ele para impedir que houvesse prejuízo aos trabalhadores na contagem do tempo de serviço.   
— O que nós queremos ressalvar? É em relação a todos os servidores, não somente de um grupo, que seja preservado o tempo de serviço público, seja preservado o direito à progressão. O mínimo que estamos querendo é pelo menos isso. Não é hora de sacrificar quem quer que seja — explicou.  
Em resposta a Randolfe, o substitutivo foi alterado para deixar claro que não haverá qualquer prejuízo para o tempo de efetivo exercício, aposentadoria e outros fins.
É proibido, entretanto, contar esse tempo como de período aquisitivo necessário para a concessão de anuênios, triênios, quinquênios, licenças-prêmio e demais mecanismos equivalentes que aumentem a despesa com pessoal em decorrência da aquisição de determinado tempo de serviço.
Os senadores Styvenson Valentim (Podemos-RN), Izalci Lucas (PSDB-DF), Arolde de Oliveira (PSD-RJ) e Eduardo Gomes (MDB-TO) também apresentaram emendas para assegurar a contagem de tempo para promoções, progressões e outros benefícios. Foi acatada a proposta para preservar as carreiras militares, entre os ocupantes de cargos estruturados em carreiras, como explicou o relator.
— É o caso dos militares federais e dos estados. A ascensão funcional não se dá por mero decurso de tempo, mas depende de abertura de vagas e disputa por merecimento. Não faria sentido estancar essa movimentação, pois deixaria cargos vagos e dificultaria o gerenciamento dos batalhões durante e logo após o estado de calamidade — justificou Davi.

Ex-territórios

Foram acatadas ainda as emendas apresentadas pelos senadores Chico Rodrigues (DEM-RR), Lucas Barreto (PSD-AP) e Randolfe Rodrigues para que a proibição de contratação não se aplique aos servidores dos ex-territórios federais que serão integrados a quadro em extinção da União.
Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

Fonte: Agência Senado